quinta-feira, 11 de setembro de 2014

'O aluno deve sentir que pertence a sua escola', diz gestora do Canadá

Jennifer Adams apresentou experiência de Ottawa em palestra em SP.
Segundo ela, investimento no bem estar do aluno aumentou notas do Pisa.



Ana Carolina MorenoDo G1, em São Paulo
Jennifer Adams, gestora escolar do Canadá
(Foto: Ana Carolina Moreno/G1)
A educadora Jennifer Adams, hoje diretora do maior distrito escolar de Ottawa, capital do Canadá, disse nesta terça-feira (9), em palestra em São Paulo, que, neste ano letivo, o objetivo dos professores sob seu comando é, além de ensinar o conteúdo do currículo, garantir que "todo aluno que passa pela porta do colégio sinta que pertence a sua escola". Jennifer é gestora de uma rede de escolas com cerca de 70 mil alunos e veio ao Brasil para contar sua experiência local na implantação de programas que desenvolvam as competências socioemocionais nos estudantes. Ela participou de um curso promovido pelo Instituto Ayrton Senna com gestores escolares e jornalistas brasileiros.
As competências socioemocionais são habilidades como saber trabalhar em equipe, conseguir manter a disciplina, controlar emoções, estar aberto à diversidade e ser criativo e inovador. Elas complementam outras competências necessárias aos estudantes, consideradas "cognitivas" pelos especialistas, como refletir, raciocionar, pensar abstratamente e resolver problemas. Mas, segundo estudos que ganharam força recentemente, o desenvolvimento das competências socioemocionais nas crianças fazem com que elas também tenham resultados melhores nas tarefas que exigem as competências cognitivas.
De acordo com Jennifer, desde 2009 a Província de Ontario, onde seu distrito está inserido, decidiu colocar entre suas missões promover o "bem estar" de todos os seus alunos. "Nós expandimos o papel da educação pública para promover o bem estar nos estudantes", explicou ela. "A qualidade da escola pública deve ser tal que todos os pais queiram seus filhos estudando lá."
Isso significa que os projetos pedagógicos dos distritos e das escolas não mais exigem que os alunos estejam bem apenas nos conteúdos de matemática, línguas ou biologia, ou seja,a parte cognitiva, mas também olhem para o bem estar físico e o bem estar psicoemocional de todos eles.
Jennifer conta que os resultados, desde então, se traduziram até no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), realizado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) para medir o aprendizado dos jovens de 15 anos em matemática, leitura e ciências. Atualmente, no quesito "excelência e equidade" –que representa a margem de pontuação entre os melhores e os piores alunos–, o Canadá é o terceiro melhor país no ranking, atrás da Coreia do Sul e da Finlândia.
"Nós tinhamos alcançado um 'platô' no Pisa [com resultados estagnados], e percebemos que só iríamos continuar melhorando se mudássemos algo", disse ela, ressaltando que "os alunos não vão para uma aula do ensino médio se o professor for apenas ler o que está escrito na lousa".
As aulas, então, passaram a ser preenchidas mais com tarefas, o professor passou a se ver menos como o entregador de conhecimento e mais como o mediador da interação, e os conhecimentos discutidos tinham menos ênfase apenas no conteúdo factual. "Por exemplo, para explicar o papel do Canadá na Segunda Guerra Mundial, o professor vai abordar menos fatos ou datas, coisas que qualquer um pode acessar facilmente, e vai falar mais sobre como os líderes canadenses mostraram resiliência no período", explicou.
Política intencional e explícita
A implantação de uma política que se preocupa com as competências socioemocionais dos alunos exige programas e tarefas desenhadas com esse objetivo, mas que também sejam bem explicadas, para que os estudantes entendam que é isso que se espera deles, explica a gestora canadense. A implantação das novas diretrizes, segundo ela, não foram definidas de cima para baixo, mas coletivamente.
Em conversa com os professores, a gestora diz que o distrito listou dez valores a serem ensinados aos alunos: integridade, empatia, senso de justiça, responsabilidade, valorização, respeito, aceitação, perservança, otimismo e cooperação. Depois, o distrito reuniu os alunos que já atuavam como líderes em suas turmas para entenderem onde em suas escolas eles enxergam esses valores. "Nós demos a eles câmeras de vídeos e pedimos que eles filmassem isso", disse ela.
[Saber ler e fazer contas] não é suficiente, é preciso que eles saibam conseguir um emprego, manter esse emprego e se tornarem ótimos nele"
Jennifer Adams,
especialista em educação
Por fim, um plano foi elaborado para definir a base da nova política. São cinco pilares: resiliência, consciência global, colaboração, inovação/criatividade e automotivação orientada a objetivos. Ele então foi apresentado a conselhos compostos por educadores, funcionários das escolas e líderes comunitários e, de acordo com Jennifer, "uma mudança no rumo das competências socioemocionais faz sentido para as pessoas".
Ela explica, por exemplo, que os empresários e líderes das comunidades não esperam mais que a escola forme alunos que saibam ler ou fazer contas. "Isso não é suficiente, é preciso que eles saibam conseguir um emprego, manter esse emprego e se tornarem ótimos nele."
Para garantir que todos entendessem a importância dessa mudança, Jennifer diz que o boletim escolar passou a trazer os conceitos de avaliação subjetivos dessas competências na frente das notas das disciplinas tradicionais. A avaliação, segundo ela, também é inovadora. "Decidimos que os alunos fariam uma auto-avaliação", disse, afirmando que elas acontecerão com os estudantes de 12, 15 e 17 anos, para permitir uma análise sobre o avanço dos alunos durante os anos e quais foram as ações da escola que garantiram esse desenvolvimento.
Foco especial nos alunos mais vulneráveis
Apesar de a maioria das crianças canadenses frequentarem a escola pública ou financiada pelo governo do país, Jennifer explica que a realidade em Ottawa é muito diversa, principalmente motiva pelo grande número de imigrantes que chegam ao Canadá. Segundo ela, cerca de 23% dos alunos da sua rede falam outro idioma que não os dois oficiais do país (inglês e francês), e 11% dos estudantes têm algum tipo de necessidade especial.
Por isso, as novas políticas também têm um foco especial em quatro grupos de maior vulnerabilidade: o dos alunos imigrantes, que ainda estão aprendendo o idioma local, os alunos com necessidades especiais, os alunos indígenas, e os alunos de famílias pobres.
Segundo Jennifer, as escolas que estão tendo mais dificuldade em garantir que esses grupos mantenham o mesmo nível de aprendizado recebem apoio de mentores que passam até três anos ajudando no treinamento de todos os professores dessas escolas, não apenas os que têm resultados piores. "Identificamos as escolas e os desafios que elas têm em atingir os níveis, e verificamos as estratégias de instruções de que essas crianças precisam para também serem bem sucedidas."

