Pricilla Honorato
Incentivar o talento e auxiliar quem tem dificuldades em matemática. Esses eram os objetivos da professora de matemática Simone de Carvalho, da Escola Municipal Ivo Silveira, em Capinzal, interior de Santa Catarina, com o projeto “Monitores: aprender, reaprender e ensinar matemática”, realizado por ela em 2013. Os números podem ser um grande desafio para os adolescentes, mas as turmas do 6º ao 9º ano de Simone descobriram que é mais fácil aprender matemática quando há uma troca de conhecimentos entre os próprios alunos. “Eu percebi que, em grupo, os alunos interagiam melhor – alguns aprendiam mais fácil com a linguagem dos próprios colegas. Com isso, foi nascendo a ideia do projeto”, conta a professora.
Os esforços de Simone e a colaboração dos alunos renderam não só boas notas no final do ano como levaram o projeto a concorrer e a ser um dos vencedores do Prêmio Educador Nota 10 – 2013, concedido anualmente pela Fundação Victor Civita (saiba mais sobre o prêmio aqui).
Autonomia
Para Simone, que leciona desde 2010, todas as disciplinas precisam ser apresentadas aos alunos de modo instigante. Com isso em mente, ela decidiu que as aulas no ano de 2013 seriam diferentes.
Observando que em todas as turmas havia alunos com dificuldades e alunos que sempre estavam adiantados com as lições, ela planejou um projeto em formato de monitoria de modo a atender essa diversidade. Assim, a afinidade de alguns com a matemática seria estimulada e a dificuldade de outros, superada. Além disso, conseguiria fortalecer os laços interpessoais e garantir a integração dos estudantes.
Os alunos selecionados como monitores foram preparados em encontros semanais, nos períodos de contraturno. Nessas aulas, os estudantes foram familiarizados com o projeto e receberam reforço de seus conhecimentos. O momento também foi aproveitado para o desenvolvimento de atividades para as quais os alunos puderam trazer as próprias contribuições.
“Os estudantes traziam sugestões de problemas ou atividades – mesmo os mais jovens, do 6º ano, contribuíram. Eu deixava que eles participassem, porque esse era um dos ‘segredinhos’ do projeto: deixar que fossem mais autônomos”, explica.
Inclusão
Em uma das turmas de Simone estava Luciane Heller, uma aluna surda-muda com muita aptidão para matemática. “No caso dela, o projeto serviu mais para a integração dela com os demais. Ela se sobressai na disciplina e conseguia ajudar os colegas”, relembra a educadora.
Depois das atividades em grupos, aula de monitoria no contra turno e com ajuda de uma intérprete, Luciane começou a se relacionar melhor com a turma. Segundo Simone, mesmo com a deficiência auditiva, ela passou a ajudar os colegas. “Era um desafio para ela, para mim, para os monitores e para a turma. Foi um grande aprendizado para todos nós”.
“Quero ser professor!”
Além de sala própria para o projeto, reservada pela escola, a professora tinha o desafio de encontrar lugares diferentes onde os estudantes pudessem aplicar seus conhecimentos. Para isso, utilizou o pátio e o bosque próximo à instituição. Entre os materiais empregados nas atividades, a educadora utilizou sucata e material reciclável.
“Como eu estava acompanhando o dia a dia das atividades, pude observar a evolução de perto. No final do ano, muitos passaram nas provas sem quase nenhuma dificuldade”, comenta.
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http://www.todospelaeducacao.org.br/comunicacao-e-midia/noticias/29334/projeto-de-monitoria-faz-toda-a-turma-avancar-em-matematica/