sexta-feira, 11 de maio de 2018

“O problema não é o método de alfabetização, é alfabetizar sem método” – Entrevista com Magda Soares

Resumo


Magda Becker Soares é uma das maiores autoridades no Brasil na área de alfabetização e letramento. Professora titular emérita aposentada da Faculdade de Educação (FAE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Magda tem diversos livros publicados, sendo referência obrigatória para docentes e pesquisadores que trabalham com o tema do ensino e aprendizagem da leitura e da escrita. Em uma conversa descontraída, Magda aborda as motivações para a produção do livro, seu processo de escrita e pesquisa, suas experiências como consultora da rede municipal de educação do município de Lagoa Santa (MG), em que atua na formação de professores, sua visão sobre temas polêmicos relacionados à alfabetização e à história da alfabetização no Brasil, além de compartilhar um pouco de sua história de vida. 

CADERNOS CENPEC – Magda, e sobre essas polêmicas todas no Brasil hoje em relação aos gestores, particularmente aos gestores que se encantam com soluções mágicas que chegam para eles – o que você diria sobre isso? O que se poderia dizer às pessoas que formulam políticas para alfabetização e acreditam firmemente que um método vai resolver todos os problemas da alfabetização? O que você diria para que não pensem que o que você escreveu é um método?
MAGDA SOARES – Eu já não sei o que a gente tem de fazer neste país, viu? Adotam-se projetos e métodos por critérios outros que não o critério da fundamentação teórica. Nas situações em que eu aceitei falar para gestores, não abordei teorias. Sempre achei que o caminho era falar sobre o projeto de Lagoa Santa. E, com base no projeto, mostrar o que é alfabetizar por meio da comprovação pelos resultados. Então mostro como é o processo de aprendizagem da língua escrita e como agir para chegar ao sucesso, como trabalhamos e o que trabalhamos em cada situação. Mas confesso que ando muito decepcionada com os gestores neste país. Prefeitos, secretários de educação, MEC, que propõem a cada mandato projetos que não consideram o passado, que não consideram fundamentos em que o proposto se baseie. Intervenções, uma depois de outra, sem que se veja real avanço na qualidade do ensino e da aprendizagem. Não sei qual seria a solução. Estou convicta de que o caminho, embora longo, seja atuar sobre a formação inicial dos futuros alfabetizadores. O que se tem proposto como formação continuada tenta continuar uma formação que não existiu antes... continuar o quê? Mas isso significa mudar o currículo dos cursos de Pedagogia, o que se tem tentado ao longo de anos sem sucesso, ou então, quem sabe, ser criado um curso específico para formação de alfabetizadores.   

Texto completo:

cadernos.cenpec

Quais os desafios dos professores para incorporar as novas tecnologias no ensino

Da infraestrutura à formação docente, educadores contam o que precisa melhorar para que os recursos tecnológicos sejam integrados de forma efetiva em sala de aula
 
A incorporação das novas tecnologias no ensino tornou-se um dos principais debates da educação na atualidade. Robótica, jogos eletrônicos, inteligência artificial e realidade aumentada são apenas algumas das novidades que têm movimentado o mercado educacional e sido inseridas nas escolas, especialmente na rede privada.
Na realidade da sala de aula, porém, ainda há muita discussão sobre como integrar as novidades ao dia a dia escolar. Por mais que a desconfiança docente com relação ao uso das novas tecnologias venha diminuindo, ainda há muitos desafios para incorporar essas ferramentas de forma efetiva, contribuindo para a aprendizagem dos alunos.
Para compreender quais são esses obstáculos, Educação ouviu professores da educação básica, que falaram sobre o panorama da área e compartilharam suas experiências com o uso dos recursos tecnológicos em sala de aula. Entre as principais dificuldades apontadas pelos educadores está a formação docente insuficiente para a área.
“As novas tecnologias ajudam no aprendizado a partir do momento em que o professor se apropria desse conhecimento”, avalia Diego Trujillo, professor de inglês e coordenador de tecnologia no Colégio Ítalo. “Mas vejo que a formação ainda é carente. Há um desejo do professor de aprender, mas ele não sabe para onde ou como ir.”
Os números demonstram que a formação é mesmo um dos grandes desafios no que diz respeito ao uso da tecnologia. De acordo com a pesquisa TIC Educação 2016, do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), 54% dos professores não cursaram na graduação disciplina específica sobre como usar computador e internet em atividades com os alunos. Além disso, 70% não realizaram formação continuada sobre o tema no ano anterior ao levantamento. Dos que realizaram, 20% afirmaram que a capacitação “contribuiu muito” para a atualização na área.
Nesse cenário, a busca por novas formas de explorar os recursos tecnológicos acaba por depender da iniciativa do próprio professor. Na visão de Trujillo — que complementou sua formação com cursos de capacitação —, a própria escola pode ajudar a reverter o quadro oferecendo apoio ao docente. “É necessário que a equipe pedagógica tenha um especialista em tecnologia educacional. Esse é um novo profissional de extrema importância”, afirma.
Veja mais em revistaeducacao

Declaração para um novo ano

20 para 21  Certamente tivemos que fazer muitas mudanças naquilo que planejamos em 2019. Iniciamos 2020 e uma pandemia nos assolou, fazendo-...