domingo, 14 de dezembro de 2014

Rede de escolas troca saber por produtos e serviços





Um grupo de amigos de Nova York começou, há quatro anos, a experimentar um formato de aulas em que qualquer um pode ensinar algo que saiba bem e ser recompensado por isso, mas não com dinheiro. Foi assim que nasceu aTrade School, que se transformou em uma rede de escolas alternativas e auto-organizadas que funciona por meio de permutas. Os professores propõem aulas e pedem em troca aos estudantes alguns itens ou serviços. Pode ser desde matérias primas para o seu trabalho até dicas de músicas ou ajuda para encontrar um apartamento, por exemplo.
A ideia é reunir pessoas que valorizam o conhecimento vindo do ato de “colocar a mão na massa” e a natureza social dessa troca proposta pelo projeto. Com isso, a Trade School busca democratizar o acesso à informação, mas não de forma gratuita, por acreditar no poder do valor não-monetário e no fato de que todos têm algo a oferecer.
Rede de escolas troca saber por produtos e serviçosFotolia.com

O projeto começou a partir de um brainstorm feito entre amigos que já trabalhavam com permutas de outras maneiras, mas queriam expandir as possibilidades. Em determinado momento, alguém destacou que oferecer instrução em troca de produtos e serviços tinha um grande potencial. Com essa ideia em mente, o grupo abriu uma Trade School experimental em uma pequena loja em Manhattan. Durante pouco mais de um mês, cerca de 800 pessoas participaram de 76 aulas e muitos interessados não puderam ser atendidos, por falta de estrutura. Um ano depois, uma nova temporada de aulas foi iniciada, em um local maior e com a ajuda de 20 voluntários, e a notícia se espalhou.
De 2010 até hoje, com dezenas de Trade Schools espalhadas por 50 cidades ao redor do mundo e um histórico de mais de 16 mil alunos, o projeto ganhou novos contornos. Ao perceber que o formato estava agradando e que poderia ser replicado, um dos fundadores, Or Zubalsky, desenvolveu um software que coordena alunos e professores. “O software faz o trabalho de conectar as ‘coincidências de desejos’ que, de outra forma, transformariam a permuta em algo difícil de ser realizado”, explica Caroline Woolard, co-fundadora da Trade School, em entrevista ao Porvir. Há uma plataforma que é vista pelo aluno, e outra que é acessada pelos adminstradores locais de cada Trade School.
“A Trade School demonstra que o valor é subjetivo e que as pessoas estão interessadas em apoiar umas às outras”
De acordo com Caroline, quem abre uma Trade School em sua cidade recebe o software e o suporte da equipe central, mas, para isso, precisa atender a alguns critérios. “Cada filial deve se organizar horizontalmente, como um coletivo voluntário ou como um negócio ou organização sem fins lucrativos, com uma estrutura de propriedade cooperativa. Nós não trabalhamos com empresas com fins lucrativos ou que não compartilham poder e recursos.”
Os interessados devem acessar o site, ler os materiais que explicam o que é e por que o projeto existe e preencher um formulário online, informando a localização e os motivos para abrir uma Trade School nessa região. Um organizador entra em contato e, depois de algumas conversas, se for aprovado, todo material é disponibilizado, inclusive o site em que as aulas serão propostas, agendadas e divulgadas. Segundo Caroline, alguns brasileiros chegaram a entrar em contato e as conversas avançaram, mas, atualmente, não há uma Trade School em funcionamento no país.
Entre os exemplos de aulas que já foram realizadas estão como fazer uma horta urbana em troca de frascos e garrafas de vidro, em Guadalajara, no México; e técnicas de desenho em troca de bolos caseiros e livros de contos, em Vancouver, no Canadá.
São essas peculiaridades que fazem a engrenagem da Trade School funcionar e encorajam a cooperação e discussão sobre o valor. “A Trade School demonstra que o valor é subjetivo e que as pessoas estão interessadas em apoiar umas às outras. Onde mais você vai encontrar o conhecimento de um professor bem ao lado de sua lista de desejos? O que fazemos é uma pequena parte das práticas de economia solidária que reforçam os valores de mutualismo, cooperação, justiça social, democracia e sustentabilidade ecológica”, finaliza Caroline

http://porvir.org/porfazer/rede-de-escolas-troca-saber-por-produtos-servicos/20141212

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