segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Unemat concede título de doutor honoris causa a Maldonado

Nesta semana (04/02) o professor Carlos Alberto Reyes Maldonado completaria 57 anos. Falecido em 30 de janeiro de 2016, o professor foi homenageado pela Universidade do Estado de Mato Grosso com a concessão do segundo título de doutor honoris causa da Unemat.
A homenagem foi aprovada pelo Conselho Universitário, pela unanimidade dos conselheiros, na 1ª sessão ordinária de 2018 que aconteceu nos dias 30 e 31 de janeiro de 2018 no câmpus universitário do Médio Araguaia, em Luciara, que é um câmpus representativo da luta pela interiorização da educação superior da Unemat. A entrega do título in memoriam deve ocorrer na próxima sessão do Consuni, prevista para março.
Desde a morte do professor Maldonado, a Unemat vem reconhecendo os esforços e lutas empreendidos em prol da Unemat. Ainda em 2016, o Consuni aprovou a mudança do nome da universidade para Universidade do Estado de Mato Grosso “Carlos Alberto Reyes Maldonado”, a proposta tramita atualmente na Assembleia Legislativa de Mato Grosso.
Durante a sessão do Consuni, a reitora professora Ana Maria Di Renzo, ao indicar e defender a concessão da honraria in memoriam afirmou que a “Unemat deve estar consciente, sobretudo, de que, com esse gesto, a Instituição também assume os riscos e os desafios de adotar como inspiração permanente a figura inquietante e despojada deste homem, cuja a síntese utópica resultou na Unemat grande e forte que temos hoje”.
O professor Carlos Maldonado tem seu nome marcado na história da Unemat, pois era o diretor da Fundação Centro de Ensino Superior de Cáceres (FCESC) no período de 1989 a 1993, momento em que a Instituição amplia sua atuação para outros municípios de Mato Grosso além de Cáceres. Ele também foi o responsável por formular e implantar o projeto de criação da Universidade do Estado de Mato Grosso, sendo seu primeiro reitor.
Ele ingressou na Instituição em 1986 como professor contratado, em seguida assumiu a função de coordenador da Instituição e após a criação da Unemat assume a função de reitor nomeado, sendo eleito em seguida para ocupar a função de reitor para comandar a Instituição em 1994 e ficou no cargo até 1996 quando renunciou para assumir a função de secretário de Educação de Mato Grosso, função que exerceu entre os anos de 1996 e 1997.  Também foi secretário de Educação de Cuiabá entre os anos de 2000 a 2004, e exerceu a função de coordenador regional da Unesco em Mato Grosso e coordenador da Consulta da Carta da Terra no Brasil.
Além da Unemat, o Conselho Estadual de Educação de Mato Grosso instituiu em 2017 quatro honrarias educacionais, sendo que a mais alta destas honrarias, a Medalha de Honra ao Mérito Educacional, leva o nome de Carlos Alberto Reyes Maldonado.
Pautas:
Além da concessão do título doutor honoris causa ao professor Maldonado in memoriam e também da entrega solene do título de doutor honoris causa ao bispo emérito Dom Pedro Casaldáliga, em cerimônia realizada em São Félix do Araguaia, no dia 31 de janeiro, os conselheiros também deliberaram sobre a Política de Internacionalização da Universidade do Estado de Mato Grosso, que deverá se desdobrar em programas e ações específicas dentro da Instituição.
Outros dois temas debatidos trata dos resultados das comissões instituídas para discutir a assiduidade docente e os regimentos das faculdades. A deliberação do Consuni sobre esses temas foi de que fossem instituídas comissões específicas por meio da Reitoria para avaliar e estudar as propostas já existentes a fim de culminar com a redação de Instruções Normativas a serem implementadas e só então retornar ao conselho para a redação de resoluções e regimentos específicos. 

