terça-feira, 12 de novembro de 2013

Mario Friedlander alia fotografia à defesa dos movimentos ecológicos e dos povos tradicionais; veja fotos

Da Redação - Marianna Marimon

Pé na estrada com um olhar afiado, para traduzir a poética da natureza, da humanidade, e assim, revelar o mundo em um clique. “Quando percebi o poder da fotografia, eu me entreguei”, contou o fotógrafo Mario Friedlander, paulista erradicado em Mato Grosso desde a década de 80. Já são 30 anos de estrada, e com a fotografia, que considera uma verdadeira arma, Friedlander atuou em movimentos ecológicos, como a criação do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães. Mas não é só a denúncia que o fotógrafo revela em suas lentes, mas também a estética e a arte.
A sua luta começou com esta ação política ambiental e evoluiu para antropologia, cultural e artística. De Vila Bela a Chapada dos Guimarães, o acervo do fotógrafo revela as mudanças sofridas desde a década de 80. “Quando retorno aos locais em que já trabalhei é significativo, pois, tudo muda. Chapada não é mais o que era, está abandonada, mas foi muito importante para meu crescimento profissional e espiritual. Já Vila Bela permanece mais intacta, por existir menos contato”, disse.

Parte de um movimento ecológico radical, que lutou para criar o Parque de Chapada, Friedlander se lembra da mata densa, do trabalho das turmas em abrir as trilhas, dos encontros e desta batalha travada pelos jovens. “Aquela época era diferente, nós acreditávamos nas pessoas, nas mudanças, hoje, parece que a violência e a corrupção estão impregnadas em todos os lugares”, lamenta.

Mas, as lentes não capturam apenas a natureza. Os povos tradicionais são fruto de intensa pesquisa de Friedlander. “Não se preserva a cultura, porque ela é dinâmica, esta em mutação, o que temos que fazer é proteger, fortalecer. É preciso esta interação para aceitar as diferenças e não querer domar”, explica.

Quando migra para uma comunidade, o fotógrafo conta que entra em contato com os líderes e passa a emergir no cotidiano dos povos tradicionais, como os pantaneiros, os índios, os quilombolos, os afrobolivianos. E com isto, a fotografia se transformou de ambiental para antropológica, mas Friedlander também trabalha com arqueologia.

O fotógrafo ressalta que este trabalho com os povos tradicionais ajuda a própria comunidade a se enxergar de outra forma. “Fazer este registro da cultura popular dos povos tradicionais influenciou as próprias comunidades a se enxergarem de outro modo, pois, estes povos mantém a tradição, mas desconhecem o seu poder e isto dá um novo significado”, adiantou.

Como fruto deste contato intenso com os povos tradicionais é que surgiu a revista “Afromundo”, projeto de sua autoria com colaboração de outros fotógrafos e repórteres.

Sobre os projetos futuros, Friedlander planeja até 2015, lançar ensaios de fotografias cujo processo durou cinco anos de maturação. “Desde 2010 realizo ensaios como de Vila Bela, “Lugar Comum, Lugar Qualquer – Guaporé”, e também outro ensaio que é “Santos Pantaneiros”, que pretendo terminar com cinco anos de maturação do trabalho, que acho um tempo bacana para um ensaio”, revelou.

Realizar este mapeamento dos povos tradicionais, das belezas naturais de Mato Grosso, dos mistérios, das nuances da própria vida, é preciso empenho. “Viajar é caro e difícil, são muitas as limitações, e a relação de envolvimento com estas culturas é muito vasta para ser documentada. Uma vida só é pouco”, concluiu.

Reproduzo o comentário de Eduardo Ricci, publicado no Olhar Direto, por inteira e total concordância
por Eduardo Ricci, em 11/11/2013 às 13:08
Além da técnica apurada e da visão sempre inovadora, um viés ambiental e cultural. Um profissional que faz a diferença!
http://www.olhardireto.com.br/conceito/noticias/exibir.asp?noticia=Mario_Friedlander_alia_fotografia_a_defesa_dos_movimentos_ecologicos_e_dos_povos_tradicionais_veja_fotos_&id=2967#!prettyPhoto

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