segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Edgar Morin: ‘A educação não pode ignorar a curiosidade das crianças’

Para Edgar Morin, literatura e artes não podem ser tratados como conhecimentos secundários - Guito Moreto / Guito Moreto

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RIO - O antropólogo, sociólogo e filósofo Edgar Morin fará uma das quatro conferências magnas do encontro internacional Educação 360, promovido por O GLOBO e "Extra" em parceria com Sesc e da Prefeitura do Rio, com apoio do Canal Futura. O evento acontece dias 5 e 6 de setembro, na Escola Sesc do Ensino Médio, em Jacarepaguá. Nesta entrevista, Morin critica o modelo ocidental de ensino e diz que o professor tem uma missão social, por isso, segundo ele, “é preciso educar os educadores”.

Na sua opinião, como seria o modelo ideal de educação?
A figura do professor é determinante para a consolidação de um modelo “ideal” de educação. Através da Internet, os alunos podem ter acesso a todo o tipo de conhecimento sem a presença de um professor. Então eu pergunto, o que faz necessária a presença de um professor? Ele deve ser o regente da orquestra, observar o fluxo desses conhecimentos e elucidar as dúvidas dos alunos. Por exemplo, quando um professor passa uma lição a um aluno, que vai buscar uma resposta na Internet, ele deve posteriormente corrigir os erros cometidos, criticar o conteúdo pesquisado. É preciso desenvolver o senso crítico dos alunos. O papel do professor precisa passar por uma transformação, já que a criança não aprende apenas com os amigos, a família, a escola. Outro ponto importante: é necessário criar meios de transmissão do conhecimento a serviço da curiosidade dos alunos. O modelo de educação, sobretudo, não pode ignorar a curiosidade das crianças.

Quais são os maiores problemas do modelo de ensino atual?
O modelo de ensino que foi instituído nos países ocidentais é aquele que separa os conhecimentos artificialmente através das disciplinas. E não é o que vemos na natureza. No caso de animais e vegetais, vamos notar que todos os conhecimentos são interligados. E a escola não ensina o que é o conhecimento, ele é apenas transmitido pelos educadores, o que é um reducionismo. O conhecimento complexo evita o erro, que é cometido, por exemplo, quando um aluno escolhe mal a sua carreira. Por isso eu digo que a educação precisa fornecer subsídios ao ser humano, que precisa lutar contra o erro e a ilusão.

O senhor pode explicar melhor esse conceito de conhecimento?
Vamos pensar em um conhecimento mais simples, a nossa percepção visual. Eu vejo as pessoas que estão comigo, essa visão é uma percepção da realidade, que é uma tradução de todos os estímulos que chegam à nossa retina. Por que essa visão é uma fotografia? As pessoas que estão longe, são pequenas, e vice-versa. E essa visão é reconstruída de forma a reconhecermos essa alteração da realidade, já que todas as pessoas apresentam um tamanho similar. Todo conhecimento é uma tradução, que é seguido de uma reconstrução, e ambos os processos oferecem o risco do erro. Existe um outro ponto vital que não é abordado pelo ensino: a compreensão humana. O grande problema da Humanidade é que todos nós somos idênticos e diferentes, e precisamos lidar com essas duas ideias que não são compatíveis. A crise no ensino surge por conta da ausência dessas matérias que são importantes ao viver. Ensinamos apenas o aluno a ser um indivíduo adaptado à sociedade, mas ele também precisa se adaptar aos fatos e a si mesmo.

O que é a transdisciplinaridade, que defende a unidade do conhecimento?
As disciplinas fechadas impedem a compreensão dos problemas do mundo. A transdisciplinaridade, na minha opinião, é o que possibilita, através das disciplinas, a transmissão de uma visão de mundo mais complexa. O meu livro “O homem e a morte” é tipicamente transdisciplinar, pois busco entender as diferentes reações humanas diante da morte através dos conhecimentos da pré-história, da psicologia, da religião. Eu precisei fazer uma viagem por todas as doenças sociais e humanas, e recorri aos saberes de áreas do conhecimento, como psicanálise e biologia.

Como a associação entre a razão e a afetividade pode ser aplicada no sistema educacional?
É preciso estabelecer um jogo dialético entre razão e emoção. Descobriu-se que a razão pura não existe. Um matemático precisa ter paixão pela matemática. Não podemos abandonar a razão, o sentimento deve ser submetido a um controle racional. O economista, muitas das vezes, só trabalha através do cálculo, que é um complemento cego ao sentimento humano. Ao não levar em consideração as emoções dos seres humanos, um economista opera apenas cálculos cegos. Essa postura explica em boa parte a crise econômica que a Europa está vivendo atualmente.

