quarta-feira, 4 de junho de 2014

Programação computacional nas séries iniciais

Tendência norte-americana de incluir programação nas séries iniciais de ensino começa a chegar ao Brasil. Mas críticos apontam que, por trás da necessidade de desenvolver habilidades cognitivas e lógicas, escondem-se interesses menos nobres.
Por: Vera Rita da Costa
Nos Estados Unidos, já há currículos e recursos didáticos para incorporar
a programação de computadores na vida diária dos estudantes desde muito cedo.
(foto: Leonardo Augusto Matsuda/ Flickr – CC BY-NC 2.0)
Prepare-se, pois se o tema ainda não bateu à sua porta o fará em breve, e você terá que opinar e se posicionar em relação a ele.
De que tema estamos falando? De aulas de programação computacional para crianças. Isso mesmo! Não se trata da discussão se devemos ou não introduzir aulas de filosofia, religião ou acrescentar mais aulas de ciências em nossos já carregados e fragmentados currículos escolares.
O tema da vez – que já está se tornando febre no exterior e começa também a bater à porta das escolas brasileiras, sobretudo as particulares e mais caras – é a introdução da programação de computadores nas séries iniciais da escolarização.
Não pense que há algum erro ou exagero no que foi dito antes. Trata-se mesmo da proposta de incluir esse aprendizado desde cedo, já nas séries iniciais, equivalentes ao nosso ensino fundamental, ou até na própria educação infantil.
A nova tendência surgiu nos Estados Unidos, incentivada (e patrocinada) por grandes empresas de tecnologia e seus fundadores, entre as quais se destacam Microsoft e Facebook
A nova tendência, como se pode imaginar, surgiu nos Estados Unidos, incentivada (e patrocinada) por grandes empresas de tecnologia e seus fundadores, entre as quais se destacam Microsoft e Facebook. 
Por intermédio da Code.org, uma organização não governamental, essas e outras empresas ligadas à tecnologia da informação têm creditado recursos milionários para disseminar a programação entre os mais jovens e têm obtido enorme sucesso e muita receptividade à sua proposta.
Nos Estados Unidos, já há currículos e recursos desenvolvidos e destinados às diferentes idades, treinamento sendo oferecido aos professores e um eficiente trabalho de divulgação (leia-se lobby) junto às autoridades educacionais e políticos. Tudo com o objetivo explícito de fomentar a incorporação da programação na vida diária dos escolares. Se possível, nos currículos oficiais dos estados norte-americanos, e o quanto antes, melhor. 
Em um artigo recente publicado no The New York Times, fala-se, inclusive, em um ‘movimento nacional pelo ensino de programação’ nas escolas norte-americanas. Coisa da pesada! De quem realmente está preocupado em “inspirar a paixão pela tecnologia”, “incentivar as carreiras ligadas à computação e à tecnologia da informação”, “garantir a empregabilidade futura” e “desenvolver habilidades cognitivas e lógicas”. 
Essas, é claro, são as alegações dos defensores da medida. E, como se pode perceber, é realmente difícil não ser ‘fisgado’ por elas. Qual professor ou professora que não se importa com essas questões atualmente? Qual pai ou mãe que não se preocupa em “conferir vantagens iniciais” ou “preparar seu filho para o futuro”?

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