quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Estratégias para a melhoria da educação

Há estratégias que podem ajudar a melhorar um pouco o desempenho dos alunos na Prova Brasil, mas ajuda mais fazer um processo sistemático de revisão, com ênfase nos conteúdos mais relevantes do currículo que são avaliados na Prova

João Batista Araujo e Oliveira
(Heitor Feitosa/VEJA.com)
Este é o quarto de uma série de dez artigos a respeito de medidas eficazes que o prefeito pode implementar a curto prazo, com poucos recursos, como estratégia de iniciar um processo de mudança. Nenhuma dessas medidas, isoladamente ou mesmo em conjunto, assegura a formação de uma rede de ensino de alta qualidade. Mas todas elas constituem ações relevantes em si mesmo, e que, se bem implementadas, podem servir de campo de aprendizagem e de capital político para implementar reformas mais profundas.
O IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) tornou-se um reconhecido termômetro da educação nacional. Muitos prefeitos festejam quando o IDEB sobe, poucos se confessam preocupados quando ele abaixa, alguns culpam as escolas e procuram os culpados - como se os resultados fossem uma surpresa.
O IDEB não é um bom termômetro, pois ele mistura duas medidas - a nota dos alunos em testes nacionais e o índice de reprovação. Isso permite ao prefeito, se ele o quiser, maquiar os dados. O importante no IDEB é o resultado na Prova Brasil. Mas o prefeito deve saber que o índice de repetência é um problema que atrapalha o seu município, não apenas o seu IDEB. Repetência custa caro ao município e ao aluno. 
Suponhamos que um prefeito queira melhorar o resultado do IDEB. Muitos podem fazer isso apenas para ficar bem na foto. Outros podem entender que fazendo isso estão melhorando a educação. Não importa a motivação – melhorar a nota do IDEB é uma boa causa. 
Há duas formas de melhorar o IDEB. Se o município tem elevado índice de reprovação, basta reduzir a reprovação que o IDEB melhora. Quanto maior o índice de reprovação dos municípios, maior a chance do prefeito aumentar o IDEB apenas reduzindo a reprovação.  E como já vimos que a reprovação no Brasil é aleatória – há alunos analfabetos que chegam ao 5o ano! -, esta é uma medida importante, que ajuda mas não resolve. O que resolve é melhorar a nota na Prova Brasil. Vamos a ela.
A Prova Brasil, como qualquer prova, reflete o que a criança aprendeu em todos os anos anteriores, e não o que aprendeu no ano de aplicação da Prova. Portanto, “cursinhos” para preparar os alunos para a Prova Brasil só têm mérito se servirem de base para implementar outras mudanças de longo prazo. Sob esse prisma. pode fazer sentido usar a Prova Brasil para iniciar processos de mudança no sistema educacional. De novo, trata-se de uma estratégia que escolhe um caminho viável e politicamente interessante – melhorar o resultado na Prova Brasil – para atacar um problema de fundo, que é melhorar os fundamentos da educação de qualidade. 
A maneira ortodoxa de fazer isso é começar pela base: organizar o sistema de ensino e assegurar que o aluno aprenda o que precisa em cada série. Na melhor das hipóteses, vai levar cinco anos para aparecerem os primeiros resultados. Esse caminho é inevitável para assegurar as melhorias a longo prazo. A pergunta do prefeito é: o que se pode fazer no curto prazo?
Existem estratégias conhecidas que podem ajudar a melhorar um pouco o desempenho dos alunos. Treino em fazer provas ajuda, mas ajuda muito pouco. Treino em responder itens como os da Prova Brasil ajuda, mas ajuda muito pouco. 
Ajuda mais fazer um processo sistemático de revisão, com ênfase nos conteúdos mais relevantes do currículo que são avaliados na Prova. Existem várias formas de se fazer isso e há algumas iniciativas que já apresentam resultados interessantes. 
Intervenções com foco na Prova Brasil podem ter desdobramentos estratégicos. Por exemplo, se há um programa de revisão bem feito, ele indica a série em que um conteúdo deveria ter sido aprendido. Quando o professor do 5o ano revela para os seus colegas da escola que X% dos seus alunos não sabe os conteúdos do 2o ou do 3o ano, ele pode iniciar um saudável diálogo dentro da escola. Por que isso não aconteceu? Não havia programa de ensino? Não havia materiais? Os alunos não sabiam ler? Se o processo é feito com alguns tópicos, para as duas disciplinas centrais – Português e Matemática – está criado um clima para importantes reformas. A própria escola vai começar a identificar falhas da Secretaria e da escola, tais como falta de programa, falta de orientação, normas para recuperação de alunos. Sem pressão externa, dificilmente a escola vai reconhecer que há falhas dela própria, como falta de preparo dos professores, decisões pedagógicas equivocadas etc. Mas dá-se início a um processo saudável de identificar responsáveis e buscar causas.
Nenhuma ação isolada irá mudar a educação. Algumas ações isoladas podem ser eficazes para corrigir problemas pontuais. Dada a quantidade e gravidade dos problemas da educação, o importante é escolher problemas relevantes, que podem ser resolvidos, e cujo processo de solução abra espaço para introduzir outras mudanças. Melhorar o resultado da Prova Brasil com estratégias consistentes pode gerar experiência e capital político para empreender outras reformas.
João Batista Araujo e Oliveira é presidente do Instituto Alfa Beto


