sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Mato Grosso divulga os textos selecionados na etapa estadual da 4ª edição da Olimpíada de Língua Portuguesa

A Comissão Julgadora Estadual de Mato Grosso da 4ª Edição da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro definiu nesta semana (06.10) os quatro textos vencedores em cada categoria: artigo de opinião, crônica, memórias literárias e poemas. A comissão recebeu das comissões municipais o total de 410 textos para avaliar e selecionar os vencedores nesta etapa. Mato Grosso obteve 16 (dezesseis) semifinalistas, os quais representarão o Estado nas próximas etapas do concurso, regional e nacional.

Na etapa regional, os alunos semifinalistas e respectivos professores participarão de oficinas pedagógicas e visitas culturais. No mesmo momento que acontecem essas atividades nos Encontros Regionais, a Comissão Julgadora Regional selecionará os 152 (cento e cinqüenta e dois) textos finalistas. Serão realizados 4 (quatro) encontros – um para cada categoria, sob a coordenação técnica do Cenpec.

Nesta edição da Olimpíada, os encontros regionais acontecerão em Belo Horizonte-MG (poema) de 28 a 30 de outubro; Maceió-AL (memórias literárias) de 03 a 05 de novembro; Porto Alegre-RS (crônica) de 10 a 12 de novembro; e, em Brasília-DF (artigo de opinião) de 17 a 19 de novembro.

Os encontros da etapa regional têm por objetivo ampliar as habilidades de leitura e escrita e o universo cultural dos alunos, além de desenvolver, com os professores, ati¬vidades destinadas a contribuir para a melhoria da qualidade do trabalho docente.

Os professores de alunos semifinalistas entregarão à Coordenação da Olimpíada, durante os encontros regionais, o ‘Relato de Prática’ e participarão da seleção no segmento docente. Na oportunidade, serão selecionados 7 (sete) Relatos em cada categoria: poema, memórias literárias, crônicas e artigo de opinião. 
A premiação dos alunos semifinalistas da Etapa Estadual, professores vencedores na categoria Relato de Prática e dos alunos finalistas da Etapa Regional acontecerá nos Encontros Regionais. A premiação pode ser conferida no Regulamento disponível no Portal da Olimpíada: <https://www.escrevendoofuturo.org.br>.
Nos próximos dias, a Equipe Técnica do Cenpec entrará em contato com os professores semifinalistas para orientar e organizar a viagem dos alunos para os Encontros Regionais.

Outras informações, acompanhar a página da Olimpíada de Língua Portuguesa em Mato Grosso: <https://www.facebook.com/OlimpiadaDeLinguaPortuguesamt>, ou entrar em contato com a coordenação estadual da Olimpíada (Consed-MT), professora Neiva de Souza Boeno, pelo  telefone (65) 3613-6321 ou pelo e-mail neiva.boeno@seduc.mt.gov.br, ou na Central de Atendimento da Olimpíada, telefone 0800-771.9310 (ligação gratuita).