Avaliação da Educação Básica: Comissão vai promover melhorias no atendimento especializado

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) instituiu a Comissão Assessora em Educação Especial e Atendimento Especializado em Exames e Avaliações da Educação Básica. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira, 10, e tem por objetivo promover melhorias no atendimento especializado aos participantes com deficiência e outras necessidades especiais no âmbito dos exames e avaliações. A comissão tem a atribuição de apoiar, subsidiar e assessorar na implementação de ações da educação especial.
O objetivo do Inep é contribuir para a consolidação de uma cultura dos direitos humanos, além de reunir conhecimento sobre temas relacionados à educação especial. A decisão permite melhor assessoramento técnico e pedagógico no aprimoramento de processos e medidas para garantir autonomia, equidade e segurança nas avaliações aos participantes com deficiência.
A comissão está estabelecida pela Portaria nº 438, de 9 de setembro de 2014, e será formada por servidores representantes de cada coordenação geral da diretoria de avaliação da educação básica. O grupo será composto também por 17 integrantes externos, especialistas nos campos da educação especial, educação inclusiva, política educacional, atendimento especializado a pessoas com deficiência, transtornos globais ou específicos, síndromes, mobilidade reduzida e outras necessidades especiais.
A equipe colaborará com as ações do Inep nos campos da educação inclusiva, do atendimento especializado e do emprego e desenvolvimento de recursos e medidas de acessibilidade e de tecnologias assistivas.
Assessoria de Comunicação Social do Inep
http://portal.inep.gov.br/visualizar/-/asset_publisher/6AhJ/content/comissao-vai-promover-melhorias-no-atendimento-especializado?redirect=http%3a%2f%2fportal.inep.gov.br%2f

