"O desafio é usar essa ferramenta para levar o aluno à inovação", afirma Ronaldo Mota
Fonte: Estado de Minas (MG)
Alguns adultos gostam mais e outros menos de computador. Computador, por sua vez, parece adorar as crianças. Transformar essa ferramenta natural em meio para estimular a capacidade de inovação é talvez o desafio educacional mais importante dos nossos tempos. Mattew Lipman costumava afirmar: “Há algo em comum entre as crianças e os filósofos: a capacidade de se maravilhar com o mundo”.
O Professor Lipman, falecido em 2010, foi um pioneiro em novas abordagens de Educação para crianças. Em 1972, deixou a Universidade de Columbia para desenvolver suas ideias, tornando-se um líder mundial no Ensino de filosofia para crianças. Uma questão contemporânea similar diz respeito a como incluir o tema atual “inovação” como parte integrante do Ensino fundamental e acerca da pertinência e possibilidade de explorar nesse nível uma metodologia compatível conhecida como “aprendizagem independente”. Isso decorre da nova exigência educacional quanto à preparação de futuros profissionais e cidadãos em geral para um mundo no qual a inovação é central.
Para tanto, é crucial o papel que as novas tecnologias, em especial as tecnologias digitais, incluindo a internet, podem desempenhar sobre as experiências educacionais de Alunos e Professores ao longo de suas vivências Escolares. Os adultos, muitas vezes, olham para o computador como um instrumento exógeno a ser eventualmente utilizado. Crianças mal percebem o meio e, se algo as maravilha, é o que elas produzem a partir dele, sem gastar um só segundo pensando na ferramenta, a qual lhe é natural, espontânea e intrínseca. Isso faz uma diferença enorme, dado que pulamos etapas e vamos direto ao jogo, à aprendizagem em si.
A principal característica da abordagem de aprendizagem independente é explorar a autonomia do educando, sendo elemento-chave adotar como centro do processo de aprendizagem o Aluno, tendo como referência principal o estímulo a aprender a aprender. Embora, a definição geral inclua a autoaprendizagem stricto sensu, de fato, na maioria dos casos, na Escola regular, a integração com o currículo e o Professor são os protagonistas nessa metodologia. Da mesma forma, ainda que em geral se associe o potencial uso dessa abordagem com adultos, certamente é quando bem jovem que o hábito do aprender a aprender melhor se desenvolve, com mais naturalidade e pertinência.
A complexa competência digital e a vocação para inovação se agregarão em nível de importância ao domínio do conhecimento tradicional e às competências e habilidades típicas ministradas nas Escolas atuais. Assim, a observação inicial de Mattew Lipman permite ser ampliada para: “Em comum entre as crianças, os filósofos e os inovadores há a capacidade de se maravilhar com o mundo e querer transformá-lo”. Olhar com olhos de gosto pelos desafios, e não de acomodação, pode fazer com que a nova geração vislumbre novos problemas e soluções inovadoras, criando e inventando caminhos inéditos. Assim seja.