quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

‘Sala de aula invertida faz alunos virarem autores’


Professora de espanhol fala do impacto na metodologia nas aulas da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)
Diário de Inovações
Por Jorgelina Tallei
"Sempre pesquisei formas diferentes de trabalhar com os alunos e novas tecnologias para a sala de aula. No início do primeiro semestre de 2014, decidi pôr em prática a sala de aula invertida na disciplina Espanhol como Língua Adicional, na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), em Foz do Iguaçu (PR).
A instituição tem alunos paraguaios, argentinos, bolivianos, peruanos e uruguaios, que contribuem muito para que o brasileiro aprenda espanhol. Na convivência do dia a dia, o aluno pode aprender novos costumes e culturas dentro da sala de aula.
Diário de InovaçõesCrédito: CurvaBezier/Fotolia.com

A nova experiência contou com a participação de turmas dos cursos de História da América Latina e de Antropologia e Diversidade Cultural, que fazem aulas de espanhol de quatro horas durante duas vezes na semana (estudantes de outras nacionalidades têm a mesma carga horária para o português). Como tempo era muito longo, os estudantes tinham dificuldade para se manter motivados, e a sala de aula invertida faz com que eles tenham que pesquisar e buscar novas ferramentas para o aprendizado, até porque devem escrever o trabalho de conclusão do curso na língua estrangeira.
A sala de aula invertida era a estratégia certa para que eles atuassem como autores, e não apenas como consumidores de tecnologia
Trabalhamos a pedagogia por projetos e a perspectiva do aluno, uma vez que, nas aulas, eles usavam diferentes tecnologias, como computadores, celulares e tablets. A sala de aula invertida era a estratégia certa para que eles atuassem como autores, e não apenas como consumidores de tecnologia. Além disso, a prática possibilita uma reflexão do uso do idioma tanto fora quanto dentro da classe, além de um trabalho a partir de uma reflexão crítica e de autonomia dos alunos.
Até aquele momento, os vídeos não eram utilizados na prática de língua adicional e nem havia registro de experiências neste sentido nas aulas. Usamos o YouTube para trabalhar os conteúdos e hospedar os vídeos que, tão logo publicados, eram compartilhados na página do Facebook. Na hora da revisão, quando não lembravam de uma palavra, eles sempre recorriam aos vídeos, porque é mais fácil associar palavras com as imagens.

De certa forma, esse trabalho ajudou alunos a: a) praticar língua estrangeira; b) revisar conteúdos já estudados em sala de aula; c) treinar a escrita em língua estrangeira; d) ampliar letramento digital; e) trabalhar em colaboração.
Ao terminar o curso, os alunos responderam a um questionário de avaliação em que dizem que a aula foi legal, mas que os vídeos precisam ser aprimorados. Já temos um projeto para trabalhar com designers e editores, mas levará um tempo.
Os vídeos produzidos pelos alunos podem ser encontrados na páginaIntercâmbio UNILA do Facebook, no blog Integrando las lenguas e noYouTube.
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* Diário de Inovações é uma seção com relatos de educadores que estão inovando dentro da sala de aula. Para compartilhar suas experiências com a gente, acesse aqui o formulário e conte sua história.

http://porvir.org/diariodeinovacoes/sala-de-aula-invertida-da-autonomia-ao-aluno/20150114

A ciência da autonomia


Escrito por Celso Antunes

A autonomia é qualidade invejável em qualquer adulto, mas impressiona muito mais e melhor quando ocorre na infância. Uma criança dotada de autonomia depende dos adultos apenas para o que é essencial à sua idade e, assim, sabe brincar, fazer amigos, resolver problemas, o que a faz feliz. Impressiona pelo empreendedorismo e pela segurança, visto que é sempre capaz de se sair bem em situações intrincadas, de fazer de sua solidão um momento de alegria, maturidade e criatividade. A autonomia infantil, entretanto, não é característica de caráter programada pelos genes e, dessa forma, é progressivamente conquistada quando cercada de pais e professores que fazem da educação para a autonomia um procedimento respaldado pela neurociência.
Para que seja plenamente desenvolvida na infância – quanto mais cedo, melhor –, é essencial ação cooperativa e sistemática de pais, professores e, eventualmente, tios, primos mais velhos ou outros adultos que convivam, ainda que esporadicamente, com a criança. O que existe de essencial na educação para a autonomia plena é o esforço comum dos adultos em desenvolvê-la em todas as oportunidades, respeitando as limitações físicas da idade, jamais esquecendo a certeza de que qualquer criança saudável pode ser responsabilizada por aquilo que necessitar ou desejar fazer.
Dessa forma, evita-se a exagerada e desnecessária atenção assistencial que, ao artificializar responsabilidades, retarda o poder de autonomia infantil. Trocar a própria fralda, por exemplo, é quase impossível para uma criança de dois anos, mas levá-la ao lixo é sua obrigação. É importante que as crianças sejam alertadas sobre os riscos de uma aventura, como o de subir em uma árvore, mas também aprendam que tombos fazem parte das correrias e, se são acudidas e tratadas, jamais serão bloqueadas no empenho por aprender. O adulto está sempre por perto para socorrer e até pode providenciar o algodão e o mercurocromo, mas, com paciência, pode mostrar à criança o bom procedimento para esterilizar e cuidar do ferimento. Eventualmente, as crianças podem ser privadas de cortar o pão, pois ainda não sabem manejar a faca, mas, no mais, são feitas responsáveis pelo manuseio do que querem, na quantidade que realmente é compatível com seu apetite. Quebrar copos e pratos pode representar risco para crianças pequenas, pois, após usados, os mesmos devem ser lavados. No entanto, esse problema se resolve substituindo-se a louça e o vidro pelo plástico, e jamais é atribuída a elas a responsabilidade de organizarem a mesa e guardarem corretamente tudo que se fez necessário para alimentação (e os exemplos podem se multiplicar infinitamente). Assim, cresce na criança a certeza de que “se virar sozinha” não representa omissão de ajuda, mas consciência sobre a importância de se aprender a crescer.
Nenhuma dessas e de inúmeras outras ações que se refletem no cotidiano infantil é novidade na educação em países escandinavos, mas se tornam difíceis de se transferirem para a realidade brasileira, a qual mal educa crianças com adultos, que servem de “pajens” caridosos que as viciam na dependência, da qual jamais se libertam pela vida afora. 

http://www.profissaomestre.com.br/index.php/colunistas-pm/celso-antunes/1113-a-ciencia-da-autonomia

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