terça-feira, 18 de novembro de 2014

INSTRUÇÃO NORMATIVA № 018/14/GS/SEDUC/MT








Dispõe sobre o processo de atribuição de classes 
e/ou aulas do Professor e do regime/jornada de 
trabalho do Técnico Administrativo Educacional e 
Apoio Administrativo Educacional, pertencentes ao 
quadro efetivo nas Unidades Escolares da Rede 
Estadual de Ensino para o ano letivo de 2015
demais providências.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Por que investir na primeira infância pode mudar o Brasil

Estudos mostram como o investimento nos primeiros cinco anos de vida das crianças pode garantir incremento de até 60% à renda da população e reduzir problemas de baixa escolaridade, violência e mortalidade infantil

Bianca Bibiano

Tárlis Schneider/VEJA.com)
Por volta dos dois anos de idade, o cérebro do ser humano atinge o pico de sua atividade. Nessa fase, é possível estabelecer até 700 novas conexões neuronais por segundo — praticamente o dobro de sinapses executadas aos dez anos de idade, de acordo com estudos feitos pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos. É nessa fase que se formam as bases de aprendizado que serão utilizadas ao longo de toda a vida. Entretanto, mais de 200 milhões de crianças ao redor do mundo nessa faixa etária não conseguem atingir seu pleno potencial cognitivo por estarem expostas a fatores como subnutrição, pobreza, violência e aprendizagem inadequada. No Brasil, a vulnerabilidade social atinge 21,6% das crianças de zero a três anos, segundo dados da ONG Todos Pela Educação, com base na Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (Pnad) 2013. Na zona rural, a taxa sobe para 40%.

Para o Banco Mundial, instituição que financia projetos em países em desenvolvimento, reverter essa situação não é apenas uma necessidade ética, mas também uma atitude inteligente do ponto de vista econômico. “O prejuízo causado para os cofres públicos para contornar problemas como baixa escolaridade, falta de segurança e mortalidade infantil seria incomparavelmente menor se os recursos fossem destinados para estimular o bom desenvolvimento das crianças na primeira infância", defende Claudia Costin, diretora da área de educação do Banco Mundial.

A especialista conversou com a reportagem de VEJA.com durante conferência realizada em São Paulo na última semana, que reuniu especialistas das áreas de saúde, educação e proteção social para debater políticas de incentivo aos cuidados nos primeiros anos de vida das crianças. Durante o evento, o Banco Mundial lançou o relatório "Intensificando o Desenvolvimento da Primeira Infância", que oferece orientações a governantes sobre como implementar ações para reduzir os principais problemas de vulnerabilidade social.

As intervenções abrangem desde o atendimento pré-natal até os cuidados ao longo dos seis primeiros anos de vida, visando cuidados com nutrição, educação, saúde, saneamento básico e proteção social. "A maioria das ações não requer altos custos. A suplementação de ácido fólico na gravidez, por exemplo, custa cerca de três dólares por pessoa, mas garante desempenho 20% acima da média ao longo da vida escolar da criança", explica Claudia.

Leia também:
Brasil deve investir na pré-escola, diz Nobel de Economia
Educação infantil: o dever de casa do Brasil para o futuro

'Investir em educação infantil é investir em capital humano'

Outro estudo divulgado durante a conferência reforça a ideia. Coordenado pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, que promove projetos de desenvolvimento na primeira infância, o trabalho mostra que, no longo prazo, crianças expostas a menos oportunidades de desenvolvimento nessa fase tornam-se, com maior probabilidade, adultos pobres, produzindo o fenômeno conhecido como ciclo intergeracional da pobreza. "A evidência empírica demonstra que crianças que frequentaram boas escolas e tiveram atenção à saúde adequada na primeira infância tornaram-se cidadãos com menor propensão ao envolvimento com tabagismo, alcoolismo, criminalidade e violência, além de precisarem menos da ajuda do governo para sua sobrevivência", diz o relatório assinado por educadores, psicólogos e economistas.
No início deste mês, a Fundação estabeleceu uma parceria com o governo de São Paulo para realizar projetos que integram saúde, educação e proteção social em 34 cidades do Estado. A partir de 2015, o programa Primeiríssima Infância vai oferecer assistência qualificada para aproximadamente 5.000 gestantes e 11.500 crianças de até três anos de idade, além de capacitar professores, pediatras e assistentes sociais. "Existe certa burocracia nos governos para fazer projetos integrados entre diferentes pastas, mas as pesquisas mostram que esse é o melhor caminho para uma ação efetiva", explica Eduardo Marino, porta-voz da Fundação.

Incremento na renda e qualidade de vida — O crescente movimento em torno desse tema nos últimos anos tem como percussor o economista americano James Heckman, ganhador do prêmio Nobel de Economia em 2000. Ao longo dos últimos dez anos, Heckman fez dezenas de análises sobre educação infantil e comprovou que o investimento na primeira infância pode resultar em um incremento de renda de até 60% de adultos que frequentaram creches, se comparado a pessoas que não fizeram essa etapa de ensino. "O investimento em educação infantil significa investimento em capital humano. Um dos estudos, realizado em uma pré-escola chamada Perry, nos EUA, mostrou que após cinco anos, 67% das crianças que tiveram acesso à educação desde cedo registraram QI acima de 90 - no grupo que pulou essa etapa, apenas 28% atingiu esse patamar", afirmou o pesquisador ao site de VEJA.