http://www.seduc.mt.gov.br/conteudo.php?sid=20&cid=14660&parent=20

A importância da visão empreendedora na educação

Leo Fraiman


Como a escola pode deixar antigos paradigmas de lado e adotar uma nova forma de educar, mais consonante com um mundo em constante transformação, e numa velocidade cada vez mais rápida? Nessa nova realidade, a educação deve ter uma visão empreendedora, que contemple valores, esteja aberta às novas tecnologias, integre família e escola, transcenda o "conteudismo", aprenda a se conectar com as crianças e jovens deste tempo e considere o sonho e a felicidade como metas a alcançar.
A educação empreendedora parte de duas grandes premissas. Uma considera o valor do todo e de todos. É a partir do envolvimento de todos os profissionais da instituição e do alinhamento de suas atitudes que esta poderá servir a sociedade de forma ética e sustentável. A outra premissa é a integridade, alcançada quando se mobiliza cada ação cotidiana em direção ao maior alinhamento possível entre o que pensamos e desejamos. Ao unir pensamentos, sentimentos e comportamentos, uma pessoa está mais integrada consigo mesma, com a sua verdade, e obtém maior poder pessoal.
Não cabe somente ao professor, em sala de aula educar. A polidez, a clareza na comunicação, o desejo de ajudar devem estar presentes em cada gesto, olhar e atitude de todos os profissionais da escola. Pois tudo que se fala sobre direitos humanos na sala de aula vai por água abaixo se na secretaria da escola as pessoas tratam os pais de maneira indecorosa. De nada adianta a professora falar sobre a importância do capricho nos trabalhos aos alunos, se na hora do lanche eles recebem sua comida colocada de qualquer jeito no prato.
Assim como o aprendizado de língua portuguesa não se restringe somente aos professores desta matéria e precisam ser reforçados pelos colegas nas suas aulas (falando adequadamente e com clareza), nas provas (com boa redação e facilidade de entendimento), nos murais espalhados pela escola (atrativos, claros e motivadores) e na forma como tratam os alunos (com assertividade e polidez nas palavras usadas e na maneira de falar), valores, crenças e atitudes são transmitidas pelo que se fala e faz no contexto escolar. É preciso unidade para uma instituição se tornar forte e seu sucesso se mostrar duradouro.
Esse nosso jeito de educar está baseada numa série de compromissos, que norteiam todas as nossas ações e atitudes. O primeiro deles é com o aluno. Cada educando bem formado é fonte de novos bens, valores e força motriz para a sociedade. Isso significa que todos nós educadores cuidamos dos recursos humanos que garantirão o desenvolvimento do nosso país no longo prazo, e educar, assim, se torna um ato ético e sustentável. E você, como educador, já pensou em como pode adotar esses novos pensamentos e adaptá-los ao cotidiano de seus alunos?

LEO FRAIMAN

Leo Fraiman é psicoterapeuta, escritor e palestrante. É autor da Metodologia OPEE, adotada atualmente por mais de 150 escolas em todo o Brasil, e também do livro "Como Ensinar Bem", pela Editora OPEE, além de outros títulos publicados nas áreas de Orientação Profissional, Familiar e de Educação. Site: leofraiman.com.br
http://educacao.uol.com.br/colunas/leo-fraiman/2014/10/09/a-importancia-da-visao-empreendedora-na-educacao.htm

Escolas municipais participam de campeonato de xadrez

Foto: Jorge Pinho

Secom Cuiabá

Ao menos 16 escolas municipais de Cuiabá participam nesta sexta-feira (10), a partir das 7h30, do campeonato de xadrez promovido pela Secretaria Municipal de Educação. O evento ocorrerá na escola Henrique da Silva Prado, no bairro Areão.
O campeonato é uma das atividades esportivas do 3º Jogos Escolares de 2014 e será dividido nas categorias A (alunos nascidos de 2000 a 2002) e B (nascidos de 2003 a 2005).
Vão participar alunos das escolas municipais Rafael Rueda, Ana Tereza Arcos Krause, Alzira Valladares, Antonia Tita, Maria Dimpina, Ranulpho Paes de Barros, Marechal Cândido Mariano Rondon, Lenine de Campos, Orlando Nigro, Santa Cecília, Rafael Rueda, Helio de Souza, Jescelino Reiners, Maria da Glória de Souza, Francisval de Brito e Ana Alves de Oliveira.

http://www.cuiaba.mt.gov.br/educacao/escolas-municipais-participam-de-campeonato-de-xadrez/9678

Projeto cria espaços de leitura nas creches

Foto: Jorge Pinho

Secom Cuiabá
A Secretaria de Educação de Cuiabá desenvolverá em 10 creches o projeto "Biblibaby", que visa criar espaços de leitura para as crianças das unidades. O projeto será realizado no mês de outubro em comemoração ao Dia da Criança (12) e ao Dia Nacional do Livro (29).
O projeto será coordenado pela equipe das bibliotecas Saber com Sabor, em parceria com a equipe de Educação Infantil. Conforme explica a coordenadora das bibliotecas Saber com Sabor, Edvair Alves, o projeto visa o desenvolvimento de saberes e habilidades necessárias à prática da educação em espaço sobre rodas (prateleiras) com um acervo diversificado contendo literatura infantil, gibis, revistas educativas, material para colorir, desenhos, entre outros.
“O objetivo é levar conhecimento, cultura, lazer e entretenimento a essas crianças. Sempre incentivo a leitura para promover o ensino-aprendizagem”, observa Edvair Alves.
O projeto conta também com oficinas de produção de livros infantis em tecido e feltro para os Técnicos em Desenvolvimento Infantil (TDIs), Técnicos em Multimeios Didáticos (TMDs) e Assessores da equipe de educação infantil. As oficinas serão realizadas nos dias 10, 17 e 18 de outubro, totalizando carga horária de 20 horas.
Nos dias 22, 23 e 24 serão realizadas as entregas das estantes, dos livros, gibis e revistas, bem como a montagem e inauguração das Biblibaby nas creches.
Os livros confeccionados farão parte do acervo das Biblibaby e servirão de ferramentas para serem utilizados de forma lúdica na contação de história, buscando despertar a imaginação e a criatividade das crianças. 
As creches municipais que vão participar do projeto são: Amália Curvo de Campos, CAIC Eldorado, Elzira Cavalcante, Jamil Boutros, João Batista Scalabrini, José Luiz de Borges Garcia, Padre Armando Cavallo, Santa Clara, Sebastião Tolomeu e Antônio Marcos Ruzzene.