A literatura e as artes deveriam ocupar mais espaço no currículo das escolas? Por quê?
Para se conhecer o ser humano, é preciso estudar áreas do conhecimento como as ciências sociais, a biologia, a psicologia. Mas a literatura e as artes também são um meio de conhecimento. Os romances retratam o indivíduo na sociedade, seja por meio de Balzac ou Dostoiévski, e transmitem conhecimentos sobre sentimentos, paixões e contradições humanas. A poesia é também importante, nos ajuda a reconhecer e a viver a qualidade poética da vida. As grandes obras de arte, como a música de Beethoven, desenvolvem em nós um sentimento vital, que é a emoção estética, que nos possibilita reconhecer a beleza, a bondade e a harmonia. Literatura e artes não podem ser tratadas no currículo escolar como conhecimento secundário.

Qual a sua opinião sobre o sistema brasileiro de ensino?
O Brasil é um país extremamente aberto a minhas ideias pedagógicas. Mas a revolução do seu sistema educacional vai passar pela reforma na formação dos seus educadores. É preciso educar os educadores. Os professores precisam sair de suas disciplinas para dialogar com outros campos de conhecimento. E essa evolução ainda não aconteceu. O professor possui uma missão social, e tanto a opinião pública como o cidadão precisam ter a consciência dessa missão.


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Professores doentes e um mar de atestados

Em seis meses, docentes apresentaram 16,4 mil documentos
O Ensino público do Distrito Federal está doente. Levantamento da Secretaria de Educação revela um dado que deixa ainda mais deficiente uma área que enfrenta problemas para proporcionar uma Educação de qualidade a crianças e adolescentes do Distrito Federal.
De acordo com a pesquisa, só nos seis primeiros meses com dias letivos, foram emitidos 16,4 mil atestados médicos para Professores da rede oficial. Comparativamente, esse número é equivalente a mais da metade do quadro de efetivos, que conta com 32 mil concursados. Esse número pode aumentar, se for levada em conta a estatística da a Associação de Pais e Alunos do Distrito Federal (Aspa). “São quase 250 por dia", afirma o presidente da associação, Luis Cláudio Megiorin. Em um ano atípico, com a realização da Copa do Mundo no Brasil, feriados e calendário reduzido - 82 dias de aula, outro empecilho prejudica o aprendizado de estudantes da rede pública: a falta de Professores. Diante de um quadro crítico como esse, a associação resolveu acionar o Ministério Público para encontrar o remédio.
Aspa se reuniu, na última terça-feira (12), com promotores da Promotoria de Justiça de Defesa da Educação (Proeduc) para um debate sobre a falta de Professores no Ensino público do DF. De acordo com Luis Cláudio Megiorin, entre os principais problemas ligados à Educação pública relacionados no encontro, está a grande quantidade de Professores afastados devido aos atestados. A quantidade de faltas abonadas, por Educador, até agora, variou entre três e 20 dias. "A reposição de Professores de imediato é morosa. Esbarra na burocracia e dificuldade de se conseguir um substituto”, aponta Megiorin. Conforme explica Megiorin, é necessária uma análise para entender a grande quantidade de atestados apresentados. “Muitas vezes, o diretor chega na unidade e se vê diante de quatro, cinco atestados de até duas semanas e não tem como dar aula e nem repor de imediato”, lamenta.

Muito além do conteúdo
A importância de manter os Alunos em aula não ocorre somente pela importância do conteúdo perdido devido à falta de Professores, que prejudica o aprendizado, mas sim porque muitos pais não podem ficar com seus filhos, pois estão no trabalho, e contam com a Escola para que a segurança de seus filhos seja mantida. Por isso, os estabelecimentos de Ensino têm de proporcionar atividades, a fim de manter os estudantes dentro da instituição durante o período em que deveriam assistir normalmente às aulas.