UNEMAT

Investimento em educação no Brasil é baixo e ineficiente

Diretor da OCDE diz que países com sucesso na área a elegeram como prioridade


Érica Fraga
SÃO PAULO

O diretor da OCDE durante evento, em 2016, em Paris
O diretor da OCDE durante evento, em 2016, em Paris - AFP
Os investimentos do Brasil em educação são baixos e pouco eficientes, afirma Andreas Schleicher, diretor do departamento educacional da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) e um dos idealizadores do Pisa, teste de aprendizagem internacional aplicado pela instituição.
O debate sobre a adequação dos gastos educacionais às necessidades brasileiras tem sido frequente e gera divergência entre especialistas.
Para ele, embora o investimento do Brasil em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) seja próximo à média da OCDE, é necessário considerar o gasto educacional por aluno, uma vez que há uma grande parcela de jovens.
“A primeira lição que aprendi pesquisando os países que aparecem no topo das comparações do Pisa é que seus líderes parecem ter convencido seus cidadãos a fazer escolhas que valorizam mais a educação do que outras coisas”, disse o especialista em entrevista à Folha por email.

Folha - É verdade que após cada edição do Pisa seu time analisa os resultados de cada país, sem seus respectivos nomes, tentando adivinhar quem é quem?
Andreas Schleicher - Sim, no último exame, conseguimos prever mais de 85% das diferenças entre escolas. Alguns países se reinventaram por meio de reformas sistemáticas e investimentos. Os alunos de 15 anos entre os 10% mais pobres do Vietnã têm ido tão bem no Pisa quanto os 10% mais ricos no Brasil. Pobreza não é destino.
O Brasil melhorou nos anos iniciais do Pisa em matemática, mas está estagnado desde 2006. Nosso desempenho em leitura e ciências também não é bom. O que nos impede de melhorar?
Ainda vejo o Brasil como uma das poucas histórias de sucesso na América Latina, e eu acho que o copo está mais para metade cheio do que para metade vazio. Entre 2003 e 2015, o Brasil adicionou 500 mil alunos, ao reduzir as barreiras que mantinham uma grande proporção de adolescentes fora das escolas. Conforme as populações excluídas ganham acesso a níveis mais avançados de escolaridade, uma proporção maior de alunos com baixo desempenho será incluída nas amostras do Pisa, levando a uma subestimação das melhoras reais do sistema educacional.
Mas há outros fatores também. Todos os países na Íbero-América são caracterizados por altos níveis de repetência. No Brasil, mais de um em cinco estudantes informaram ter repetido uma série na escola primária. As pesquisas têm mostrado que isso tem efeitos negativos sobre o desempenho acadêmico.
Até que ponto a inclusão desses novos alunos explica o desempenho recente do Brasil?
A amostra brasileira se tornou mais representativa, mas as notas mínimas recebidas pelos jovens que estão entre os 25% com melhor desempenho aumentaram cerca de dez pontos a cada período de três anos. Mesmo quando olhamos uma amostra maior de alunos, o desempenho em matemática melhorou ao longo dos anos e os resultados em leitura e ciências permaneceram estáveis. Mas muito mais precisa ser feito em termos de qualidade e equidade para ajudar a aumentar a nota média em que o Brasil parece estar firmemente ancorado.
Há divergências sobre o patamar de investimento em educação no Brasil. Alguns argumentam que ele é insuficiente, pois o gasto por aluno é baixo. Outros ressaltam que nosso gasto como fatia do PIB per capita ultrapassou a média da OCDE. Que indicador devemos considerar?
O gasto em educação no Brasil ainda é baixo. A primeira lição que aprendi pesquisando os países que aparecem no topo das comparações do Pisa é que seus líderes parecem ter convencido seus cidadãos a fazer escolhas que valorizam mais a educação do que outras coisas.
No Brasil e na maior parte do mundo ocidental, os governos começaram a pegar emprestado o dinheiro das próximas gerações para financiar seu consumo hoje, e a dívida que fizeram coloca um freio enorme no progresso econômico e social. O Brasil é um país em desenvolvimento grande com uma parcela crescente de jovens. Ainda que, como parcela do PIB per capita, o gasto brasileiro por estudante seja maior do que a média da OCDE, esse ainda não é o nível ideal.
Alguns países que gastam o mesmo ou menos do que o Brasil têm melhores resultados no Pisa. Isso mostra que nossos investimentos não têm sido eficientes?
Sim, mesmo quando o gasto médio parece adequado, isso não significa automaticamente que o dinheiro é empregado onde ele pode fazer maior diferença. A chave é priorizar o gasto de forma que ele possa aumentar a qualidade do magistério, casar recursos com necessidade.
Há algo que o Brasil possa copiar de países como Cingapura, Canadá e Finlândia, que consistentemente conseguem bons resultados?
As experiências não são facilmente transplantáveis. Os países ibero-americanos poderiam ganhar muito aprendendo com as mudanças que esses países têm feito. Os sistemas ibero-americanos precisam aumentar as expectativas dos alunos sobre seu bem-estar e suas perspectivas futuras. As escolas podem ajudar fornecendo aconselhamento acadêmico e profissional para todos os alunos. Sistemas como o de Cingapura têm desenvolvido esse tipo de política.
Em segundo lugar, os professores desempenham um papel muito importante. A relação extraordinariamente alta entre o número de alunos por professor em países ibero-americanos, como o Brasil, revela as condições de trabalho desafiadoras que muitos países enfrentam. Com classes cheias, o tempo que os professores podem dedicar a preparar lições e apoiar os alunos individualmente é severamente limitado. Nos sistemas educacionais bem sucedidos, as salas de aula podem ser relativamente grandes, mas o número de estudantes por professor é baixo, liberando tempo para a preparação de aulas e outras tarefas ligadas à escola. Esses sistemas, especialmente o da Finlândia, promovem políticas para aperfeiçoar a qualidade do magistério e a liderança escolar, focando na melhoria da qualidade da formação inicial dos professores, a progressão na carreira, a remuneração.
Finalmente, todos esses países que você mencionou atingiram o patamar crítico de gasto em educação, acima do qual apenas alocação eficiente e igualitária de recursos explica variações no desempenho acadêmico. Os países ibero-americanos como o Brasil ainda estão no nível mais baixo de gasto e precisam não só elevar seus investimentos como também aprender a gastá-los de forma mais eficiente.
O relatório aponta que “tem sido difícil conseguir apoio político entre os países latino-americanos para expandir” a avaliação de competências globais no Pisa [uma versão ampliada do exame]. O Brasil é um desses países?
Sim, entre os países da região apenas Chile, Colômbia, Costa Rica e Panamá estão participando. O entendimento é que o Brasil não fará essa parte do exame.