http://www.cuiaba.mt.gov.br/educacao/projeto-cria-espacos-de-leitura-nas-creches/9679

Chamada de "burra" nos tempos de escola, jovem lança HQ sobre bullying

Vanessa Bencz foi diagnosticada com transtorno de déficit de atenção. 
'Quem pratica bullying também tem problema e precisa ser ouvido', diz.

Paulo GuilhermeDo G1, em São Paulo


Vanessa Bencz sofreu bullying por causa de TDAH e escreveu um livro em HQ para tratar o tema (Foto: Arquivo pessoal/Vanessa Bencz)

Durante boa parte da infância, a catarinense Vanessa Bencz se acostumou com as notas baixas na escola, a dificuldade em se concentrar durante a aula, e o estigma de que não conseguiria aprender nada. Se via perdida em meio às brincadeiras dos colegas de classe, isolada em um canto da sala, às vezes reprovada com olhares pelos professores. "Ninguém queria andar perto de mim. Diziam que a burrice era contagiosa", afirma.

Vanessa demorou para descobrir que sofria de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e a entender que era vítima de bullying. Hoje, jornalista formada, ela conta a sua trajetória em forma de ficção no livro de história em quadrinhos "A menina distraída".
A jovem de Joinville (SC) diz que descobriu que algo estava errado em sua vida aos dez anos, depois de tirar várias notas zero nas provas. Era comum parar de prestar a atenção na aula para olhar pela janela ou desligar-se da aula para desenhar no caderno.
"Sempre fui muito tímida e tirava só nota baixa. Ninguém queria andar comigo", afirma. "Eu só não repetia de ano porque estudava em colégio particular que me aprovava por causa das mensalidades."
Livro lembra episódio em que ela foi reprimida por professor por desenhar durante a aula (Foto: Arquivo pessoal/Vanessa Bencz)Livro lembra episódio em que ela foi reprimida por professor por desenhar durante a aula (Foto: Arquivo pessoal/Vanessa Bencz)
Já na adolescência, um professor de matemática a repreendeu diante de toda a classe depois de flagrá-la desenhando em vez de fazer os exercícios. "Ele disse que eu jamais seria uma desenhista, no máximo iria fazer cartaz de supermercado."
Os pais encaminharam Vanessa para uma psicóloga e aos poucos seu desempenho escolar começou a melhorar. A psicóloga diagnosticou o transtorno de déficit de atenção e passou a orientar Vanessa a como fazer seu cérebro funcionar "à sua maneira". "Ela me explicou que se eu anotasse o que o professor falava, dormisse 20 minutos à tarde e olhasse o que anotei em seguida, conseguiria entender melhor", explica. "Meu problema era ficar olhando para a janela."
A psicóloga recomendou muita leitura para Vanessa, como as séries "Harry Potter" e "Senhor dos anéis". Passou a escrever melhor, fazer ótimas redações, fez vestibular e entrou em jornalismo. Na faculdade, ganhou vários amigos.
No livro, menina distraída cria alter ego e se projeta na Mulher Raio (Foto: Arquivo pessoal/Vanessa Bencz)No livro, 'menina distraída' cria alter ego e se
projeta na Mulher Raio (Foto: Arquivo pessoal/
Vanessa Bencz)
Também no ensino superior foi se consultar com uma psiquiatra que a receitou o uso de ritalina. Na medicina, a droga de uso controlado é usada para reduzir impulsividade e hiperatividade de pessoas com TDAH. "Meu cérebro é como uma orquestra maluca, todo mundo tocando ao mesmo tempo", diz Vanessa.
O uso da ritalina por quem não precisa de tratamento é condenado pelos médicos.  Além de não aumentar o poder de concentração, o remédio pode trazer riscos para a saúde.
Identificação
A jovem teve a ideia de escrever um livro em formato de história em quadrinhos para discutir os problemas que quem tem dificuldades na escola sofre. "Fiz algumas palestras e conheci muitos alunos que se identificaram com a minha história", afirma Vanessa, que chamou o namorado, Fábio Ori, para ilustrar a obra. Ela vez uma campanha no site de crowfunding Catarse e arrecadou R$ 21 mil para a produção do livro.
Na história em quadrinhos, a personagem Leila não presta atenção no professor, não consegue fazer amizades e acaba excluída na escola. Então, ela cria um 'alter ego' e passa a interagir com ela. "Ela desenha a Mulher Raio, uma heroína capaz de resolver todos estes problemas."
A história mostra ainda que o menino que praticava o bullying é, no fundo, alguém que também tem muitos problemas e precisa de cuidado e atenção. "A escola e os pais precisam entender que não apenas quem sofre o bullying, mas também quem pratica, precisa ser ouvido. Em geral eles excluem todo mundo, tanto o agressor quanto o agredido".
O livro será distribuídos em escolas da rede pública e estará à venda por R$ 25.
Para Vanessa, escolas precisam ouvir melhor as vítimas e praticantes de bullying (Foto: Arquivo pessoal/Vanessa Bencz)Para Vanessa, escolas precisam ouvir melhor as vítimas e praticantes de bullying (Foto: Arquivo pessoal/Vanessa Bencz)
http://g1.globo.com/educacao/noticia/2014/10/chamada-de-burra-nos-tempos-de-escola-jovem-lanca-hq-sobre-bullying.html