Ainda de acordo com Heckman, após 14 anos, o grupo que participou do programa de educação infantil teve o triplo de notas satisfatórias ao longo da vida escolar em comparação com estudantes que não tiveram o mesmo acesso. "Também houve impacto significativo na redução do envolvimento com criminalidade e até mesmo na capacidade de manter uma relação afetiva estável", conclui.

Para Ann Masten, professora da Universidade de Minnesota, nos EUA, e representante do fórum Investing in Young Children Globally (IYCG), formado por 21 organizações públicas e privadas para incentivar políticas nessa área, as pesquisas de Heckman estão ajudando a mudar o modo como a educação infantil é pensada. "Estamos assistindo a um movimento muito positivo na sociedade: as pessoas estão reunindo seus conhecimentos, seja na economia, saúde ou educação, para investir no futuro. Já sabemos o quão prejudicial pode ser a falta do atendimento na primeira etapa da vida das crianças e agora estamos reunindo recursos para reverter a situação. Os avanços que temos visto nos mostra que é possível reduzir as diferenças socioeconômicas ainda no berço."

http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/por-que-investir-na-primeira-infancia-pode-mudar-o-brasil

SME: PORTARIA Nº 212 /2014/GS/SME ATRIBUIÇÃO DE CLASSES E/OU AULAS


PORTARIA N.º 212 /2014/GS/SME DE 04 NOVEMBRO DE 2014

(CLIQUE NO LINK PARA ACESSAR)


Dispõe sobre o processo de normatização da atribuição de classes e/ou

aulas do Professor e do regime/jornada de trabalho dos Técnicos, pertencentes 

ao quadro efetivo da Secretaria Municipal de Educação, lotados no Órgão 

Central e nas Unidades Educacionais, para o ano de 2015 e demais 

providências.



Veja também a INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 018/GS/SEDUC/MT

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Formação docente: O impacto na pedagogia



Como as novas abordagens pedagógicas surgidas a partir do uso tecnológico estão alterando o processo de ensino-aprendizagem nas salas de aula brasileiras

Paula Ribeiro e Luciana Zenti

Em recente pesquisa rea­lizada pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), pais e alunos declararam acreditar que a tecnologia pode ser uma das ferramentas para melhorar a qualidade da educação no Brasil. Também é cada vez mais comum que os estudantes cheguem com seus dispositivos móveis no ambiente escolar. Em inegável momento de pressão pelo uso de ferramentas digitais em sala de aula, cabe perguntar: até que ponto a tecnologia está influenciando a pedagogia? As novas abordagens que começam a aparecer como “modas” no processo ensino-aprendizagem vão realmente alterar a relação professor-aluno?
Em um cenário onde o uso desses dispositivos em sala de aula é incipiente, e as pesquisas de avaliação de impacto ainda estão em estágio inicial, questões como essas estão sendo formuladas e suscitam todo tipo de reação, inclusive a resistência. Se por um lado a tecnologia parece uma “onda” invadindo a escola, por outro a instituição escolar tem natural receio de mudanças. Mesmo assim, especialistas, professores e gestores podem pressentir que elas estão acontecendo. É o que Alexandre Barbosa, gerente do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETICbr.), chama de “revolução silenciosa”. “Há um movimento de mudança, é claro que não na velocidade que gostaríamos, mas as escolas estão nesse movimento muitas vezes silencioso.”
Para Alexandre, o principal impacto na ciência da educação será a passagem para a construção coletiva do conhecimento – um desafio atual que afeta a escola, quer ela queira, quer não. “A escola certamente vai ser reinventada. Passará de uma escola menos focada na aquisição de conhecimento individual para uma conhecimento mais coletivo”, exemplifica.
Para a professora em Educação, Comunicação e Tecnologia, da Universidade de Brasília (UnB), Laura Maria Coutinho, os alunos são os principais agentes dessa transformação em curso. “Minha hipótese é a de que os alunos já trazem para a sala de aula seus equipamentos conectados [e isso contribui para as mudanças].” Para ela, esse é um movimento em ascensão. “Cada vez mais, vamos ter acesso aos meios digitais. E vamos ter de lutar para que isso ocorra porque é parte da democratização da educação.”

