terça-feira, 6 de setembro de 2016

UNESCO: Relatório de Monitoramento Global da Educação 2016 (Relatório GEM)

Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) lançou nesta segunda (5) o Relatório de Monitoramento Global da Educação 2016, com o tema Educação para as Pessoas e o Planeta: criar futuros sustentáveis para todos. Veja o Resumo.

Segundo o estudo, é preciso mudar a maneira como a educação é pensada, pois ela, muito além de apenas transferir conhecimentos, tem a responsabilidade de fomentar os tipos certos de habilidades, atitudes e comportamentos que levarão ao crescimento sustentável e inclusivo.

sala de aula
Relatório da Unesco diz que Brasil ainda não vê educação como forma de qualificação de vida das pessoas Arquivo/Agência Brasil






















De acordo com a coordenadora de Educação da Unesco no Brasil, Rebeca Otero, o Brasil é claramente um país que precisa repensar esse papel da educação. “No Brasil, vemos mais uma educação focada em determinados conteúdos, no Enem [Exame Nacional do Ensino Médio] e na prova de entrada da universidade, e os currículos pautados apenas pelos livros didáticos. Não se vê a educação como esse instrumento de qualificação da vida das pessoas”, disse.

Ela explicou que a educação deve ser baseada em quatro pilares: aprender a conhecer, a fazer, a ser e a viver juntos. “É bastante importante que seja assim porque, nesse sentido, as pessoas ganham autonomia, podem aprender e se desenvolver”, disse. “Projetos que dizem respeito a não ter uma discussão em termos de troca de ideia, que não promovam a autonomia de pensamento, não pode ser educação. É fundamental que haja liberdade, que as pessoas exponham suas ideias e que sejam respeitadas”, completou.
O relatório da Unesco indica que o acesso amplo e igualitário à educação de boa qualidade ajuda a manter práticas e instituições democráticas. Além disso, níveis melhores de alfabetização responderam pela metade das transições para regimes democráticos entre 1870 e 2000.

Desenvolvimento sustentável

O relatório da Unesco vai monitorar o objetivo global de educação da Agenda de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. A Agenda 2030 traz os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o plano de ação e as 169 metas prioritárias que devem ser alcançadas pelos países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) até 2030.

A nova agenda, segundo Otero, traz a relação a ser alcançada para o desenvolvimento sustentável, a preservação do planeta e a qualidade de vida das pessoas, e coloca a educação como carro-chefe para alcançar todos os outros objetivos.

Segundo o estudo, nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, quase 40% dos estudantes de 15 anos de idade têm apenas conhecimentos básicos sobre temas ambientais; no Brasil, Uruguai, México e na Argentina, esse índice sobe para mais de 60%. Segundo Otero, são conhecimentos dos aspectos de preservação do planeta, de reciclagem de materiais, não poluição, atitudes que levam as pessoas a preservar um pouco mais.

“A questão ambiental e de desenvolvimento sustentável é uma agenda positiva e deve ser inserida nos currículos”, disse Otero, frisando que o Brasil conta experiências nesse sentido, iniciativas específicas de municípios, mas ainda não tem uma política pública nacional relacionada ao desenvolvimento sustentável. “Por exemplo, será que nossos jovens estudantes estão atentos ao desmatamento e as consequências que isso traz para a própria vida? A educação tem que começar a evoluir para além do seu escopo e nessa nova agenda isso vai ser bem pautado”, disse.

Escolas devem auxiliar alunos

O relatório da Unesco lançado hoje diz que as escolas devem ajudar os alunos a entender determinado problema ambiental, suas consequências e os tipos de ação necessários para combatê-lo.
Segundo o estudo, o tema tem sido cada vez mais incorporado ao currículo escolar formal; análises de currículos de 78 países mostram que 55% usam o termo "ecologia" e 47% "educação ambiental".

Qualificação profissional

Segundo o relatório, diferenças na qualidade do sistema educacional ajudam a explicar o "milagre" econômico do leste asiático e as "décadas perdidas" na América Latina.

“Para que os países prosperem, é fundamental que haja investimento em educação secundária e terciária [ensino médio e superior] de qualidade. Se for para a educação continuar a conduzir o crescimento, ela deverá acompanhar a rápida mudança do mundo do trabalho”, diz o relatório, já que a tecnologia aumentou a demanda por trabalhadores “altamente” qualificados e diminuiu a demanda por trabalhos de habilidades intermediárias, que são mais facilmente automatizadas.

Entretanto, o relatório aponta que a maioria dos sistemas educacionais não acompanha a demanda do mercado e, até 2020, o mundo poderá ter um déficit de 40 milhões de trabalhadores com ensino superior e um excesso de 95 milhões de trabalhadores com níveis educacionais mais básicos.

“A pobreza é, de longe, a maior barreira à educação. Entre jovens com idades entre 20 a 24 anos, em 101 países de renda baixa e média, os mais pobres têm, em média, cinco anos menos de escolarização do que os ricos; a lacuna é de 2,6 anos entre moradores de áreas urbanas e rurais e 1,1 entre mulheres e homens”, diz o relatório.