Alunos são dispensados das aulas
Outra questão abordada na reunião entre representantes da comunidade e membros do MP apontada pelo presidente da Aspa refere-se à dispensa dos Alunos no caso da falta de Professores e a falta de reposição de aulas. “Sabemos que os diretores de Escola fazem um sacrifício e mantêm seus Alunos ocupados com atividades extraclasse. Mas, pelo visto, boa parte ainda prefere o caminho mais fácil. Ou seja, faltou Professor, dispensam-se os Alunos”, queixou-se Luís Cláudio Megiorin.
A decisão de dispensa é tratada como uma falta grave para a Secretaria de Educação, que reforça a proibição da liberação dos Alunos nesse tipo de situação. Em vez disso, os estudantes devem fazer outras atividades na Escola. O problema também é sentido pelo Sindicato dos Professores do DF (Sinpro). A entidade afirma que insistiu nas contratações de aprovados em concurso, e que estão esperando a publicação no Diário Oficial do DF da contratação de aproximadamente 320 novos Professores para o Ensino público. Apesar do número, o sindicato afirma que sabe que não é suficiente para atender a demanda da quantidade de Professores de licença. Com isso, o Sinpro se reuniu ontem com a Secretaria de Administração do DF, que convocará os coordenadores de Ensino de cada região, para analisarem e tentarem achar um solução para o problema. A reportagem convocou outros segmentos da sociedade para debater o caso.
O especialista em administração pública José Matias-Pereira analisou que esse problema se dá devido a um mau planejamento do sistema de Educação. “O sistema de Educação é complexo, medidas paliativas simples geram uma crise como essa. Isso só evidencia o quão despreparado está quem planeja a Educação no DF”, afirmou. O especialista ainda destacou a falta de valorização dos profissionais da área e afirmou qual deve ser a principal preocupação dos pais em ano eleitoral. “Em época de eleições, os pais e responsáveis devem exigir dos candidatos a priorização da Educação em seus mandatos”, completou.
Saiba mais
»O calendário Escolar de 2014 da rede pública de Ensino tem 200 dias letivos.
»No Distrito Federal, a principal mudança em relação aos anos anteriores está no recesso entre os semestres. Em vez dos 15 dias habituais, os 480 mil Alunos tiveram 30 dias de férias .
»A folga foi de 12 de junho e 13 de julho, período de disputa da Mundial, como publicado no Diário Oficial do Distrito Federal.

Pais cobram explicações das escolas
Uma das Escolas que estão sofrendo com o problema é a Escola base 8 do Cruzeiro. De acordo com alguns pais, os anos Escolares prejudicados com a falta de Educadores foram o segundo, o quarto e o quinto. Preocupado com o aprendizado da filha, Antônio Guedes, de 32 anos, pai de Alice Guedes, de nove anos, aluna do quarto ano, afirma que cobrou uma explicação da direção da Escola sobre o problema. “Eles nos disseram o que estava acontecendo e que estavam tentando achar uma solução”, contou. Em relação a dispensas em caso de falta de Professores, a pequena Alice afirmou que isso não ocorre na Escola do Cruzeiro. “Eles sempre arrumam alguma outra atividade pra nós, nunca ficamos sem fazer nada”, contou a garota.

A importância de manter os Alunos em aula não ocorre somente pela importância do conteúdo perdido, mas sim porque muitos pais não podem ficar com seus filhos, pois estão no trabalho, e contam com a Escola para que a segurança de seus filhos seja mantida. É o caso da manicure de 33 anos Mitilene Pereira. Ela afirma que durante a tarde trabalha e por isso escolheu o horário para os filhos. “Ainda bem que eles não dispensam os Alunos, se isso acontecesse, não sei o que eu faria”, contou Mitilene. A equipe do J Br. esteve ontem à tarde em outra Escola apontada pela Aspa como uma das unidades onde ocorreram a maior quantidade de faltas por dispensa médica: a Escola Classe 27 de Taguatinga. A direção do colégio negou que o problema tenha voltado a ocorrer. "Temos 29 Professores na Escola. Todos estão trabalhando", disse a diretora, que não quis se identificar. Mas uma estudante do 5º ano do Ensino fundamental, de 10 anos, disse que uma Professora não trabalha desde quarta-feira. 

http://www.todospelaeducacao.org.br/educacao-na-midia/indice/31059/professores-doentes-e-um-mar-de-atestados/