Uma teoria alternativa
Em dezembro de 2004, o canadense George Siemens, juntamente com Stephen Downes, lançou um novo conceito de aprendizagem no texto intitulado Conectivismo: Uma teoria de aprendizagem para a idade digital. No texto, Siemens critica o behaviorismo, o cognitivismo e o construtivismo como as três grandes teorias da aprendizagem mais frequentemente usadas na criação de ambientes instrucionais, sendo que as três foram desenvolvidas em um tempo em que a aprendizagem não sofria o impacto da tecnologia – que hoje realiza muitas das operações cognitivas anteriormente realizadas pelos aprendizes, como armazenamento e recuperação de informação.
Siemens reflete que um dogma central da maioria das teorias de aprendizagem é a ideia de que a aprendizagem ocorre dentro da pessoa. “Mesmo a visão construtivista social, que defende que a aprendizagem é um processo rea­lizado socialmente, promove a primazia da pessoa (e sua presença física – i.e. baseado no cérebro) na aprendizagem. Estas teorias não abordam a aprendizagem que ocorre fora da pessoa (i.e. aprendizagem que é armazenada e manipulada através da tecnologia). Elas também falham em descrever como a aprendizagem acontece dentro das organizações”, escreve.
Segundo a nova teoria, posteriormente sistematizada no livro Knowing Knowledge (2006), o conhecimento não é um objetivo ou um estado que pode ser alcançado ou através do raciocínio ou das experiências. Considerando que a produção do conhecimento cresceu exponencialmente, os indivíduos devem aprender a acessá-los. “Não podemos mais, pessoalmente, experimentar e adquirir a aprendizagem de que necessitamos para agir. (...) Para aprender, em nossa economia do conhecimento, é necessário ter a capacidade de formar conexões entre fontes de informação e daí criar padrões de informação úteis. (...) Este ciclo de desenvolvimento do conhecimento (da pessoa para a rede para a organização) permite que os aprendizes se mantenham atualizados em seus campos, através das conexões que formaram”, descreve.
Para o professor aposentado da USP e especialista em inovação na educação, José Moran, a teoria de Siemens e Downes ainda são estudos parciais acerca da nova realidade, muito recente. As mudanças pelas quais passa o campo educacional, entretanto, não desvalidam as teorias interacionistas idealizadas por pensadores como J. Piaget, Lev Vigotski e Paulo Freire, que defendem que a aprendizagem é fruto da interação do aprendiz com as pessoas do mundo. “As teorias continuam válidas, mas começam a ser adaptadas a um mundo conectado, no qual podemos aprender em espaços, tempos e de formas muito diferentes, num contínuo entre o encontro físico e digital, impensável décadas atrás”, avalia.

Mudanças em curso
Há mais de três décadas, o antropólogo, sociólogo e filósofo francês Edgar Morin tem pensado as mudanças globais da contemporaneidade, entre elas o avanço da tecnologia da informação. Longe de citar a tecnologia como reformadora da educação, sua aposta é no pensamento complexo (aquilo que é pensado em conjunto), e na ideia de totalidade (contra a fragmentação dos saberes). Sua teoria, indicada, entre outros, no livro Os sete saberes necessários à educação do futuro (Cortez Editora), aponta para a necessidade de os professores religarem os seres e os saberes. Seriam as novas tecnologias instrumentos propulsores – e não veículos – para o professor se apoiar em tais mudanças?
“Vejo para o futuro uma educação integral, com níveis distintos de qualidade e intencionalidade pedagógica. O ensino ficará menos teórico. Será mais vivencial”, diz Anna Penido, diretora do Instituto Inspirare. Para ela, na prática isso se manifestará em menos aulas expositivas. “Haverá mais projetos, mais experiências em laboratórios. Serão criadas coisas a partir do conhecimento, do teste de hipóteses. O conhecimento será mais vivido e a ênfase na teoria diminuirá.”
Por ora, o impacto desse pensamento se dá em diversas abordagens que, em comum, têm no uso da tecnologia o cerne para promover práticas que se coadunam em eixos similares: ensino personalizado (ou aprendizado adaptativo), compartilhamento de saberes e descentralização da sala de aula como único ambiente de aprendizagem. Entretanto, elas não devem ser vistas separadamente – o importante é que o recurso escolhido esteja adequado ao planejamento e aos objetivos pedagógicos traçados pelo professor, e não o contrário (a aula planejada para a utilização da ferramenta).

No mundo real
As opções que se apresentam aos professores são cada vez mais globais, e normalmente vindas de países imersos na cultural digital. Em 2012, o editor da revista Wired­ e autor do best-seller A cauda longa, Chris Anderson, lançou o livro Makers – A nova revolução industrial (Elsevier). Segundo sua teoria, “os últimos dez anos foram de descobertas de novas maneiras de criar, de inventar e de colaborar na web. Os próximos dez anos serão de aplicações desses ensinamentos no mundo real”. Já aportado no campo educacional, o movimento “maker” ou “faça você mesmo” preconiza que alunos e professores desenvolvam os projetos que desejarem (leia mais na página 42).
“Devemos repensar a divisão em disciplinas, aulas, conteúdos programáticos e a ideia da sala de aula como único espaço da aprendizagem”, acredita Adolfo Tanzi Neto, consultor pedagógico e de pesquisas da Fundação Lemann.
A mudança, porém, é ampla e afeta a concepção da própria escola e do trabalho docente. Em meados de 2009, o educador português António Nóvoa publicou o livro Professores: Imagens do futuro presente (Lisboa: Educa). Para ele, desenha-se neste momento um novo espaço público da educação, onde deverá ser firmado um novo contrato entre os professores e a sociedade, no qual os professores devem assumir uma nova capacidade de comunicação e um reforço da sua presença pública. Neste contexto, o “bom professor” ganha relevância, definindo-se em função de cinco características: conhecimento, cultura profissional, tato pedagógico, trabalho em equipe e compromisso social.