No caminho inverso, segundo a Unesco, a educação reduz a pobreza ao aumentar as chances de encontrar trabalhos decentes e salários adequados, além de ajudar a acabar com as lacunas salariais de gênero, status socioeconômico e pautadas em outras bases de discriminação.

Edição: Kleber Sampaio
http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2016-09/unesco-brasil-nao-ve-educacao-como-instrumento-de-qualificacao-de-vida

Orçamento mundial da educação precisa crescer 6 vezes para alcançar meta da ONU

Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil
O salão de exposições do Museu da Vida exibe uma série de materiais educativos produzidos pelos estudantes do Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) em torno da tem
Unesco diz ser necessário avaliar como são gastos
os recursos de educação no Brasil 
Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos”. Esses os são objetivos que a Organização das Nações Unidas (ONU) quer alcançar até 2030 na educação mundial. Só que, para garantir a universalidade da educação primária e secundária de boa qualidade no mundo, serão necessários recursos seis vezes maiores do que é investido hoje.
A previsão é do Relatório de Monitoramento Global da Educação 2016, com o tema Educação para as Pessoas e o Planeta: criar futuros sustentáveis para todos, lançado hoje (5) pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Acrescenta que o custo anual total para garantir que toda criança e adolescente em países de renda baixa e média tenham acesso à educação de qualidade, da creche ao ensino médio, aumentará de US$ 149 bilhões para US$ 340 bilhões até 2030. Só que se mantendo as tendências atuais de investimento, a universalidade da educação, até o ensino médio, será alcançada apenas em 2084; a taxa de conclusão atual em países de baixa renda é de apenas 14%.
“Mesmo supondo que a mobilização da receita doméstica melhore, persiste uma lacuna anual de financiamento de US$ 39 bilhões. A ajuda internacional continuará a ser necessária para muitos países de renda baixa. Entretanto, o volume da ajuda à educação caiu cerca de US$ 600 milhões de 2013 para 2014 e estão [os recursos]ainda mais baixos do que seu pico de 2010”, diz o relatório.
Investimentos no Brasil
A Unesco estabelece dois parâmetros para o financiamento doméstico da educação: 4% a 6% do Produto Interno Bruto (PIB) e 15% a 20% do gasto público. O relatório mostra, entretanto, que a mobilização de mais recursos domésticos será fundamental, já que em cerca da metade de todos os países de baixa renda, as taxas estão abaixo de 15% do Produto Interno Bruto (PIB - a soma de todas as riquezas produzidas por um país)  em comparação com 18% em economias emergentes e 26% em economias avançadas.
Segundo a coordenadora de Educação da Unesco no Brasil, Rebeca Otero, o país tem dados bastante positivos, quando investe 6,2% do PIB e de 18% do gasto público. “Em termos numéricos, estamos alcançando. Mas precisamos observar como os recursos estão sendo gastos e gerenciados e se efetivamente estão sendo aplicados para gerar resultados”, disse ela.
Otero explica que, observando os municípios, a maior parte do orçamento da educação está na folha de pagamento. “Claro que os professores devem ser bem remunerados, mas precisamos observar se isso está sendo feito para pessoas qualificadas, se os resultados vêm sendo alcançados. Já vimos casos onde se têm muitas pessoas na folha de pagamento que não estão trabalhando efetivamente na educação”, disse.
Ela destaca que é preciso investir na formação de gestores para que desenvolvam uma gestão por resultados. “O gestor que tem vontade política vai atrás de recursos, otimiza os que já existem e consegue bons resultados”, disse.
Para Otero, os incentivos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação em alimentação e transporte, por exemplo, também precisam ser fiscalizados.
“Vemos o governo federal entregando ônibus, mas será que estão investindo na manutenção desses equipamentos? A merenda escolar será que é de qualidade? Porque temos problemas quando a criança vai para a escola sem alimentação, a saúde da criança determina sua habilidade de aprender”, explicou.
A coordenadora da Unesco afirmou que o Brasil tem desafios que são estruturantes do sistema educacional e precisa colocar recursos a mais para poder suprir essas deficiências.
Para ela, é importante atingir a meta do Plano Nacional da Educação, de aplicar 10% do PIB na educação.
Desenvolvimento Sustentável
O Relatório de Monitoramento Global da Educação vai monitorar o objetivo global de educação da Agenda de Desenvolvimento Sustentável da ONU. A Agenda 2030 traz os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o plano de ação e as 169 metas prioritárias que devem ser alcançadas pelos países-membros até 2030.
Segundo este primeiro relatório anual, de uma série de 15 anos, é preciso agir com um grande senso de urgência e com um compromisso de longo prazo. “Sem isso, não somente a educação será negativamente afetada, mas haverá impacto também no progresso rumo a cada um dos objetivos de desenvolvimento: redução da pobreza, erradicação da fome, saúde, equidade de gênero e empoderamento das mulheres, produção e consumo sustentáveis, cidades resilientes e sociedades mais igualitárias e inclusivas”, diz o relatório.

Edição: Kleber Sampaio
http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2016-09/orcamento-da-educacao-deve-crescer-6-vezes-para-alcancar-meta-da-onu-diz

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