segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Exemplo de superação

Escrito por Fábio Torres


Exemplos de superação na educação sempre merecem destaque. Cada caso ensina uma história e serve de amostra para ver que, com criatividade, perseverança e competência, nada é impossível para aqueles que trabalham em prol da educação. Esse é o caso de Carolina Tanaka Meneghel, de 29 anos, professora de Educação Física em Piracicaba (SP). Por causa de um problema genético, Carolina nasceu sem os dois braços, mas isso não a impediu de correr atrás de seu sonho.
A deficiência foi um problema para a jovem, mas nada que ela não pudesse enfrentar e superar. “Sofri com o preconceito, principalmente na fase da adolescência. Foi nesse período que percebi que era ‘diferente’ das outras pessoas. Algumas me olhavam com o ar de coitadinha, começavam a chorar de dó e pena de mim, mas tinham outras que davam risada e tiravam sarro. Foi um período bem difícil”, relata a educadora, que também destaca o apoio da família e dos amigos. “Nunca fiquei me lamentando ou chorando no quarto, sozinha. Sempre tive o apoio da minha família, de meus pais, de meu irmão e também de meus amigos. Sempre fui rodeada de amigos e isso me fortalecia, pois sabia que não estava sozinha”, afirma.
Atualmente, Carolina consegue fazer praticamente qualquer atividade, desde cuidar de sua casa até mesmo cozinhar. “Faço as tarefas do dia a dia que estão ao meu alcance, como arrumar as bolsas do trabalho e da academia, lavar louça, fazer alguma coisa pra eu comer; varrer e passar pano na casa eu até consigo, mas cansa muito o meu ombro”, relata Carolina, que também lembra que nem tudo é possível. “Estender roupa no varal, pegar alguma coisa que esteja no alto, abrir um pote de palmito ou lata de atum já fica mais complicado”, brinca.
Carreira docente
Superados os problemas da adolescência, Carolina se formou em Educação Física em 2007, mas sem oportunidades de seguir carreira na docência. A chance veio no começo deste ano, quando a Prefeitura de Piracicaba lançou um concurso público para a contratação de professores, entre eles o de Educação Física. Para a felicidade de Carolina, o resultado da prova foi positivo. “Como já fazia um ano que estava desempregada, quis tentar e passei. Quando vi que tinha sido aprovada, fiquei extremamente feliz, pois iria atuar na área que me formei”, conta.
Desde julho, a professora dá aulas para as crianças do ensino fundamental I da Escola Municipal Professora Judith Moretti Accorsi. “Quando cheguei à escola, as crianças ficaram curiosas e logo de cara começaram a me imitar colocando os braços dentro da camisa, mas entendo que elas são assim mesmo”. Com muito diálogo, a educadora conseguiu reverter o cenário e melhorar o ambiente das aulas. “Nos primeiros dias de aula, expliquei tudo sobre minha vida, o que tinha acontecido comigo, como eu fazia as atividades. Falei que eles tinham que ter bastante respeito e que não gostaria de ver ninguém imitando ou tirando sarro”, ressalta. “Expliquei também como iriam ser as aulas de Educação Física e que iria precisar muito da ajuda delas para pegar os materiais e colocá-los na quadra. Para minha alegria, elas entenderam e me ajudam muito”, comenta Carolina.
A professora pensa em continuar sua formação e, em seguida, elaborar um projeto que possa auxiliar outros educadores a trabalhar com atividades adaptadas. “Quero adquirir mais experiência na área e, com isso, realizar um projeto de atividades adaptadas, em que os alunos possam vivenciar [essa necessidade de adaptação] e, com isso, dar mais valor à vida”, explica a educadora, que acredita que seu exemplo de superação é a melhor lição que ela pode dar a qualquer criança. “Elas ficam admiradas em me ver fazendo as coisas com os pés. Eu falo para elas: não é porque eu não tenho os dois braços que não consigo fazer as coisas. Eu consigo, sim, e muito mais do que elas imaginam”, afirma. 

http://www.profissaomestre.com.br/index.php/reportagens/superprofessor/1104-exemplo-de-superacao

Distorção idade-série é três vezes maior entre os pobres do que entre os mais ricos