Maria Isabel da Cunha (Unisinos): “Os estudantes merecem professores que encontram sentido no seu fazer”

Docente titular do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo (RS), Maria Isabel da Cunha é professora aposentada da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), onde foi pró-reitora de graduação e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Educação. Autora de livros, com grande experiência na área da educação – completará 50 anos de magistério em 2015 –, Maria Isabel desenvolve pesquisa sobre prática pedagógica e formação do educador. E tem um recado aos jovens professores: “Permaneçam na profissão se encontrarem sentido na mesma. Senão, devem procurar alternativas”. Segundo ela, “os estudantes merecem professores que encontram sentido no seu fazer”.
Com graduação em ciências sociais e em pedagogia pela Universidade Católica de Pelotas, tem mestrado em educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul e doutorado em educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Jornal do Professor – Em sua tese de doutorado, a senhora abordou o tema A Prática Pedagógica do Bom Professor: Influências na sua Formação. O que é necessário para ser um bom professor?
Maria Isabel da Cunha – O que me estimulou a realizar o estudo foi a intenção de alterar a lógica tradicional da pesquisa e da formação, que por longo tempo definia modelos teóricos de bom professor, com a descrição de um perfil ideal e, a partir daí, procurava aproximar os sujeitos concretos a essa idealização. Esse exercício se mostrava sempre frustrante, pois não levava em conta a história de vida dos professores, nem as circunstâncias em que aninhava sua ação. Resolvi, então, inverter essa ordem. Ou seja, identificar professores que os estudantes consideravam como bons e estudar suas práticas e formas de produção de seus saberes. Esse estudo foi realizado no final dos anos 1980 e se instituiu numa das primeiras pesquisas de cunho qualitativo e etnográfico sobre o professor, no cenário nacional. A intenção não foi criar um modelo de docência, mas valorizar os saberes docentes, produzindo uma teoria a partir da prática. Atualmente, muitos dos achados que, na época, foram surpreendentes já se instituíram como referentes da pesquisa sobre a docência.
– Em relação à formação de professores, qual a situação do Brasil em comparação a outros países?
– Há diferenças importantes. Em alguns países, a formação está localizada em instituições específicas para tal, como os modelos francês, suíço e de outros países similares. Na Argentina, há os institutos de formação do professorado, que têm essa missão. A maior parte da formação docente não está na universidade. A vantagem dessa modalidade é ter a formação de professores como coração institucional, um projeto que articula todos os esforços para tal missão. Em países como o Brasil, lutou-se para que a formação dos professores fosse realizada em nível superior, sob o argumento de que a ambiência acadêmica, incluindo o valor da pesquisa, seria importante para os futuros docentes. Entretanto, mesmo que esse argumento tenha sustentação, encontramos uma realidade em que grande parte dos cursos de licenciaturas se realiza em faculdades isoladas, que por proteção legal não precisam incluir a pesquisa na sua funcionalidade. E mesmo quando esses cursos ocorrem na universidade, parece que assumem uma condição periférica na estrutura acadêmica de poder.
