segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Mostratec Júnior: crianças e jovens discutem o futuro das cidades


Foram desmatadas quase 34 mil árvores apenas para a aplicação da Provinha Brasil
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Você acha que é só gente grande e poderosa que pode discutir o futuro do planeta? Pois a Mostratec Júnior prova justamente o contrário. Em sua quarta edição, o evento, que ocorre em paralelo à Mostratec – maior feira de ciência jovem da América Latina –, reúne diversos trabalhos científicos produzidos por estudantes do Ensino Fundamental (de 6 a 14 anos). E não é exagero dizer que, dentre os 113 projetos finalistas da Mostratec Júnior, grande parte trata de temas ligados ao futuro das cidades e do meio ambiente.
O coordenador da Mostratec, Leo Weber, discursa na abertura oficial do evento.
O coordenador da Mostratec, Leo Weber, discursa na abertura oficial do evento.
Sidney Scaravonatti
Localizada em Novo Hamburgo, a praça Ottomar Winck foi estudada por Adam, Luiz Felipe e João Gabriel, que estão no 6º ano da EMEF Ana Néri. Os alunos queriam debater a importância desses espaços públicos e entender quais equipamentos elas precisam fornecer para atrair os habitantes da região.
“Nossa cidade precisa de espaços de lazer, onde as crianças possam brincar, os adultos passear e os idosos descansar”, afirma Luiz Felipe. A pesquisa indica que vandalismo e falta de cuidado são os maiores desafios para a manutenção desses locais.
Já na zona rural de Novo Hamburgo, conhecer o bairro de Lomba Grande era o objetivo de Nayane, Élen e Eduarda, estudantes da 7ª série da EMEF Castro Alves. Elas produziram uma maquete da região e mapearam pontos como escolas, igrejas e casas de colegas. “Queremos que as pessoas conheçam o seu próprio bairro”, explicam.
As garotas pretendem buscar recursos para produzir um aplicativo no qual os moradores de Lomba Grande possam se conectar e, com isso, buscar melhorias para a comunidade. “Eu quero conhecer o mundo inteiro. Mas como, se eu não conheço nem o meu próprio bairro?”, questiona Élen.
A cidade de Esteio, localizada na região metropolitana de Porto Alegre, completa 60 anos no próximo dia 15 de dezembro. Entre a cidade que têm e a cidade que querem, Rafael, Julia, Gustavo e Melissa encontraram na mobilidade urbana do município um bom ponto de partida para delinear os próximos anos.
Detalhe do projeto "Mobilidade urbana rumo aos 60 anos de Esteio".
“Pensamos em um futuro com mais BRTs (Bus Rapid Transit) e ciclovias”, opina Rafael, ressaltando que, em 2002, a quantidade de automóveis em Esteio era de 25.436 – em 2012, esse número atingiu 40.219. “Praticamente dobrou. Por isso, também acreditamos que a criação de hidrovias pode melhorar a vida dos habitantes”, sugere Melissa. Os estudantes da CMEB Maria Lygia Andrade Haack defendem que o transporte público de Esteio seja “acessível, ecológico, democrático, rápido, barato e confortável”.
Meio ambiente: uma agenda urgente
“O nosso objetivo é sensibilizar as pessoas para cuidarem da água. Afinal,já estamos vendo ela acabar em várias cidades do Brasil” A frase, que poderia ter saído da boca de autoridades paulistas, é de Maria Eduarda, que com apenas 12 anos, desenvolve ao lado da colega Maysa o trabalho “Águas da minha cidade”.
Nele, as jovens estudaram os caminhos dos rios e as bacias hidrográficas da cidade de Campo Bom, vizinha à Novo Hamburgo (onde acontece a Mostratec). O sucesso foi tanto que as alunas daEMEF 25 de Julhoextrapolaram os muros da sala de aula e passaram a apresentar o projeto em outras escolas da região.
Em parceria com lideranças da comunidade onde a EMEF está inserida, as meninas promoveram a plantação de mudas nas margens do Rio dos Sinos. Além disso, criaram um jogo sobre o meio ambiente na plataforma livre Scratch e compartilharam com os amigos.
“As pessoas não estão se dando conta dos estragos que o ser humano está fazendo no meio ambiente”, analisa Maysa.
Desmatamento e agrotóxicos
Segundo os cálculos de Rafaela, que cursa o 3º ano na EMEF Dr. Rui Cirne Lima de Canoas (RS), em 2013, foram desmatadas quase 34 mil árvores apenas para a aplicação da Provinha Brasil. A avaliação, responsável por investigar as habilidades desenvolvidas em Português e Matemática por crianças matriculadas no 2º ano do ensino fundamental das escolas públicas brasileiras, ainda teve um custo de R$ 51 milhões.
Por isso, a sugestão de Rafaela é que a prova deixe de ser presencial e se torne virtual. “Assim não precisamos de papel e, por consequência, teremos menos desmatamento. Ainda por cima, o teste pode ser feito de uma maneira que inclua deficientes visuais e auditivos”, defende.
Já a utilização de pesticidas na agricultura foi tratada por três garotas do 8º ano do Colégio Luterano Arthur Konrarth de Estância Velha (RS). As pesquisas de Jéssica, Julia e Poliana, constataram 200 tipos de agrotóxicos que não só modificam os alimentos, como causam problemas no coração, cérebro, fígado e nos sistemas cardiovascular e respiratório.
“Sabemos como é difícil  combater o agrotóxico. Queremos promover uma consciência maior das pessoas quanto à sua presença”, afirma Julia, lembrando que 90% dos entrevistados na pesquisa não sabem quantos litros de agrotóxico ingerem por ano (a média no Brasil é de 4,5 litros per capita).