De acordo com os dados da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2014, divulgada nesta quarta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de distorção idade-série entre os 20% mais pobres da distribuição do rendimento mensal familiar per capita nacional chega a ser 3,3 vezes maior do que entre os 20% mais ricos. Isso faz com que mais da metade dos alunos mais carentes do país (54%) estejam atrasados em relação aos seus estudos. O índice, no entanto, caiu em relação ao SIS anterior, de 2004, onde a taxa de distorção entre os mais pobres era 4,3 vezes maior que entre os mais ricos. Os dados são referentes ao ano de 2013.
A distorção idade-série atingia quase metade dos estudantes de 13 a 16 anos (41,4%) em 2013, totalizando cerca de 3,7 milhões de estudantes – em 2004, o índice era de 47,1%. Em 2013, as regiões Norte (55,2%) e Nordeste (52,2%) tiveram as maiores taxas. A proporção dos estudantes com atraso no ensino fundamental era mais elevada entre os da rede de pública, homens, residentes em área rural e de cor preta ou parda.
Outro dado importante relacionado à distorção idade-série está nos índices de frequência escolar dentre os jovens de 15 a 17 anos – faixa etária considerada ideal para o ensino médio. Segundo o IBGE, a elevada frequência escolar bruta dos jovens de 15 a 17 anos (84,3%) não significa que eles estavam no nível adequado à faixa etária. As proporções dos que frequentavam o ensino médio subiu de 44,2% em 2004 para 55,2% em 2013, elevando a taxa de frequência escolar líquida. Com isso, caiu a proporção desses jovens no ensino fundamental, reduzindo de 34,7% em 2004 para 26,7% em 2013. Nessa mesma faixa etária, os brancos possuíam uma taxa de frequência escolar líquida de 49,3%, índice 14,4 pontos percentuais acima dos jovens pretos ou pardos. Já as mulheres tinham frequência escolar líquida de 50,3% – 9,9% maior do que a dos homens.
Mudanças nas universidades
Em relação ao ensino superior, houve redução da participação dos estudantes que fazem parte dos 20% mais ricos entre 2004 e 2013 nas duas redes de ensino. Em 2004, eles representavam 55% dos estudantes da rede pública e 68,9% da rede privada. Em 2013, esses valores caem para 38,8% e 43%, respectivamente. Com isso, os estudantes da parcela com maiores rendimentos deixaram de ser maioria nas duas redes do ensino superior, aumentando o acesso à educação de pessoas dos demais estratos de rendimento, inclusive dos mais pobres.
Em 2013, 55% dos estudantes de 18 a 24 anos de idade frequentavam o ensino superior, enquanto, em 2004, apenas 32,9% desses estudantes estavam no nível de ensino recomendado para a sua faixa etária. Essa adequação da idade em relação ao curso frequentado, no entanto, ainda é desigual dependendo da cor ou raça do estudante. Enquanto que 69,4% dos estudantes brancos de 18 a 24 anos frequentavam o ensino superior, apenas 40,7% dos pretos ou pardos cursavam o mesmo nível.
No último ano, 31% dos jovens de 18 a 24 anos de idade não haviam concluído o ensino médio e não estavam estudando, representando uma queda de 7,6 pontos percentuais nos últimos nove anos. A título de comparação, a taxa média de abandono escolar precoce entre os jovens dessa faixa etária nos 28 países membros da União Europeia em 2013 foi de 12%. Em 2013, o abandono escolar precoce atingia cerca de metade dos jovens de 18 a 24 anos de idade pertencentes ao quinto mais pobre (50,9%) enquanto no quinto mais rico essa proporção era de apenas 9,8%.
Na comparação com os países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil possui a menor proporção de pessoas com ensino superior na faixa de 25 a 34 anos. Entretanto, nos últimos nove anos, essa proporção praticamente dobrou, se comparada com a de 2004, passando de 8,1% para 15,2%, em 2013.
A escolaridade média da população de 25 anos ou mais aumentou de 2004 a 2013, passando de 6,4 para 7,7 anos de estudo completos. Apenas 41,8% das pessoas dessa faixa etária alcançaram 11 anos de estudo ou mais. O incremento de escolaridade foi mais intenso para a parcela de rendimento inferior, cujo aumento foi de 45,9%, enquanto o grupo de maior renda apresentou uma elevação de 9,2% na média de anos de estudo entre 2004 e 2013.
Mais informações sobre o SIS 2014 podem ser obtidas no site do IBGE.
http://www.profissaomestre.com.br/index.php/noticias-pr/1099-distorcao-idade-serie-e-tres-vezes-maior-entre-os-pobres-do-que-entre-os-mais-ricos

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