http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/melhorar-o-ideb-e-desafio-para-prefeitos

Plano de formação do professor abrirá 710 vagas de licenciatura

Professores das redes públicas de estados, municípios e do Distrito Federal, que não possuem curso superior ou que lecionam em área diferente da sua formação, devem ficar atentos à data de pré-inscrição do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor) presencial. O período começa em 20 de janeiro de 2015 e se estende até 13 de março.

A Plataforma Freire, espaço dedicado ao educador no portal do Ministério da Educação, informa a oferta de 500 vagas para a primeira licenciatura e 210 vagas para a segunda licenciatura. Os cursos terão início em julho do próximo ano.

Em vigor desde 2009, o Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica abre todos os anos turmas especiais em cursos de licenciatura e em programas de segunda licenciatura, na modalidade presencial, exclusivas para educadores das redes públicas que não possuem formação superior na área em que atuam, conforme exigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).

A oferta de cursos, turmas e vagas obedece a uma dinâmica com três fases em sequência: as redes públicas e os institutos federais de educação profissional informam o número de vagas de que suas redes precisam; as instituições de ensino superior, que participam do Parfor, definem e informam a oferta de cursos e de vagas, e os educadores fazem a pré-inscrição na licenciatura que pretendem cursar. Todo o processo é realizado na Plataforma Freire.

Requisitos – Para ocupar as vagas da primeira licenciatura, o professor precisa atender diversos requisitos: estar vinculado a uma rede pública estadual, municipal ou do Distrito Federal; estar no exercício da atividade do magistério; não ter curso de licenciatura. A carga horária mínima é de 2.800 horas, das quais 400 horas de estágio supervisionado. A duração do curso é de quatro anos.

Já o educador com graduação em área diferente daquela em que leciona precisa estar há pelo menos três anos na rede pública para fazer a segunda licenciatura. Esse curso tem carga horária de 800 horas a 1.400 horas e duração entre dois anos e dois anos e meio. O Parfor também oferece formação pedagógica para docentes graduados não licenciados, no exercício da docência nas redes públicas. Essa formação complementar é de 540 horas, ministrada durante um ano.

Os cursos são gratuitos para todos os professores. O custeio é responsabilidade da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que repassa recursos para as instituições de ensino superior responsáveis pela formação, supervisão de estágios e certificação. Cabe às secretarias de educação oferecer aos cursistas material escolar, transporte, hospedagem e alimentação durante o curso.

Resultados – De maio de 2009, quando foi criado, a dezembro de 2012, o Parfor colocou em salas de aula 54,8 mil professores em turmas especiais, segundo balanço publicado pela Capes. No período, foram implantadas 1.920 turmas em 397 municípios. Professores das regiões Norte e Nordeste foram os que mais procuraram formação. Até 2012, o Parfor atendeu 28.073 educadores da região Norte e 20.781 do Nordeste. Na sequência, aparecem as regiões Sul (3.422 professores), Sudeste (1.847) e Centro-Oeste (753).

O Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica integra um conjunto de políticas públicas do governo federal em parceria com estados, municípios e instituições de ensino superior para transformar o magistério. Compõem esse grupo de políticas o Piso Nacional do Magistério, instituído em julho de 2008; os cursos de mestrado profissional para educadores das redes públicas; o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação á Docência (Pibid), que visa o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores; o Programa de Consolidação das Licenciaturas (Prodocência), que fomenta a inovação, a elevação da qualidade dos cursos do magistério, a valorização da carreira do professor. 

Ionice Lorenzoni

Plataforma Freire traz orientações aos professores, calendário, cursos, vagas.

Seminário: “Diálogos entre os Atores Sociais da EJA/Campo”

Foto: Jorge Pinho
“Meu maior sonho era poder ler a bíblia, isso eu já realizei. Agora, quero poder ler um texto em público e mostrar para as pessoas que eu sou alfabetizada”. Este foi o depoimento emocionado de dona Maria Izabel da Silva, 65 anos, feito na noite dessa segunda-feira (8) durante a abertura do I Seminário de Educação de Jovens e Adultos (Seja) “Diálogos entre os Atores Sociais da EJA/Campo”, promovido pela Secretaria Municipal de Educação.
Pelo menos 270 pessoas, entre alunos e profissionais da EJA, participam do seminário, que segue até esta terça-feira (9) no Hotel Fazenda Mato Grosso.
Dona Maria Izabel é uma das 1,5 mil pessoas que frequentam a Educação de Jovens e Alunos (EJA) na rede municipal de Cuiabá. “Eu morava no sítio e minha família era muito pobre e a escola não era prioridade para meu pai. Casei muito cedo e logo vieram os oito filhos e o estudo teve que ser adiado novamente. Só hoje, aos 65 anos tive a oportunidade de frequentar, pela primeira vez, uma sala de aula”, completou dona Maria Izabel. 
A história de Maria Izabel ainda é compartilhada com 4,5% da população cuiabana. No entanto, conforme recordou a secretária-adjunta de Educação de Cuiabá, Marioneide Kliemaschewsk, essa realidade deve ser mudada nos próximos 10 anos, já que uma das metas do Plano Nacional de Educação é a erradicação do analfabetismo em todo o país. 
“Um dos nossos desafios, quando se fala em EJA, é manter a frequência desses alunos em sala de aula, pois sabemos que não é fácil trabalhar o dia todo e estudar à noite. Mas estamos determinados e empenhados a garantir a efetividade do ensino-aprendizado a esses alunos”, disse a secretária-adjunta.
A professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Analise da Silva, abriu o seminário com a palestra “Alfabetização de adultos segundo a premissa freireana”. Segundo a professora, entre os motivos mais comuns para afastar a criança ou adolescente da sala de aula está o fato de ter que trabalhar para ajudar no sustento da família ou engravidar e ter que cuidar do filho. “Discriminação sexual e racial e a proibição do pai também são motivos bastante comuns que contribuem para o analfabetismo. Mas raramente a pessoa desiste por conta própria”, disse a palestrante.
Atualmente a EJA é oferecida pela rede municipal nas escolas Maximiano Arcanjo da Cruz, Marechal Cândido Rondon, Jescelino Reiners, Ranulpho Paes de Barros, Guilhermina de Figueiredo, Nossa Senhora Aparecida, Jesus Criança, Antônia Tita, Francisco Pedroso e nas escolas do campo Nova Esperança, Udeney Gonçalves, Nossa Senhora Penha de França e Estevão Alves.
Os temas que serão apresentados nesta terça-feira são: “Os Sujeitos da Educação de Jovens”, proferido pelo professor doutorando da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Tarcisio Grunennvaldt; a “Diversidade na Educação de Jovens e Adultos” pelo professor doutor José Vaz Neto, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPB); “A voz dos sujeitos da EJA da rede municipal: histórias e memórias”, Alfabetização de idosos; Programa Brasil Alfabetizado; Áreas de conhecimento na perspectiva interdisciplinar; Educação do Campo.


http://www.cuiaba.mt.gov.br/educacao/fortalecimento-da-educacao-de-jovens-e-adultos-e-tema-de-seminario/10014

Declaração para um novo ano

20 para 21  Certamente tivemos que fazer muitas mudanças naquilo que planejamos em 2019. Iniciamos 2020 e uma pandemia nos assolou, fazendo-...