Duas escolas indígenas serão construídas em Mato Grosso, no município de Paranaíta. Uma na aldeia Kururuzinho da comunidade indígena Kaiabi e outra na aldeia Mayrovi-Apiaka, do povo Apiaka. A construção foi acordada pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc) com a Hidrelétrica São Manuel como medida compensatória pelo impacto na região da construção da hidrelétrica no Rio Teles Pires, entre os municípios de Jacareacanga (PA) e Paranaíta (MT).
O custo de cada unidade está estimado em R$ 2 milhões. O projeto das obras será entregue em 30 dias pela Seduc, mas o início da construção só acontecerá em junho de 2016, por conta das condições climáticas. Entre as exigências das etnias está a qualidade do material que será utilizado considerando a especificidade da região, no meio da Floresta Amazônica, com clima quente e úmido. Cada unidade será composta por seis salas de aula, espaços administrativos e laboratórios de informática. O projeto será avaliado pela Funai, por se tratar de território indígena. Após a construção, a Seduc fornecerá o mobiliário.
De acordo com Cleide Regina Rocha Santos, coordenadora do meio socioeconômico da Usina Hidrelétrica São Manuel, devido à dificuldade de logística, serão contratadas duas empresas, uma para a o transporte dos materiais que será feito no período da chuva (o rio viabiliza o processo) e outra para a execução da obra na seca. Os prédios serão construídos em alvenaria.
“Como medida compensatória poderia ser realizada qualquer outra obra pública, mas entendendo a necessidade do povo indígena, a equipe da Seduc centralizou esforços no sentido de que fossem obras voltadas para a educação”, explicou o secretário de Educação Permínio Pinto. O acordo foi firmado na quinta-feira (10.09), nas dependências da Seduc.
Salas Anexas
A Secretaria de Estado de Educação também definiu investimentos para ampliação da sala anexa da Escola Estadual Indígena Mayrovi-Apiaka que funciona na Aldeia Pontal, do povo Kaiabi e a construção de duas novas salas, incluindo, ainda, a reforma do telhado da cozinha, com recursos da Seduc. Estas foram algumas das reivindicações pontuadas em reunião na sexta-feira (11.09), no gabinete do secretário Permínio Pinto, com representantes indígenas.
Segundo o cacique da Aldeia Pontal, Raimon Ponhem Dothe, atualmente os lugares não são apropriados, não tem ventilação, necessitando de medidas emergenciais para tornar o local adequado ainda que não seja de material (alvenaria). Na avaliação da Seduc o mais adequado são obras de alvenaria, com esquadrias de ferro e cobertura isotérmica, que além da durabilidade, são mais leves e fáceis de transportar.
Foram tratados também a instalação de um sistema de geração de energia elétrica via placa solar, aquisição de dois barcos de motor de popa para o transporte de equipamentos, estudantes e merenda escolar, bem como a contratação de um piloteiro de barco. E ainda, o acesso a formação continuada de professores, via Cefapro, jogos de carteiras para as salas de aula, incorporação de produtos locais na merenda, sendo adquiridos dos produtores locais e a construção de currículo próprio e diferenciado com material escolar específico aos indígenas.
A Seduc atenderá de imediato com 60 jogos de carteiras, posteriormente viabilizará os demais pedidos de acordo com as possibilidades. A disponibilidade da Internet via sistema solar e os barcos serão discutidos em uma reunião no dia 15 em Alta Floresta. “Foi uma reunião importante para nós. A gente vem para levar uma resposta para a comunidade. É, dessa maneira, temos que buscar soluções através de parcerias, sozinhos não conseguimos atingir nossos objetivos. E o que queremos é sempre melhorar as estruturas para nossos filhos, e para nós adultos também, eu sou um dos estudantes”, disse o cacique. Fernanda Silva, coordenadora pedagógica da EE Indígena Mayrovi-Apiaka, participou da reunião.
Permínio Pinto disse que estará vigilante e cobrando da equipe o que foi formalizado de fato. “Está acontecendo uma mudança grande na gestão de Mato Grosso. O governador Pedro Taques está cumprindo o que disse em campanha, que iria priorizar a educação no Estado, focando no pedagógico e melhorando a infraestrutura”, pontuou. Também acompanharam a reunião o assessor pedagógico Edson Amaro dos Santos, o diretor da escola indígena Oleonardo Karo Munduruku, o representante da Funai, Elizeu Edilson Vasconcelos, entre outros. Além de profissionais e técnicos da Seduc.