Educação em rede
A tarefa de religar diretores, coordenadores e professores em torno de um mesmo projeto tem se materializado em currículos desenvolvidos a partir da integração de mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação, chamado de “webcurrículo” por alguns especialistas. Segundo a pesquisa TIC Educação 2013, os professores já estão ligados nesse movimento: 96% dos docentes de escolas públicas usam ferramentas on-line para preparar aulas ou atividades do dia a dia. Mas a maior prova dessa mudança talvez seja o crescente compartilhamento de conteúdos, chamados de Recursos Educacionais Abertos (REA) (leia mais na página 54).
“O grupo de professores terá de se valorizar, trocar ideias, falar sobre seus dilemas. E tudo isso em rede, conectado, para aprender com outras realidades e trazer para a sua os exemplos que estão dando certo”, diz Priscila Gonsales, diretora-executiva do Instituto Educadigital. Para Priscila, um dos impactos na relação professor-aluno é o compartilhamento de experiências. “O professor não precisa aprender primeiro para depois passar o conhecimento. Todos podem aprender juntos”, acredita.
Quando contemplam diversos recursos multimídia – vídeo, som e imagem –, os materiais didáticos começam a responder a uma das demandas mais contemporâneas da educação: o ritmo e a forma de aprendizagem de cada aluno. “A principal vantagem do uso desses materiais está no fato de promover autonomia e protagonismo de maneira efetiva para os alunos, pois eles têm controle do objeto analisado, desde o horário até o local e a forma com que irão desenvolver o conteúdo”, diz Ailton Luiz Camargo, professor de história do Colégio Objetivo Sorocaba e da rede municipal de Iperó (SP).
Nesse sentido, uma das fortes tendências apontadas por especialistas é o ensino híbrido, em que se mesclam aulas presenciais com atividades virtuais personalizadas: pode ser uma videoaula sobre um tópico em que o aluno está com dificuldade, um jogo pedagógico para aprofundar um conteúdo ou um curso on-line inteiro. “A ideia é que educadores e estudantes ensinem e aprendam em tempos e locais variados”, explica Lilian Bacich, que pesquisa o tema no seu doutorado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento na Universidade de São Paulo (USP).

Princípios do conectivismo
* Aprendizagem e conhecimento apoiam-se na diversidade de opiniões;
* Aprendizagem é um processo de conectar nós especializados ou fontes de informação;
* Aprendizagem pode residir em dispositivos não humanos;
* A capacidade de saber mais é mais crítica do que aquilo que é conhecido atualmente;
* É necessário cultivar e manter conexões para facilitar a aprendizagem contínua;
* A habilidade de enxergar conexões entre áreas, ideias e conceitos é fundamental;
* Atualização (currency – conhecimento acurado e em dia) é a intenção de todas as atividades de aprendizagem conectivistas;
* A tomada de decisão é, por si só, um processo de aprendizagem. Escolher o que aprender e o significado das informações que chegam é enxergar através das lentes de uma realidade em mudança. Apesar de haver uma resposta certa agora, ela pode ser errada amanhã devido a mudanças nas condições que cercam a informação e que afetam a decisão.

Independentemente da abordagem utilizada, as questões levantadas por pensadores e professores em sua prática diária ainda precisarão de tempo para obter respostas duradouras. Em momentos de mudanças, é natural que as tentativas de adaptação sejam permeadas pelo erro-acerto. Mas, assim como estão ocorrendo transformações nas relações pessoais no espaço social, elas parecem irreversíveis no ambiente educacional. Resta saber como serão processadas.
Veja algumas dessas possibilidades.

http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/211/artigo330334-1.asp

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Manoel de Barros: "Eu fiz o nada aparecer"

Há aprendizagens que não se apagam. 
Aprendi a amar Manoel de Barros. 
Sou feliz por isso. 

Gilberto Fraga


......

Alguns trechos de sua sabedoria:

Tenho candor 
por bobagens.
Quando eu crescer eu vou ficar criança.
...
Uma rã se achava importante
Porque o rio passava nas suas margens.
...
No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá onde a
criança diz: Eu escuto a cor dos passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não funciona
para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um verbo, ele 
delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta, que é a vez de fazer nascimentos - 
O verbo tem que pegar delírio.
...

Poesia é voar fora da asa.
...
Eu queria crescer pra passarinho...
...
Com pedacinhos de mim eu monto um ser atônito.
...
Não é por me gavar
           mas eu não tenho esplendor.
Sou referente pra ferrugem
           mais do que pra fulgor.
Trabalho arduamente para fazer o que é desnecessário.
O que presta não tem confirmação,
           o que não presta, tem.
Não serei mais um pobre-diabo que sofre de nobrezas.
Só as coisas rasteiras me celestam.
Eu tenho cacoete pra vadio.
As violetas me imensam.
...
Trechos de várias obras
In Manoel de Barros
Poesia Completa
Sp: Leya, 2010

Morre o poeta Manoel de Barros, aos 97 anos

O escritor cuiabano Manoel de Barros morreu nesta quinta-feira, aos 97 anos. Ele foi internado no dia 24 de outubro no Proncor, em Campo Grande (MS), para uma cirurgia de desobstrução do intestino. A causa da morte ainda não foi divulgada. O escritor completaria 98 anos em 19 de dezembro.

Em agosto de 2013, quando perdeu seu segundo filho, o primogênito Pedro, vítima de um AVC (cinco anos depois de João, que morreu num acidente de avião), Manoel de Barros desabou. A filha Martha afirmou, então, que depois da perda, e por causa da idade, “ele estava se apagando como uma velinha”. Uma imagem poética que faz jus a um personagem cuja dedicação aos versos teve o afinco e a simplicidade de quem vê o mundo pela lente da beleza.

