quinta-feira, 11 de junho de 2015

Especialista australiano diz que definição de currículo nacional deve inspirar educação brasileira

Especialista australiano diz que definição de currículo nacional deve inspirar educação brasileira 

“Um currículo nacional deve servir de inspiração para a aprendizagem em qualquer país”. É assim que o ex-presidente do Conselho de Administração da Autoridade Australiana de Currículo, Avaliação e Relatório (ACARA), Dave McGaw, avalia a importância do currículo como caminho para um ensino público de qualidade. “As expectativas precisam de níveis. O Brasil tem muitos municípios, além de uma desigualdade grande, então é claro que algumas escolas terão mais dificuldades do que as outras”, disse o executivo. Ele e o CEO da ACARA, Robert Randall, participaram de reunião sobre reforma curricular nesta quarta-feira (10) na Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE-PR) com o ministro Mangabeira Unger e com secretários de educação de estados e municípios.
Os convidados apresentaram o processo do currículo nacional feito pela ACARA, a agência federal da Austrália resonsável por definir, implementar e revisar o currículo nacional. Como o país é uma organização federativa, assim como o Brasil, a responsabilidade das escolas e dos professores continua sendo dos estados e territórios, mas o conteúdo e as habilidades a serem desenvolvidas durante a vida escolar são definidos pelo governo.
De acordo com o ministro Mangabeira Unger, conhecer a experiência australiana “não significa copiá-la”, mas sim ampliar o debate sobre a educação básica com a busca de boas práticas internacionais. “Assim como o Brasil, a Austrália é um país grande e federativo, mas é menor em população e bem menos desigual. Temos semelhanças e diferenças que devem ser levadas em consideração”, pontuou o ministro.
“Nós aqui da SAE, trabalhando com o MEC, começamos a consultar essas experiências estrangeiras mais promissoras e, entre elas, está a australiana”, concluiu. A reformulação do currículo nacional escolar faz parte de um dos pilares da proposta de qualificação do ensino básico feita pra SAE-PR, o Pátria Educadora. Na proposta preliminar, o projeto brasileiro busca desenvolver o aprendizado focado em competências, ou seja, na forma como os alunos utilizam o conhecimento que adquiriram.

O currículo nacional australiano
Segundo McGaw, o debate sobre educação se apresenta muitas vezes dividido entre dar preferência a conteúdos ou ao desenvolvimento de habilidades. “Nós escolhemos os dois. Os conteúdos dão suporte às capacidades que nós queremos incentivar”, diz. No ensino primário, o ensino é voltado para o desenvolvimento de habilidades gerais, como linguística e raciocínio. No ensino secundário, são somados conteúdos e capacidades voltadas ao mercado de trabalho, como a comunicação e o trabalho em grupo.
O currículo australiano é responsável por definir o conteúdo e padrões de aprendizagem para cada ano do ensino primário e secundário, mas a forma de ensino é estabelecida pelo professor. “O currículo não é como devemos ensinar, mas sobre o que vocês querem que os alunos aprendam”, pontua McGaw. Randall explica que, dessa forma, há uma série de experimentos pedagógicos entorno de um mesmo conteúdo, “o que possibilita analisar as melhores práticas e exportá-las para outras escolas e melhorar a metodologia”. Mesmo com maior liberdade para o professorado, há no país um conselho nacional para treinamento dos docentes e organização dos métodos de ensino gerais.
O conteúdo do currículo nacional é disponibilizado aos alunos e professores somente pela internet, o que não significa que todas as etapas da aprendizagem na Austrália são virtuais. “Meus filhos levam dever de casa no papel, mas eles dispõem de vários recursos online para ajudar no ensino do conteúdo”, explica Randall. A conectividade é um problema resolvido nas escolas australianas. Ainda segundo o CEO da ACARA, transformar parte do ambiente educacional em online não é restringir o acesso, muito pelo contrário; ele acredita que a opçao foi responsável por pressionar os estados e territórios a resolver a conectividade nas escolas. “Estamos confiantes em dizer que, hoje, todas as escolas australianas têm acesso a internet”, completa.

Troca de experiências
Como parte da visita, os especialistas australianos Robert Randall e Barry McGaw foram recebidos pelo ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, na sede do MEC na última terça-feira (09). A reunião também contou com a presença do secretário de Educação Básica, Manuel Palácios Cunha Melo; do presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Francisco Soares; e de peritos na formulação de currículo. O encontro teve como objetivo a troca de experiência entre os dois países e uma análise sobre o processo de construção do currículo australiano, considerado um modelo internacional de sucesso na área de educação.
Acompanhados de uma comitiva da SAE e do Secretário Adjunto de Estado de Educação do Distrito Federal, Clóvis Lúcio da Fonseca Sabino, os executivos também visitaram o Centro Educacional nº 1 da cidade do Cruzeiro. A partir do ano que vem, a escola implementará um projeto de educação integral profissionalizante para os jovens do ensino médio,  iniciativa inovadora no Distrito Federal.  Na ocasião, eles conheceram o estabelecimento, que passou por uma reforma no ano passado, e conversaram com professores e gestores sobre os desafios do programa.

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