Prefeito Pivetta em reunião com professores |
Romilson Dourado
O Rio Grande do Sul, que foi berço da educação infantil no passado, contabiliza hoje cerca de 200 mil crianças sem pré-escola e, numa tentativa de acabar com esse déficit, anunciou que buscará experiências bem sucedidas em municípios de outras unidades da Federação. E um deles é Lucas do Rio Verde, no médio-norte mato-grossense. Uma comissão de deputados do RS visita o município no próximo mês para conhecer ao menos duas escolas que funcionam em período integral.
Curiosamente quem administra Lucas, inclusive pelo terceiro mandato não consecutivo, é um gaúcho de Caiçara, onde nasceu há 55 anos. Chama-se Otaviano Pivetta (PDT), que ajudou a desbravar o Médio-Norte, numa terra que se tornou uma das mais promissoras a partir de assentamento. Ele figura hoje na lista dos empresários mais bem sucedidos na esteira do agronegócio brasileiro e vai receber seus conterrâneos para debater educação.
No RS, até o Ministério Público e o Tribunal de Contas intercederam junto ao governo para garantir a oferta de vagas na educação infantil e tirar o Estado da ponta de baixo do ranking nacional. Estabeleceram meta de acabar com falta de vagas em creches e escolas infantis até 2016. Por ação do MP, foram criadas no ano passado naquele Estado, que tem 497 municípios, cerca de 30 mil vagas, mas o déficit ainda é de 200 mil. Atualmente, a educação de tempo integral, com exigência de carga horária igual ou superior a 7 horas diárias, só funciona em 29 escolas do RS.
A Assembleia Legislativa aprovou a resolução, apresentada pela deputada Juliana Brizola (PDT), criando uma Comissão Especial para tratar da implementação de escola de tempo integral em todo o Rio Grande. Presidida pela própria pedetista, a comissão realizou no mês passado a primeira audiência pública para debater o assunto. Em comunicado a Pivetta, a deputada gaúcha apresentou o plano de trabalho da comissão e solicitou uma data para a visita técnica a Lucas, a ser definida oficialmente nos próximos dias.
O modelo de educação infantil integral no município, com aproximadamente 65 mil habitantes e que investe 30% do orçamento próprio na educação, tem despertado atenção do país. As escolas são amplas e estruturadas com salas confortáveis e possuem até piscina. O quadro docente passa por qualificação. E os alunos têm acompanhamento sistemático de seus desempenhos escolares. Estado e União em quase nada contribuem em termos financeiros. Praticamente todas despesas ficam com o município. Cada aluno chega a custar R$ 3,6 mil.