Nos últimos anos, por conta da saúde debilitada, praticamente não saía de casa, em Campo Grande, sob os cuidados da filha e da mulher, Stella, com quem estava casado desde 1947. No ano passado, antes de completar 97 anos, ainda escreveu o poema “A turma”, e então se recolheu no silêncio. Não conseguia mais escrever e se alimentava com dificuldade. Mas isso não significava que as edições de seus livros estivessem no limbo. Suas obras continuam despertando a atenção dos leitores-admiradores. Em fevereiro, a editora Leya lançou uma caixa com sua poesia completa, composta de 18 livros (incluindo o poema inédito). No final de outubro, o selo Alfaguara (Objetiva) anunciou a contratação da obra do poeta, que começará a ser reeditada no segundo semestre de 2015. Além disso, dezenas de cartas que o escritor trocou com figuras como o bibliófilo José Mindlin, o embaixador Mário Calábria e o editor Ênio Silveira foram levantadas por pesquisadoras e, podem, no futuro, serem reunidas em livro.

Nascido em Cuiabá em 1916, Manoel era filho do capataz João Venceslau Barros. Viveu por muitos anos em Corumbá (MS), antes de se mudar para a capital sul-mato-grossense. Ainda criança, passava longas temporadas na fazenda do pai, no Pantanal, onde desenvolveu o olhar para os movimentos da natureza. Engana-se, porém, quem o vê como um “poeta do Pantanal”, rótulo que ele sempre recusou. “A poesia mexe com palavras e não com paisagens”, justificava.

VISIONÁRIO DA HUMILDADE

Manoel foi aluno interno em escolas em Campo Grande e depois no Rio de Janeiro. Quando cursava o internato São José, na Tijuca, descobriu os sermões do padre Antonio Vieira, com quem aprendeu “a beleza de uma sintaxe”. Jovem estudante de Direito na então capital federal, acabou se envolvendo com figuras comunistas da cena carioca. Mas, depois de romper com o Partido Comunista ao saber que Luis Carlos Prestes deu seu apoio à Getúlio Vargas, desiludiu-se com a política e resolveu viajar. Passou por Bolívia e Peru (“vivendo como um hippie”, dizia), antes de chegar a Nova York. Na cidade americana, viu “as novidades do mundo” e fez cursos de cinema e artes plásticas. Na volta ao Brasil, conheceu a mineira Stella no Rio de Janeiro e três meses depois já estava casado.

Mesmo sendo considerado um dos maiores autores brasileiros, comparado frequentemente a Guimarães Rosa e ao português Fernando Pessoa, sua reclusão por tantas décadas em terras pantaneiras e a timidez acabaram dificultando a divulgação de sua obra. Nos anos 1980, admiradores famosos de seus versos, como Millôr Fernandes e Antônio Houaiss, começaram a divulgar poemas de Manoel de Barros, ou a citá-lo em colunas de jornais.

O filólogo, que admirava o poeta desde o seu primeiro livro, via nele um “visionário da humildade e solidariedade humanas”. Já Carlos Drummond de Andrade chegou a declarar que o cuiabano era o “maior poeta brasileiro” vivo. O sucesso do filme “Caramujo-flor” (1989), do cineasta sul-matogrossense Joel Pizzini, ensaio visual baseado na vida e na obra de Manoel, também responsável pelo reconhecimento tardio.

Com tantos elogios, Manoel começou a chamar atenção das editoras e do público. Ganhou dois prêmios Jabutis (por “O guardador de águas”, em 1989, e “O fazedor do amanhecer”, em 2002) e teve livros publicados em Portugal, França, Espanha e Estados Unidos. Em 1998, recebeu o Prêmio Nacional de Literatura do Ministério da Cultura, pelo conjunto do seu trabalho. Sua obra mais conhecida é “O livro sobre o nada”, lançada em 1996, no qual aperfeiçoou o seu autodeclarado “idioleto manoelês archaico” — uma linguagem própria criada para transmitir o desregramento dos sentidos. O autor, contudo, considerava seu primeiro livro, “Poesias concebidas sem pecado”, de 1937, o melhor.

Em 1998, o autor explicou seu processo de escrita em entrevista ao GLOBO:

— Eu estou trabalhando com a palavra e aí me vem uma ideia. E por isso não acredito em inspiração, acredito em trabalho.Mas sei também que transformar palavra em verso, combinar o ritmo com a ressonância verbal, é um dom linguístico. Tenho frases poéticas que são versos. Sei fazer frases.

POPULAR, MAS POUCO AVALIADO

Embora tenha sido por várias vezes o poeta que mais vendeu livros no Brasil, Manoel chegou a comentar que gostaria de também ter sido mais avaliado pelos grandes críticos literários do país, relatou a pesquisadora e professora de Letras da UFMG Lúcia Castello Branco em entrevista ao caderno Prosa, em fevereiro deste ano. O escritor é objeto frequente da academia, por meio da realização de dissertações e teses, mas, na opinião dela, a crítica deixa a desejar. Em uma reportagem do “Jornal do Brasil” de 1988, na qual era descrito como “o poeta que poucos conhecem”, Manoel explicou os motivos do seu isolamento: “Não tenho boa convivência com a glória. Acho que ela me perturbaria. Preciso muito do escuro”.