No bloco europeu, com o advento de Bolonha (Tratado de Bolonha, 1999), a formação assumiu dois ciclos. A profissionalização se dá no segundo, já com o título de mestrado. Se comparado esse modelo com a realidade brasileira, ele aparece em desvantagem, pois pode haver um aligeiramento no processo formativo. Aqui, o mestrado ainda representa uma etapa exigente no que se refere à pesquisa e à apropriação teórica. Mas é certo que poucos docentes da educação básica têm chances de cursá-lo e, quando o fazem, geralmente, deixam esse nível de ensino, dadas as condições salariais. Do ponto de vista teórico, creio que precisamos reforçar o conhecimento do professor, inclusive a parte técnica, ainda que se reconheça que para a docência existem outros tantos saberes importantes. Nesse sentido, o exemplo de outros países poderia ser uma inspiração.
Quando procuramos um médico ou um jardineiro, os saberes técnicos orientam nossa escolha, ainda que saibamos que sua expertise não se reduz a eles. Portanto, não há de se temer assumir que o professor, na sua profissionalização, precisa de saberes técnicos e compreendê-los num contexto ético e político.
 Como surgiu o interesse pela carreira acadêmica, tanto pelo ensino quanto pela pesquisa? Quando percebeu que tinha a vocação?
– Faço parte de uma geração em que o magistério era uma opção natural para as mulheres da classe média. Minha mãe era professora; tias e primas, também. A profissão era valorizada e havia a ideia de que se podia compatibilizá-la com as responsabilidades familiares. Portanto, não questionei muito essa escolha. Mas confesso que ela não me desagradava, pois sempre me encontrei nas ciências humanas e percebia que gostava de trabalhar com gente. Em 2015, farei 50 anos de magistério. Boa parte deles cumpri na educação superior e na educação profissional, mas comecei na escola básica e muito aprendi em cada uma dessas etapas da minha trajetória. Mesmo considerando que as oportunidades que tive não podem ser generalizadas para outras pessoas, ouso dizer que fui muito feliz na escolha e não a trocaria por outra profissão. Entre as grandes satisfações que reconheço na docência está um sentimento de crer ter sido importante para algumas pessoas, que tiveram sentido e significado muitas das ações que protagonizei ou de que participei. Ter sido útil parece dar sentido a nossa vida. E o magistério faz parte das profissões que, trabalhando com gente, encontram nas relações humanas construídas seu maior patrimônio. Entretanto, essa condição dificilmente se mede nos testes padronizados, nem pela métrica do currículo Lattes. Trata-se de um sentimento subjetivo, mais fácil de ser entendido por quem é professor.
– O que diria aos jovens professores?
– Permaneçam na profissão se encontrarem sentido na mesma. Senão, devem procurar alternativas. Os estudantes merecem professores que encontram sentido no seu fazer. Estudem muito, articulem ações coletivas, construam comunidades de aprendizagem que favoreçam o empoderamento profissional. Usem a autonomia com responsabilidade. Sintam-se parte de uma classe profissional na qual o fracasso de um atinge a todos. Portanto, é fundamental a solidariedade e o compromisso comum. A luta por melhores condições de trabalho é crucial. Mas ela será conquistada se contar com a capacidade profissional e com a autoestima dos professores.
Ainda que nem sempre apareça, há muita coisa boa feita nas escolas do Brasil. Isso não significa deixar de reconhecer os grandes problemas ainda a ser enfrentados. Mas nenhuma medida terá sucesso sem o envolvimento dos professores. Por isso, sintam orgulho da profissão. Ela é da maior importância. E deve ser da melhor qualidade.

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/noticias.html?idEdicao=118&idCategoria=8

Declaração para um novo ano

20 para 21  Certamente tivemos que fazer muitas mudanças naquilo que planejamos em 2019. Iniciamos 2020 e uma pandemia nos assolou, fazendo-...