Projeto Setembro com Mais Educação será realizado no bairro Coophamil

Foto: Jorge Pinho

Secom Cuiabá
Promover e ampliar a integração entre escola e sociedade. Com esse objetivo a Secretaria Municipal de Educação promove nesta sexta-feira (12), das 8h às 12h, o projeto “Setembro com Mais Educação”.  O evento, realizado na associação dos Bombeiros Militares de Mato Grosso, no bairro Coophamil, será aberto para toda a comunidade.
O público presente poderá assistir a apresentações artísticas, esportivas, culturais e artesanais, realizadas pelos alunos dos Programas Mais Educação e Escola Aberta das unidades de ensino da regional Oeste.
Segundo a coordenadora de Programas e Projetos da Secretaria Municipal de Educação, Lucilene Lescano, o projeto Setembro com Mais Educação favorece a articulação entre escola e sociedade e proporciona um momento para que as crianças e adultos mostrem em público todo seu potencial e formação integral. 
“A realização do projeto proporciona aos alunos do ensino fundamental o desenvolvimento da criatividade, a interação, elevação da autoestima, diminuição da timidez, além de conhecer novos espaços e novas possibilidades”.
O programa Mais Educação foi implantado e implementado em 2008 e no mês de setembro completa seis anos. Em Cuiabá, pelo menos 80 escolas da rede municipal são beneficiadas com o programa.
“Nesses seis anos de atuação, o programa tem ampliado os tempos e os espaços de formação de nossas crianças, adolescentes e jovens na perspectiva de que o acesso à educação pública seja complementado pelos processos de permanência e aprendizagem”, observa Lucilene Lescano.
http://www.cuiaba.mt.gov.br/educacao/projeto-setembro-com-mais-educacao-sera-realizado-no-bairro-coophamil/9535

Professores da rede municipal recebem capacitação no Sigeduca

Foto: Jorge Pinho

Secom Cuiabá
Professores de 32 escolas da rede municipal já receberam capacitação no Sistema Integrado de Gestão Educacional (Sigeduca) entre os meses de maio e agosto. O software é um sistema implantado na rede de Educação de Cuiabá para gerenciamento escolar.
O curso de capacitação é realizado pela diretoria de Planejamento e Orçamento da Secretaria Municipal de Educação, por meio da Coordenadoria de Informação e Estatística.
Conforme explica a coordenadora de Informação e Estatística, Conye Maria da Silva, a capacitação do Sigeduca é importante para o professor porque o habilita para inserir os dados inerentes à gestão acadêmica dos alunos, como os conteúdos programáticos, frequências e avaliações. 
A capacitação está sendo realizada por grupos de escolas e executadas no Auditório Maestro China, na Secretaria Municipal; nas escolas municipais Aristotelino Alves Praeirro e Glaucia Maria Borges; e na Faculdades Evangélicas Integradas Cantares de Salomão (Feics).
Segundo Conye Maria Bruno, o Sigeduca é um sistema mais avançado que vai garantir melhores resultados no gerenciamento escolar.
O Sigeduca é de propriedade da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e sua cessão de uso foi concedida ao município por meio de um Termo de Cooperação Técnica, assinado entre as duas secretarias.
O Sigeduca possibilita total integração entre os diversos sistemas da administração pública municipal; realiza suporte ao sistema de forma otimizada; possui sistema para internet-web com disponibilidade de informação em tempo real.
http://www.cuiaba.mt.gov.br/educacao/professores-da-rede-municipal-recebem-capacitacao-no-sigeduca/9536

Professor Boaventura Santos realiza palestra na UFMT

Assessoria/Seduc-MT
A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) convida professores, alunos e a comunidade em geral para participar na sexta-feira (12), a partir das 10 horas, no Centro Cultural da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), do lançamento do livro do professor da Universidade de Coimbra, Boaventura de Sousa Santos. Na ocasião, o sociólogo e diretor do Projeto Alice receberá o título de Doutoramento Honoris Causa.
O público também poderá participar da conferência: A Universidade Pluriversa: a educação tem quem a eduque?. Em seguida do lançamento do livro: “O direito dos oprimidos”.
A atividade, uma parceria da Seduc, UFMT e projeto ALICE, prossegue no sábado (13) e domingo (14) com oficinas da Universidade Popular de Movimentos Sociais, sobre o tema “Interculturalidade: diversidade, espaços e saberes”, diferentes saberes (ecologia dos saberes) estarão em diálogo”.
O professor Boaventura de Sousa Santos é o diretor do projeto ALICE que visa repensar e renovar o conhecimento científico-social à luz das Epistemologias do Sul, propostas por ele, com o objetivo de desenvolver novos paradigmas teóricos e políticos de transformação social. 
Santos é professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Distinguished Legal Scholar da Faculdade de Direito da Universidade de Wisconsin-Madison, Global Legal Scholar da Universidade de Warwick e diretor do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra.
Para conhecer mais sobre o professor Boaventura clique aquihttp://alice.ces.uc.pt/en/index.php/about/boaventura-de-sousa-santos/?lang=pt
http://www.seduc.mt.gov.br/conteudo.php?sid=20&cid=14595&parent=20