No documentário “Só dez por cento é mentira”, lançado em 2008 por Pedro Cezar, ao ser indagado sobre como gostaria de ser lembrado, Manoel ri, coça o peito, diz que a pergunta é cruel; já mais sério, fala que o único jeito é pela poesia. “A gente nasce, cresce, amadurece, envelhece, morre. Pra não morrer, tem que amarrar o tempo no poste. Eis a ciência da poesia: amarrar o tempo no poste”.



http://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?noticia=Morre_o_poeta_Manoel_de_Barros_aos_97_anos&edt=27&id=382940

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Computador está fora da sala de aula na maioria das escolas públicas

Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil Edição: Aécio Amad


A maioria das escolas públicas do país (99%) tem computador e acesso à internet (95%), mas a tecnologia ainda não está na sala de aula. Os dados são da pesquisa TIC Educação lançada na noite de hoje (10) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI) por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic).

Segundo a pesquisa, feita em 1.125 escolas em áreas urbanas e que ouviu estudantes, professores e diretores, em apenas 6% dos estabelecimentos os computadores estão instalados nas salas de aula e 85% nos laboratórios de informática. “O que é um negócio ainda meio esquisito, que é separado da biblioteca. Então, você passa a ideia que livro é uma coisa e computador é outra. Tudo fora de lugar”, disse o assessor da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (Unesco), Guilherme Canela.

Em 30% das escolas o uso do computador acontece prioritariamente na sala de aula, mas por esforço dos educadores. “Porque ou professor ou a professora gentilmente leva o seu equipamento para a sala de aula”, ressaltou. Diante desse fato, o assessor da Unesco indagou como é possível construir uma escola da chamada educação do século 21 se “o computador está em uma outra sala, trancada com 53 cadeados?”

Para o coordenador do Programa Cidadania dos Adolescentes do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Mário Volpi, ainda faltam estratégias para uso dos avanços tecnológicos no ensino. Segundo ele, a maioria dos estados gastou tempo e dinheiro do poder público para aprovar no Legislativo uma lei que proíbe o celular na sala de aula, quando deveria gastar o tempo “para pensar como potencializar os processos pedagógicos com o uso do celular”. Volpi ressaltou que diversas organizações não governamentais têm projetos para uso do aparelho como ferramental educacional.

“Nós precisamos investir o tempo da repressão a essas tecnologias para otimizá-las, usá-las como recurso pedagógico”, acrescentou ao falar durante o seminário em que foi divulgado o levantamento.

Apesar da disseminação dos computadores e acesso à rede, a velocidade das conexões ainda aparece como um problema. De acordo com a pesquisa, 57% das escolas têm conexões até 2 megabits por segundo, velocidade mínima prevista pelo Programa Banda Larga nas Escolas. Essa velocidade só é superada em 19% dos estabelecimentos de ensino. Em 17% dos casos, a velocidade é inferior a 1 megabit por segundo.

Há ainda a disparidade regional. O acesso à internet é universal (100%) nas escolas do Sul e do Sudeste, mas atinge 86% dos estabelecimentos do Norte e Nordeste. Em relação à velocidade, o Nordeste e o Centro-Oeste concentram as conexões mais lentas, com 51% e 61% respectivamente das redes funcionando abaixo de 2 megabits por segundo.

http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2014-11/computador-esta-fora-da-sala-de-aula-na-maioria-das-escolas-publicas

MinC vai premiar práticas lúdicas, artísticas e culturais que promovam destaque na Educação Infantil


O Ministério da Cultura (MinC), em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC), torna público o edital que visa premiar práticas lúdicas, artísticas e culturais que promovam destaque na Educação Infantil. O edital “Escola: Lugar de Brincadeira, Cultura e Diversidade” prevê 40 premiações a centros educacionais de educação infantil públicos, conveniados ou comunitários que inscreverem ações culturais de caráter pedagógico de promoção e valorização da diversidade.
O objetivo é identificar, reconhecer, fomentar e incentivar práticas lúdicas, artísticas e culturais nas instituições públicas de ensino infantil, que desenvolvamações comprometidas com a infância e a diversidade. Tudo isso, a partir do “brincar” como principal linguagem e manifestação cultural, evidenciando as crianças enquanto produtoras de arte e cultura em contextos de sócio e biodiversidade.
As iniciativas concorrentes deverão estar referendadas na cultura da infância, devendo focar:
- A valorização da identidade local propiciando a interação e o conhecimento das crianças sobre as manifestações e tradições culturais brasileiras que abarquem a transmissão de saberes e fazeres por intermédio de práticas e/ou da oralidade entre as diversas culturas e gerações, próprias de suas comunidades: seus costumes, culinárias, memória, contos populares, práticas construtivas, lendas, mitos, provérbios, crenças, adivinhas, cantigas/canções, danças, altos, romanceiros e outros.
- O reconhecimento, valorização e respeito à interação das crianças com as diversas etnias que compõem o território brasileiro, tais como elementos das manifestações de povos e das culturas negras e afro-brasileiras, indígenas, cigana, rurais, dos povos ribeirinhos, da floresta, de influência oriental, latina ou europeia.
- O respeito e consideração às relações de gênero numa perspectiva da promoção da igualdade, diversidade e identidade de gênero; múltiplas formas de relação e de modelos familiares, trabalhando de maneira afirmativa questões que se distanciem de estigmas socialmente construídos.
- A valorização do pensamento, criatividade, expressão, opinião, interações e brincadeiras favorecendo a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o progressivo domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão: gestual,verbal, cênica, plástica, dramática, circense, musical, audiovisual e outros.
A ação ou projeto de cunho político pedagógico deverá ser apresentada pela escola a partir das práticas já existentes na instituição, finalizadas ou em contínua realização. O valor total de cada prêmio é de R$ 10.000,00.
As inscrições estão abertas e podem ser feitas até o dia 25 de novembro.
Clique aqui para saber mais e fazer a inscrição.
Mais informaçõesinfanciaecultura@ufc.br ou (85) 3366-7677/ 3366-7691 ou 3366-7819
http://undime.org.br/minc-vai-premiar-praticas-ludicas-artisticas-e-culturais-que-promovam-destaque-na-educacao-infantil/