http://portal.aprendiz.uol.com.br/2014/10/30/mostratec-junior-criancas-e-jovens-discutem-o-futuro-das-cidades/

Livro propõe caminhos para a Educação Integral

Do Todos Pela Educação
A Cidade Escola Aprendiz, em parceria com a Editora Moderna, lançou o quinto volume da coleção “Tecnologias do Bairro-escola”, série que tem como objetivo aprofundar experiências de Educação Integral. A edição apresenta sugestões direcionadas às escolas e oferece a professores e gestores conceitos e metodologias que possibilitam aproximar a escola da comunidade de diversas formas.
É o caso do Futimania, um dos projetos apresentados na publicação para exemplificar uma das tecnologias: as Trilhas Educativas. O tema – no caso, o futebol – foi definido pelo grupo. Estudantes e educador trabalharam então sobre uma questão norteadora – o início da trilha: De que maneira esse esporte se manifesta no bairro? Dado o pontapé inicial, o passo seguinte foi planejar a pesquisa de campo e possíveis intervenções. Com essas definições, o educador cuidou para que tudo estivesse articulado com a proposta curricular vigente e determinou formas de sistematizar e avaliar a construção dos conhecimentos. A trilha chegou ao fim com a realização das avaliações previstas e do compartilhamento das aprendizagens. No caso do Futimania, o projeto resultou na distribuição de uma cartilha em todas as escolas do bairro, na criação de um blog e numa reivindicação de melhorias, encaminhada para a prefeitura.
Sempre baseada em exemplos, a coleção “Tecnologias do Bairro-escola” está organizada por eixos de atuação (articulação comunitária, currículo escolar, cultura e comunicação), e pode servir de referência para lideranças comunitárias, educadores, agentes da cultura, da comunicação e outros atores interessados nos processos de desenvolvimento local, sempre tendo a Educação como centro articulador das ações.
“O livro oferece instrumentos para escolas que estão procurando desenvolver projetos pedagógicos orientados por uma perspectiva integral da Educação. Quando a escola se lança a esse desafio, precisa repensar vários aspectos – o currículo, a gestão, a articulação com a comunidade”, afirma Helena Singer, diretora da Cidade Escola Aprendiz. “Esse caminho pode ser simplificado pelo acesso a algumas experiências exitosas na área e a instrumentos já desenvolvidos por essas iniciativas. É isso o que a escola encontra no livro.”
Além das Trilhas Educativas, a publicação apresenta outras três tecnologias. Uma delas é uma metodologia de avaliação da aprendizagem contínua. Outra foca na criação de espaços de diálogo dentro do ambiente escolar – o que inclui desde canais virtuais para a comunicação de toda a comunidade, envolvendo alunos, docentes e famílias, até mecanismos para tomada de decisões. Por fim, a última tecnologia pretende fazer dos estudantes agentes de comunicação entre a escola e a comunidade por meio de uma formação que aborde novas linguagens de expressão.
Meta do PNE
Educação Integral é o tema da meta 6 do Plano Nacional de Educação, lei sancionada em junho deste ano pela presidente Dilma Roussef. Diz o texto da meta que o Brasil deve, em dez anos, oferecer Educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas do país, atendendo, pelo menos, 25% dos alunos da Educação Básica. Atualmente, apenas 34,7% das escolas públicas têm matrículas em tempo integral, atendendo a somente 13,2% dos estudantes.
“A primeira estratégia da meta 6 do PNE [cada meta é acompanhada de estratégias propostas para o atingimento dos objetivos] define que será de, no mínimo, sete horas o tempo de permanência dos estudantes na escola ou sob sua responsabilidade. Isso incorre em dificuldades pedagógicas e estruturais. Do ponto de vista pedagógico, embora seja verdade que é preciso garantir que nossas crianças e adolescentes estejam mais horas por dia expostos a situações de ensino, não é consenso que o melhor lugar para isso seja a escola, já que se corre o risco de escolarizar as ricas experiências dos campos da cultura, do esporte, da ciência e da política”, explica Helena. “Do ponto de vista estrutural, hoje, grande parte das escolas brasileiras funciona em mais de um turno, o que significa que para que um quarto dos estudantes fique em tempo integral na escola será necessário construir e equipar milhares de escolas.”
Para Helena, oferecer aos estudantes sete horas por dia de processos coordenados pela escola em diferentes equipamentos, desenvolvendo atividades multidisciplinares, culturais ou esportivas, sob a responsabilidade da escola – e não necessariamente dentro do espaço escolar – é a alternativa mais inovadora. “A Educação Integral é uma nova perspectiva que possibilita romper com as políticas fragmentadas e isso é fundamental para conquistar a qualidade na Educação. É um caminho importante para a qualificação da Educação Pública porque incide sobre os vários aspectos envolvidos no processo educativo: o papel do lugar, do território, da comunidade no processo educativo, as parcerias possíveis entre os diversos setores, entre o público e o privado, o respeito à diversidade cultural brasileira e à diversidade de interesses, habilidades e estilos de aprender.”
Para baixar o quinto volume da publicação Tecnologias do Bairro-escola, clique aqui. 
Para saber mais sobre o PNE, conheça o Observatório do PNE, plataforma online com o objetivo de monitorar os indicadores referentes às 20 metas do plano. O site permite o acompanhamento dos indicadores e estratégias e oferece análises sobre as políticas públicas educacionais já existentes. Acompanhe.

Declaração para um novo ano

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