quarta-feira, 23 de abril de 2014

A arte de perguntar

Termo em voga, ‘problematizar’ virou solicitação frequente de professores, embora estudantes não compreendam o que se propõe. Para esse não virar mais um jargão pedagógico, educadora sugere envolver alunos na proposição de questões desafiadoras.
Por: Vera Rita da Costa
No processo de problematização, é preciso começar a lidar melhor
com a dúvida e a incerteza e, junto com os alunos,
formular mais e melhores perguntas, buscando respostas diferentes
e inovadoras para elas. (foto: Erik Araujo/ Sxc.hu)
'Problematizar’ virou um jargão em educação. E, como todo jargão, tem se tornado uma palavra enfraquecida, cujo significado vem se perdendo. Fala-se em ‘problematizar’, mas, além de não se ter clareza sobre o que é, não se sabe muito bem como fazê-lo.
Outro dia mesmo, visitando uma página de perguntas e respostas na internet, percebi claramente esse fato. Uma estudante colocava a seguinte questão: “O que é problematização? Tenho que ler um texto e a professora mandou a gente problematizar, mas eu não entendi nada.”
A ‘fala’ acima está adaptada, porque a pontuação e as abreviaturas contidas no original não tornariam o seu sentido tão fácil de compreender. Mas não é isso que interessa aqui. Na realidade, o mais curioso é o termo ‘problematização’ já ter chegado às salas de aula como tarefa para os alunos sem, no entanto, ser explicado ou ensinado na prática.
Isso é típico de um jargão – pressupõe-se que o outro saiba do que se trata. Também é típico do nosso sistema de ensino – pressupõe-se que se saiba o que é para fazer. Tão interessante quanto a pergunta apresentada, no entanto, são as respostas formuladas. 
Há uma mais ‘técnica’, que trata do fato de a problematização no ensino estar relacionada à busca da contextualização, da visão interdisciplinar, do resgate dos conhecimentos prévios, da atribuição de significado ao que é apresentado e do convite à reflexão. 
Nessa resposta, chama a atenção a informação: “Perguntas bem colocadas, sem dúvida, promovem o interesse do aluno, que se sente desafiado a mobilizar seus conhecimentos para resolvê-las e, mais importante, estimulado a aprender mais a respeito a fim de construir explicações satisfatórias. No processo todo [de problematização], o estudante provavelmente irá abandonar, complementar ou reformular suas hipóteses iniciais, substituindo-as por outras mais adequadas.”
‘Problematizar’ é simplesmente fazer boas perguntas
A outra resposta, mais ‘didática’, destaca outros aspectos da problematização – a polêmica, a participação e a discussão que ela deve envolver – e recomenda: “Se [a professora] deu um texto, ela quer que você, a partir desse texto, descubra algo que possa ‘saltar’ aos olhos das pessoas e do qual todos queiram participar.”

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http://cienciahoje.uol.com.br/alo-professor/intervalo/2014/04/a-arte-de-perguntar

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