terça-feira, 25 de março de 2014

Com posse marcada para esta terça, novo imortal da AML é "Cuiabano" de corpo, alma e nome

Da Redação - Stéfanie Medeiros


Escritor Ivens Cuiabano Scaff. Foto: Stéfanie Medeiros
A tarde era típica da época de chuva de Mato Grosso: até as 16h, calor. Daí em diante, as nuvens resolvem voltar para Cuiabá e aliviar o calor com uma enxurrada passageira. O quintal era amplo e de tijolinhos. Havia plantas e árvores por todos os lados e o gesso da porta dupla de entrada era trabalhado como se fosse o nascer do sol. Um guarda-chuva vermelho decorado com flores brancas esquecido por uma paciente completava aquele ambiente, dando-lhe o aspecto de descuido, mas um descuido poético. O cenário abandonado já refletia o espírito daquele que estava por chegar: O consultório de Ivens Cuiabano Scaff era antigamente a casa de seus avós, e apesar de seu uso moderno para a prática da medicina, ainda guardava entre suas paredes toda a herança cultural que desabrochava no escritor e novo membro da Academia Mato-Grossense de Letras (AML).
E então, em um carro Fiat UNO vermelho, combinando com o guarda-chuva esquecido, chegou Ivens, sempre sorrindo, sempre solícito. Desceu do carro e foi abrindo as portas por onde passava, trazendo sua vivacidade de volta ao local antes adormecido. A casa mantinha todos os móveis, incluindo um piano, sofás com design antigo, piso com desenhos, quadros e, em um canto, os livros escritos pelo novo imortal. E ao entrar, percebi que, quando criança, já havia lido “Uma maneira simples de voar”, sem nunca ligar o nome do autor a pessoa. E então se percebe que Ivens, mais que apenas um nome, é um escritor enraizado na cultura cuiabana.

Sentado em seu escritório, Ivens mostra um pouco do médico e do escritor. Entre uma fala e outra, atende o telefone e cita nomes de diversos antibióticos, pergunta a temperatura do paciente e recomenda repouso. E em seguida, volta a falar na sua paixão pela literatura infato-juvenil, especialmente nos contos de Hans Christian Andersen. Tímido, fala com um sorriso no rosto que, se ele ainda tem um sonho nesta vida, além de escrever muito mais livros, é ganhar o prêmio homônimo de seu escritor favorito.

Ainda quando adolescente, Ivens mudou-se para o Rio de Janeiro, onde fez o científico, equivalente ao atual ensino médio, e depois a faculdade de medicina. Nesta época, como muitos jovens que são leitores ávidos, Ivens rabiscava no fundo de seus cadernos alguns versos, muitos deles de saudade de sua terra natal. Lendo o querido Hans e também os irmãos Grimm, os poetas Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, Manoel Bandeira, Manoel de Barros, Ivens transferia todas estas histórias, situações e belos versos para Cuiabá. Ele criava todo um imaginário com ambientação cuiabana, que mais tarde desabrocharam nos seus próprios livros.


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