É na infância e no âmbito familiar que se constroem as bases para o aprendizado de ciências, lembra educadora. Estímulos são fundamentais para melhor desenvolver as habilidades cognitivas inatas.
Por: Vera Rita da Costa
É muito arraigada entre nós a ideia de que ciências, sejam as da natureza, as exatas ou as humanas, são disciplinas escolares e, por isso, devem ser ensinadas na escola. Conta-se, portanto, única e exclusivamente com o currículo escolar e, sobretudo, com a atuação dos professores nessa tarefa. Pouco ou nada se discute, porém, sobre o fato de que é também na infância e ainda no âmbito da família que se constroem as bases para a aprendizagem de ciências.
De que bases estamos falando? Daquelas que dizem respeito à forma de pensar e de proceder das ciências.
A aprendizagem em ciências não está restrita
àquilo que supostamente se aprende na escola
àquilo que supostamente se aprende na escola
Isso mesmo! A aprendizagem em ciências não está restrita àquilo que supostamente se aprende na escola. Ao contrário, depende em grande medida do estímulo ao uso de habilidades cognitivas com as quais já nascemos. Também depende do incentivo que recebemos ainda no meio familiar e na comunidade em que vivemos e das atitudes que se esperam de nós diante do mundo.
Que tipo de educação científica estamos recebendo em nossa infância? Temos sido incentivados a observar atentamente, a formular e expor livremente nossas hipóteses, a testá-las e a buscar ativamente respostas para nossas inquietações? Temos sido incentivados a duvidar do estabelecido, a procurar evidências, a confrontar (de forma positiva) nossas posições e opiniões, a perseverar na busca, a trabalhar ativa e solidariamente em grupo e a compartilhar conhecimentos?
Visão de mundo
Essas habilidades e atitudes são fundamentais e integram um conjunto característico do modo de pensar e agir científicos. São elas que acabam por definir uma maneira própria de se ver e interpretar o mundo, a qual se define também como ciência. E o papel embrionário da família e dos pais nessa definição é fundamental, sobretudo, quanto ao incentivo que deles se recebe.
O fiel da balança da educação em ciências encontra-se entre manter-se na visão tradicional de que ensinar ciências é meramente admirar e informar sobre o que os outros já produziram ou pender para uma visão mais arrojada de que ensinar ciências é também ensinar a pensar e agir de maneira científica
A tarefa da escola e dos professores, por sua vez, é importantíssima, mas nesse caso em particular não é tão exclusiva quanto se possa crer. A escola se vale de habilidades latentes ou já desenvolvidas na primeira infância para alavancar (ou não) o processo de aprendizagem em ciências. Nos casos bem-sucedidos, consegue estimular e elevar a um patamar mais eficiente o pensamento científico, baseado em evidências e em raciocínio lógico, iniciado na infância. Nos casos negativos, aborta esse processo, substituindo-o pela mera transmissão/recepção de informações científicas, como já tivemos oportunidade de comentar em outras oportunidades aqui.
O fiel da balança quando se trata de educação em ciências encontra-se, portanto, entre dois extremos: manter-se na visão tradicional de que ensinar ciências é meramente admirar e informar sobre o que os outros já produziram (sobre o conhecimento já instituído pela ciência) ou pender para uma visão mais arrojada de que ensinar ciências é também ensinar a pensar e agir de maneira científica (de forma a criticar o que já foi instituído e produzir novos conhecimentos).
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