segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Transtornos de aprendizagem: Conheça lições de superação

Conheça as histórias de quem vive e vence, dia após dia, as dificuldades impostas pelos transtornos de aprendizagem, que afetam 17% da população mundial

João Loes


“Tá vendo, mãe - eu sou boa!”
Beatriz Sandoval, 11 anos, foi diagnosticada com dislexia e discalculia em agosto de 2016. Desde então, o colégio onde ela estuda adaptou suas provas e, em disciplinas como a matemática, suas notas saltaram de 3 para 9. Confiante, ela está mais feliz do que nunca e motivada para frequentar a escola.

Aprender não é fácil e são poucas as crianças que completam o período escolar sem ter que vencer ao menos uma grande dificuldade. Pode ser durante a alfabetização, quando boa parte dos recursos do cérebro são instados a funcionar em harmonia para dar sentido às letras. Ou na hora de compreender e agrupar os números, associando-os à ideia de quantidade. Há ainda quem tenha sofrido para conseguir traçar, no papel, as letras que compõem as palavras de um ditado e os que penaram para organizar as sílabas dessas mesmas palavras na hora de pronunciá-las. “Vencer obstáculos faz parte do processo de aprendizado”, diz Monica Weinstein, fonoaudióloga e doutora em Distúrbios da Comunicação Humana pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). “Para a maioria dos alunos em idade escolar, esses contratempos passam.”

Para alguns, porém, os obstáculos não passam. Pelo contrário, se exacerbam e mal respondem aos recursos usados para remediá-los, como a revisão de conteúdo e o reforço escolar. Nesses casos, há que se considerar a possibilidade de um transtorno de aprendizagem (TA) (leia quadro na página 59). O TA é uma inabilidade específica e permanente manifestada, principalmente, na dificuldade com a leitura (dislexia), a escrita (disgrafia) ou a matemática (discalculia). Entre 5% e 17% da população mundial têm o transtorno, sendo que a dislexia é o mais comum, respondendo por 80% dos diagnósticos. Há suspeita de que sejam hereditários, por terem um componente genético. Sabe-se, também, que embora eles alterem os caminhos neurais usados no aprendizado, podem ser contornados.
“Quem tem um TA é tão ou mais inteligente do que quem não sofre com o transtorno”, diz Rosemari Marquetti de Mello, 55 anos, psicóloga, ex-presidente da Associação Brasileira de Dislexia (ABD) e, ela mesma, disléxica. Testes com quem foi diagnosticado e recentes pesquisas feitas a partir de imagens por ressonância magnética do cérebro comprovam o que diz Rosemari e mostram que, com a adaptação nos métodos de ensino, boa parte dos que tem um transtorno de aprendizagem dá conta da rotina escolar.
Leia mais: http://istoe.com.br/licoes-de-superacao/

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