Letras impressas ou voadoras


Escrito por Anna Veronica Mautner

A escola, essa de fileiras, a tradicional, em que cada um tem o seu lugar de sentar, melhor falando, cada um tem a sua carteira de frente para a lousa e a mesa do professor, essa escola é mais de ouvir do que de ver. A paisagem que cada um de nós vê na sala de aula é cansativamente monótona por horas e horas. Eventualmente, conteúdos mudam no quadro-negro. Em nossa frente, a mesma nuca, o mesmo colega. Poderíamos dizer que essa escola é a escola sonora. O humor e a surpresa ficam praticamente ausentes.
Há muitas décadas, os professores anunciavam quando “dariam um ponto novo”. O tal do ponto novo era esperado. A escola não era amada, não despertava paixão. O tédio era a sensação dominante. Era tão monótona que até inspirou um programa de rádio. Em meio a uma liberdade maior, a Escola risonha e franca era um programa diário de rádio no qual Dona Olinda era a professora e cada aluno tinha uma personalidade, um jeito de ser.
Já na escola de verdade tínhamos que ser todos iguais. O diferencial era a nota que se conseguia e o comportamento. Havia nota de comportamento, sim. Mexer-se muito na cadeira dava nota baixa de comportamento no boletim. A carteira era uma prisão, na qual o aluno tinha que fingir interesse por um conteúdo pouco interessante. Alguns professores excepcionais conseguiam minimizar o peso do tédio.
Hoje não podemos imaginar que crianças de 6 a 10 anos, por exemplo, consigam ficar ouvindo e fazendo coisas “chatas”. Hoje os olhos das crianças estão acostumados a ver movimentos ininterruptos dos jogos eletrônicos, da televisão. A postura é parecida: a criança fica parada e a máquina traz imagens em movimento, sem parar.
Não posso imaginar o que vai acontecer com as mentes criadas à vista de movimento com o corpo parado. Qual será a consequência disso? Ainda está em gestação a primeira geração com essa nova condição. Em casa, televisão e joguinhos. Na escola, tablets e outros recursos para atrair o olhar.  Conteúdos sempre em movimento são apresentados aos corpos parados. Antes, era corpo parado diante de conteúdo parado. Agora, o olho vê movimentos, aproximações, afastamentos e sons.
E o que vai acontecer com as nossas bibliotecas de livros impressos, cujo conteúdo não está nas nuvens?  Estamos vivendo um momento de diluição do livro-objeto. O livro-objeto que enfeita as prateleiras torna-se cada vez mais objeto e menos fonte de informação. Ninguém quer que o livro desapareça, apesar de recorrer cada vez mais ao conteúdo eletrônico.
Vivemos em um momento de muita dificuldade: ainda queremos que a escola tenha biblioteca e que ela seja eletronicamente equipada. Que bom que ainda temos os dois! Ainda é notícia de jornal a existência de bibliotecas nas escolas, assim como é notícia também o quanto de recursos eletrônicos estão disponíveis nas mesmas escolas. Um não substitui o outro. Um não rouba espaço do outro. Existe uma especificidade sensorial no livro impresso e uma mental no livro eletrônico. O conteúdo pode até ser o mesmo.
Este é o momento que nós vivemos: a superposição dos dois recursos para acessar conteúdo. Um a gente apaga, outro a gente guarda. Um a gente guarda na nuvem, outro a gente guarda na estante. Parece que ficamos mais ricos. Será?

http://www.profissaomestre.com.br/index.php/colunistas-pm/anna-veronica/904-letras-impressas-ou-voadoras

Google Sala de aula já pode ser usado por escolas

Ferramenta traduzida para o português ajuda a criar, gerenciar e organizar tarefas de classe e otimiza o tempo do professor
Agora é para valer. A fase de testes do Google Classroom acabou esta semana. A ferramenta está oficialmente liberada para ser utilizada por escolas e está disponível em 42 idiomas. Em português, assume o nome traduzido de Google Sala de aula.
Desenvolvida para facilitar o trabalho de professores e alunos, faz parte doGoogle Apps for Education e organiza recursos do Gmail, do disco virtual Drive e do kit de produtividade Google Docs. Através da ferramenta, o professor pode gerenciar tarefas escolares, acompanhar a execução de trabalhos e tirar dúvidas em tempo real. O educador consegue, por exemplo, criar e enviar automaticamente cópias de documentos para cada aluno. Além disso, também é possível separar cada disciplina, conteúdo ou estudante em uma pasta diferente, o que abre diversas possibilidades de organização dos materiais.
crédito archideaphoto / Fotolia.comGoogle Sala de aula já pode ser usado por escolas
Do lado do aluno, eles podem ver as atividades propostas na página de tarefas e consultar materiais de apoio didático arquivados no Google Drive. Os professores conseguem acompanhar em tempo real o andamento de cada estudante, quem concluiu a atividade proposta e dar feedbacks personalizados. (Para mais detalhes, leia matéria anterior do Porvir).
Qualquer pessoa que tenha uma conta do Google Apps for Education pode ter acesso ao serviço. Se o serviço for uma novidade para você, basta acessar  classroom.google.com). Em seguida, selecione aluno ou professor para criar uma turma, ou entrar em uma já existente.
Clique para acessar o vídeo que explica como a ferramenta funciona:

Declaração para um novo ano

20 para 21  Certamente tivemos que fazer muitas mudanças naquilo que planejamos em 2019. Iniciamos 2020 e uma pandemia nos assolou, fazendo-...