Presidenciáveis: Propostas em debate

Planos de Governo dos presidenciáveis se destacam pela generalidade das propostas educacionais; especialistas analisam respostas dos candidatos à revista Educação


Ana Elisa Santana


O candidato à Presidência da República eleito em outubro próximo terá em seu mandato muitos desafios no campo da Educação. Com o Plano Nacional de Educação (PNE) recém-aprovado, são 20 as metas que precisam ser tiradas do papel, mesmo que parcialmente, e muitas delas ainda são objeto de impasses, com dúvidas quanto à participação dos estados e da União em sua viabilização.
Os planos de governo apresentados durante a candidatura revelam diversas semelhanças e se destacam pela generalidade das propostas apresentadas, bem como pela falta de detalhamento de como se darão as ações, especialmente no que se refere a pontos focais e polêmicos, como gestão e financiamento.
A revista Educação procurou os candidatos para falarem sobre três assuntos estratégicos para o setor educacional nos próximos quatro anos: a criação de uma base curricular nacional, projeto que vem sendo defendido publicamente tanto pelo governo de Dilma como pelo candidato Aécio Neves; a valorização da carreira docente, necessária para atrair e reter bons profissionais no setor; e o aumento do volume de recursos investidos pelo poder público na educação para possibilitar o cumprimento das metas estabelecidas no PNE. As respostas foram analisadas por especialistas em cada uma das áreas.

Até o fechamento desta edição, em 15 de agosto, o PSB não havia oficializado quem assumiria a candidatura da coligação após a inesperada morte do candidato Eduardo Campos. Educação decidiu, portanto, analisar apenas as respostas dos candidatos Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT). As respostas de Aécio foram fornecidas por uma das coordenadoras da área de Educação do programa de governo do candidato, a professora Maria Helena Guimarães de Castro, que foi presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) entre 1995 e 2002 e secretária estadual de Educação de São Paulo entre 2007 e 2009. As informações de Dilma foram fornecidas pela assessoria de imprensa da campanha à reeleição da candidata.
Veja, a seguir, as respostas dos presidenciáveis à Educação e suas respectivas análises.

Currículo nacional
Em eventos públicos, ambos têm declarado que pretendem fazer modificações no currículo da Educação Básica.  Qual a sua proposta para essa área?
Aécio neves
Seguindo práti­cas adotadas em to­do o mundo, o Brasil precisa definir uma Base Nacional Comum que garanta a todos os estudantes um conjunto de aprendizagens, conhecimentos e habilidades essenciais. Todos têm direito a conhecimentos adequados de linguagem e raciocínio matemático, que são o fundamento para os demais conhecimentos nas humanidades. Além de assegurar o direito de todos ao aprendizado, a Base Nacional deve ser referência obrigatória para a construção de currículos em cada unidade da federação conforme as orientações e preferências locais; a elaboração de livros didáticos e materiais de apoio; a orientação do processo de formação de professores; a organização da Matriz de Avaliação dos sistemas nacionais de avaliação e o currículo ensinado na escola.
O PNE 2014-2024 prevê a definição de uma Base Nacional Comum para os currículos de educação básica dos sistemas de ensino estaduais e municipais, que deverá ser construída com ampla participação dos estados, municípios, entidades representativas da educação publica e sociedade civil. Deverá também estabelecer com clareza e objetividade o que é essencial para que todos os alunos brasileiros aprendam em cada etapa da escolaridade obrigatória, preservando a autonomia pedagógica e metodológica dos sistemas de ensino público e das escolas particulares.

Antonio Cruz/Agência Brasil
Dilma Rousseff
Existe um debate institucional no Conselho Nacional de Educação, conforme foi instituído no Plano Nacional da Educação, votado pelo Congresso Nacional, que vai ser o balizador dessa reforma curricular. A reforma resultará de um processo que se inicia com esse debate institucional e depois será objeto de ampla consulta aos gestores municipais e estaduais, educadores e representantes da sociedade civil. O Programa de Governo de Dilma Rousseff vai reafirmar as determinações do PNE porque considera o Plano um grande avanço para o setor.