RAIO-X

Nome completo 
Andreas Schleicher
Idade
54
Nacionalidade
Alemã
Carreira
Diretor para educação e habilidades e assessor especial de política educacional da OCDE. Idealizador e principal responsável pelo Pisa, avaliação internacional feita com alunos de 15 anos

Formação

Graduação em Física, mestrado em Matemática e Estatística

País fica longe de gasto ‘mínimo’ com educação

Pesquisas têm mostrado que o aumento de investimentos em educação não leva necessariamente a um melhor desempenho dos estudantes. A OCDE confirma o diagnóstico, mas ressalta que ele é válido apenas a partir de um patamar mínimo de gasto por aluno do qual o Brasil permanece distantes.

O investimento médio por estudante brasileiro de 6 a 15 anos é de US$ 38 mil dólares em paridade do poder de compra (medida que considera diferenças no custo de vida entre os países). Segundo a OCDE, incrementos de gastos por aluno até US$ 80 mil dólares, em PPC, afetam os resultados dos jovens de 15 anos que fazem o Pisa a cada triênio.

Acima desse patamar, maiores investimentos deixam de ter relação direta com as notas, que passam a depender muito mais da eficiência dos gastos.

A conclusão consta de um documento que será apresentado por Andreas Schleicher, diretor da OCDE, na próxima terça (20), em São Paulo. No evento, organizado pela instituição e pelo Ministério da Educação, com apoio da Fundação Santillana e da Secretaria-geral Ibero-americana, será discutido o desempenho dos países desse grupo.

No caso do Brasil, além de baixa, a alocação de recursos para a educação é pouco eficiente, segundo a OCDE. Várias nações que têm gasto por aluno próximo ou até menor do que o brasileiro —como Turquia, Tailândia, Uruguai e Colômbia— alcançaram melhores resultados na prova de ciências do último Pisa.
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2018/02/investimento-em-educacao-no-brasil-e-baixo-e-ineficiente.shtml

Declaração para um novo ano

20 para 21  Certamente tivemos que fazer muitas mudanças naquilo que planejamos em 2019. Iniciamos 2020 e uma pandemia nos assolou, fazendo-...