Alunos participam de encontro interescolar de dança e cultura


Secom Cuiabá
Foto: Jorge Pinho

A escola municipal Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon promove na próxima quinta-feira (13), a partir das 16 horas, a 13ª edição do Encontro Interescolar de Dança e Cultura da Cidade Educadora (Eidancce). O evento será realizado na Concha Acústica do Parque Mãe Bonifácia e contará com a participação de alunos de várias escolas municipais. 
O Eidancce faz parte das comemorações ao Dia da Consciência Negra e Zumbi dos Palmares, celebrado no dia 20 de novembro. “O objetivo do Eidancce é exaltar o líder da resistência negra, divulgar sua história e valorizar as ações desenvolvidas no cotidiano das escolas da rede pública de Cuiabá”, explica a professora Sueli de Fátima Xavier Ribeiro, idealizadora do evento.
Também participam do evento alunos das escolas municipais Maria Tomich Monteiro da Silva, Maria da Glória de Souza, Juarez Sodré Farias, Raimundo da Conceição Pombo Moreira da Cruz, Doutor Orlando Nigro, Professora Alzira Valladares e Nossa Senhora Aparecida.
O evento contará também com a participação do Coral da Prefeitura de Cuiabá e o Grupo de Cururu Coração Tradição Franciscano.

http://www.cuiaba.mt.gov.br/educacao/alunos-participam-de-encontro-interescolar-de-danca-e-cultura/9872

Acesse a Pesquisa que mostra que 12% dos pais são comprometidos com a educação dos filhos

Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil Edição: Armando Cardoso


A Pesquisa Atitudes pela Educação, divulgada hoje (6) pelo movimento Todos pela Educação, mostra que 19% dos pais de estudantes são considerados distantes do ambiente escolar e da própria relação com os filhos. No outro extremo, 12% dos pais sãos comprometidos, ou seja, acompanham o desempenho dos filhos na escola, comparecem às atividades escolares e têm relação próxima com crianças e jovens.



A pesquisa envolveu 2.002 pais ou responsáveis de alunos de 4 a 17 anos, matriculados da educação infantil ao ensino médio, em escolas públicas e particulares de todas as regiões do país. Dependendo da maior ou menor valorização da educação e vínculo com a criança ou jovem, o estudo classifica os pais como envolvidos (25%), vinculados (27%), intermediários (17%), comprometidos e distantes.
Entre os pais considerados distantes, 25% procuram se informar sobre a proposta de ensino da escola, 37% ajudam a organizar o material para as aulas e 20% conversam com o filho sobre talentos no estudos e em outras atividades. Além disso, 60% gostam dos momentos que passam com parentes e 59% acreditam que há uma relação de respeito entre todos na família.
Dos 12% comprometidos, 86% se informam sobre a proposta de ensino da escola, 98% observam as faltas, 91% respeitam a opinião das crianças e dos jovens, 79% mantêm contato com a escola sobre o desenvolvimento do aluno, 100% gostam dos momentos em família e 99% acreditam que há uma relação de respeito entre seus membros.
De acordo com Alejandra Meraz Velasco, coordenadora-geral do Todos Pela Educação, os que têm perfil mais envolvido acreditam que o estudo pode garantir uma vida melhor. Destes, a maioria respondeu sobre escola e importância da educação escolar. Pais com perfil mais vinculado são os que têm diálogo muito bom com os filhos, embora esse vínculo não passe, necessariamente, pela educação.
Alejandra explicou que a participação dos pais é fundamental para o desempenho escolar. Segundo ela, a família e o contexto socioeconômico facilitam esse desempenho. "O que a gente percebe em outras pesquisas qualitativas é que essas duas dimensões têm de estar equilibradas. Não aditanta vínculo afetivo melhor sem a valorização da escola. Da mesma forma, o pai que valoriza a educação e não estabelece diálogo com filho será pouco efetivo na educação", salientou.
Na ánalise de Alejandra, o percentual de pais distantes é baixo, mas ainda há o que melhorar. "Eles têm uma relação abaixo da média da observada em outros pais. Isto não quer dizer que não se importem com os filhos ou com a educação. A gente percebe espaço para transformar a atitude dos pais, de modo que tenha impacto positivo na educação", comentou.
Em relação à presença nas reuniões escolares, o levantamento mostra que 53% participaram de todas, 26% de algumas e 19% não participam de nenhuma. A principal justificativa (66%) é a falta de tempo.  
O levantamento ressalta que o quantitativo de pais que buscam crianças e jovens na escola diminui à medida que o estudante cresce. Conforme os dados, 58% dos pais buscam filhos entre 4 e 5 anos e apenas 3% das crianças vão a pé ou de transporte público. O cenário é inverso na faixa entre 15 e 17 anos. Somente 13% dos pais levam filhos ao colégio e 75% dos jovens vão sozinhos. De acordo com Alejandra, é natural que a relação pai e filho mude com a idade e que as cobranças sejam outras. Acrescentou que os pais devem ter formas de participação e de diálogo sobre a vida escolar, independentemente da idade dos filhos.
Dos entrevistados, 64% trabalham, 6% estão desempregados e 36% são beneficiários do Bolsa Família. Além disso, 76% se informam pela TV aberta e 42% costumam ler livros.