Análise
Para a especialista Paula Louzano, tanto a candidatura de Aécio Neves como a de Dilma Rousseff parecem se comprometer com o desenvolvimento de uma base nacional comum. “A candidatura de Aécio é mais explícita [sobre a reforma curricular], já que menciona que iniciativas anteriores ‘priorizaram diretrizes gerais, mas não avançaram na definição dos conhecimentos ou competências que os alunos deveriam aprender’ e de que a Base Nacional deve ser referência obrigatória para a construção de currículos. A candidatura de Dilma não chega neste nível de detalhamento”, ressalta. Apesar disso, ela entende que a visão de Aécio e Dilma são próximas, com possíveis diferenças com respeito a compreensão do que “seria de fato esse documento currículo nacional”.
Paula Louzano é professora da Faculdade de Educação da USP e especialista em currículo

Plano Nacional de Educação
Qual a sua proposta para aumentar o volume de recursos investidos na educação para possibilitar o cumprimento das metas estabelecidas no Plano Nacional de Educação (PNE)?
Aécio neves
A meta do PNE é ampliar o investimento público em educação dos atuais 6,4% do PIB, que não incluem os investimentos privados, para atingir pelo menos 7% do PIB até 2019 e 10% até 2024. O compromisso do nosso governo é cumprir a meta intermediá-
ria do PNE, tendo como prioridade a melhoria da qualidade e da equidade na educação brasileira, com mais inclusão social e redução das desigualdades. São nossas prioridades: apoiar os municípios na criação de 900 mil vagas na pré-escola que deverá ser universalizada até 2016; apoiar os estados na ampliação da oferta de vagas no ensino médio diurno e progressiva eliminação do ensino noturno para os jovens que não trabalham; ampliar a complementação da União ao Fundeb para garantir a melhoria da carreira e remuneração dos professores de educação básica; manter, expandir e aperfeiçoar o Fies e o Prouni; criar incentivos para a ampliação da oferta de cursos superiores nas áreas tecnológicas; e criar estímulos à ampliação de vagas em cursos diurnos de formação de professores com a criação de bolsas de manutenção aos alunos. Em nosso governo, o esforço será direcionado para o aumento da participação da União no financiamento da educação brasileira, especialmente da educação básica.
Dilma Rousseff
Serão destinados gradativamente recursos originários da exploração do petróleo: 75% dos royalties do petróleo e 50% dos excedentes em óleo do pré-sal.

Análise
Nenhum dos candidatos coloca a implementação do PNE como o eixo de sua gestão educacional, avalia o especialista Daniel Cara. O desafio do próximo presidente é colocar as 20 metas do Plano em prática e, de acordo com Cara, este processo deve estar refletido e ancorado no novo ciclo orçamentário. “Essa disposição não se apresenta em nenhuma das respostas (...). O financiamento do PNE não é o objetivo do plano, é um meio para o alcance de todos eles”, critica.
Para Cara, a proposta do partido tucano para a área foi feliz ao assumir que a União deverá ter maior participação no financiamento da educação básica com a ampliação da complementação do Fundeb. No entanto, em sua resposta à revista Educação, a candidatura se esquiva do debate sobre o ciclo orçamentário.
“Essa meta representa um desafio de sairmos de cerca de 5,5% do PIB para 7% do PIB em investimento público em educação pública”, diz, referindo-se à informação errada de 6,4% fornecida pela candidatura. “Este é o montante investido que inclui as parcerias público-privadas”, explica.
A candidatura de Dilma Rousseff, segundo Cara, erra ao tratar a Lei dos Royalties como única resposta para o alcance da meta de financiamento do PNE. “É insuficiente tanto para o alcance da meta intermediária (7% do PIB) e será insuficiente para o cumprimento da meta (10% do PIB). Não trata do ciclo orçamentário e não articula o financiamento com maior participação da União na educação básica”, critica. Uma falha grave dos candidatos é não apresentar boas propostas sobre o Custo Aluno-Qualidade Inicial (CAQi) e o Custo Aluno-Qualidade (CAQ), na opinião de Cara: “nenhum soube entender que estes são mecanismos que estruturarão o financiamento da Educação Básica, uma vez que obrigarão o alcance do PNE”, lamenta.
Daniel Cara é mestre em Ciência Política pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP) e coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação

Valorização da carreira docente
Como o (a) senhor (a) pretende reverter a baixa atratividade da carreira docente e, consequentemente, melhorar a qualidade do ensino-aprendizagem no país?
Aécio neves
Nosso compromisso será com a valorização e o reconhecimento do professor como principal protagonista do processo educacional. O primeiro desafio será melhorar a formação do magistério da Educação Básica. A União deverá coordenar a política nacional de formação de professores, tanto junto às instituições formadoras públicas e privadas, como junto às secretarias municipais e estaduais de Educação, responsáveis pela contratação de mais de 85% dos professores do país. Nossa prioridade deve ser professores bem formados em cursos superiores de graduação, competentes nas matérias que ensinam e nos métodos pedagógicos apropriados para os diferentes níveis.
Vamos incentivar experiências de formação de professores em tempo integral, implantar bolsas de manutenção para formação inicial, ampliando a oferta de cursos diurnos, e estimular o uso pedagógico de tecnologias nos cursos de formação inicial de professores. O segundo desafio é revolucionar a profissão do magistério, criando incentivos para a escolha da carreira. A União deverá participar de forma mais efetiva do financiamento da remuneração de professores da Educação Básica dos estados e municípios, por meio de maior complementação federal ao Fundeb, e deverá coordenar a definição de diretrizes nacionais para a carreira dos professores, com profissionalização da docência, por meio da ampliação da opção para jornada de 40 horas semanais, da garantia de remuneração inicial atrativa e equilíbrio entre remuneração inicial e final, evolução funcional e salarial baseada em avaliações e valorização da formação continuada.
Nosso compromisso será com o respeito à autonomia dos estados e municípios na definição das carreiras de seus profissionais de educação, de forma que sejam respeitadas as diretrizes nacionais, e com a equiparação do salário médio do professor brasileiro ao dos demais profissionais com formação superior, como prevê a meta 17 do Plano Nacional de Educação (PNE).
Dilma Rousseff
Nos últimos 12 anos um avanço fundamental para a carreira docente foi a aprovação da Lei do Piso Salarial para o Magistério. De 2009 a 2014, o piso, atualizado no mês de janeiro de cada ano, teve a correção de 78,63%. No mesmo período foi criado o Plano Nacional de Formação de Professores. Além do previsto no PNE, nas metas 15,16,17, 18, para a valorização docente, o grupo setorial de educação dentro do Programa de Governo defende a construção de diretrizes nacionais, num diálogo com entidades representativas dos docentes e gestores municipais e estaduais. Isso porque cada unidade federativa tem seu próprio quadro e a sua política de pessoal.


Análise
“As propostas dos dois candidatos representam uma carta de intenções, e não um conjunto de propostas de governo”, define Beatriz Rey, que também chama a atenção para a falta de clareza e detalhamento sobre como as ações serão executadas. Um ponto positivo nas propostas dos dois candidatos é a menção à construção de diretrizes nacionais para a carreira dos professores. “Mas acho problemático atrelar avaliações à evolução funcional e salarial”, afirma ao se referir ao plano de Aécio Neves de incluir, entre as diretrizes, a realização de avaliações para os professores. Ainda que enxergue de forma positiva a intenção da presidente Dilma de ouvir as entidades representativas dos docentes no processo de construção de diretrizes, Beatriz é cética quanto à concretização desse plano. “Basta lembrar que em 2014 o governo federal cancelou a Conferência Nacional de Educação (Conae), onde diversas entidades da sociedade civil se reuniriam para debater questões ligadas à educação pública, como o PNE, que à época tramitava no Congresso Nacional”, ressalta. A visão de educação também poderia ser explicitada pelos candidatos. “Aécio se limita a afirmar que o professor é o ‘principal protagonista do processo educacional’ e o texto curto com as propostas de Dilma também não dá espaço para o tema”, argumenta.
Beatriz Rey é doutoranda em Ciência Política na Maxwell School of Citizenship and Public Affairs da Universidade Syracuse, em Nova York, nos Estados Unidos.

http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/209/propostas-em-debateplanos-de-governo-dos-presidenciaveis-se-destacam-pela-326790-1.asp

Declaração para um novo ano

20 para 21  Certamente tivemos que fazer muitas mudanças naquilo que planejamos em 2019. Iniciamos 2020 e uma pandemia nos assolou, fazendo-...