Para consolidar a pesquisa, o movimento Todos Pela Educação contou com apoio das fundações Roberto Marinho, Maria Cecília Souto Vidigal e Itaú Social e dos institutos Unibanco e C&A. O levantamento é do Instituto Paulo Montenegro e do Ibope Inteligência. As 2.002 entrevistas foram feitas entre 28 de junho e 8 de julho. A maior parte dos entrevistados (84%) são pais. Também participaram avós (11%), madrastas e padastros (2%), tios (2%) e irmãos (1%).

http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2014-11/pesquisa-mostra-que-12-dos-pais-sao-comprometidos-com-educacao-dos-filhos

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Entrevista: João Batista Oliveira "A escola perdeu sua função social no Brasil", diz estudioso

Para especialista, missão primordial de transmitir conhecimento vem sendo esmagada pela ideologia que reduz a educação a ferramenta de dominação

Bianca Bibiano
oão Batista Oliveira: "a função histórica e antropológica da escola é transmitir conhecimento" (Pedro Franca/Agência Camara /VEJA)
Pouca gente discorda que é papel da escola transmitir os conhecimentos imprescindíveis ao desenvolvimento do indivíduo e, por tabela, do país. Para o estudioso João Batista Oliveira, contudo, a missão vem sendo esmagada no Brasil por políticas mais interessadas em propagandear números grandiosos e por ideologias cujo interesse passa longe da educação. O resultado é o fracasso do ensino no país. "Perdemos a noção da função social da escola. Ela deixou de ser cobrada pelo cumprimento de suas obrigações essenciais e passou a ser cobrada por milhares de coisas que ela não tem condição de fazer, como cuidar da educação sexual, educação para o trânsito, para o consumo etc.", diz Oliveira. A história de como se deu esse processo é dissecada no livro Repensando a Educação Brasileira, que chega às livrarias nesta semana, em que o pesquisador discute qual é, enfim, a função da escola e propõe medidas para recolocar nos trilhos professores e escolas. Oliveira atuou durante vinte anos como consultor do Banco Mundial e da Organização Internacional do Trabalho e ajudou a implantar projetos de educação em mais de sessenta países. No Brasil, foi secretário executivo do Ministério da Educação e, desde 2006, está à frente do Instituto Alfa e Beto, organização não governamental que promove a alfabetização em redes públicas de ensino. Em dezembro, a ONG vai realizar pela primeira vez o Prêmio Prefeito Nota 10, iniciativa que vai identificar e recompensar o município brasileiro que mantém a melhor rede de ensino do país. Confira a seguir a entrevista que ele concedeu a VEJA.com.
Como o senhor vê o atual debate sobre educação no Brasil? Em nosso país, não há debate. A educação é tratada somente do ponto de vista de leis, regulamentos, aumento de vagas, interesses de professores e sindicatos. A política de educação sempre foi pautada pela ideia de crescimento. Ou seja, mesmo que país esteja vendo sua taxa de natalidade cair, ainda se vendem promessas de mais vagas, além de mais tempo na escola, mais disciplinas no currículo, mais regulamentação. É uma estratégia que interessa aos políticos, porque gera emprego para professores e mais construções para somar ao orçamento, que caem bem em período eleitoral. De certo modo, essa visão distorceu o debate, que virou um discurso de carências: falta isso, falta aquilo. As políticas governamentais induziram a essa situação e eliminaram os espaços para discutir outras questões, como a aprendizagem do aluno. No quadro atual, o estudante é mais um subproduto desse debate. Na outra ponta, existe a responsabilidade da academia, com professores e pesquisadores que rechaçam qualquer ideia contrária a suas ideologias. Eles fazem uma doutrinação ideológica e antiquada de que educação é um objetivo de dominação e de controle e que a pedagogia não interessa.

Biblioteca

Repensando a Educação Brasileira
Divulgação/VEJARepensando a Educação Brasileira
Repensando a Educação Brasileira
O livro, que chega às livrarias nesta semana, faz uma análise histórica dos fatores que moldaram o sistema educacional brasileiro desde a criação das primeiras escolas nacionais até as políticas públicas mais recentes. Na obra, o autor apresenta ainda propostas para corrigir rumos em áreas como formação de professores e financiamento público


Autor: João Batista Oliveira
Editora: Salta
De onde surgiu essa ideia? Nas décadas de 1970 e 1980, sob a influência dos movimentos populares que cresceram na França em 1968, houve uma inflexão no discurso pedagógico brasileiro. Até então, ele era razoavelmente formalista, sempre com uma parte legal muito forte, assim como a atuação marcante do Conselho Nacional de Educação. Do ponto de vista pedagógico, era razoável. Era normal falar em currículo, cobrar do professor conhecimento de sua disciplina, aprovar o aluno que sabe e reprovar o que não sabe, tudo dentro de uma concepção acrítica e ingênua. Isso era natural, como o é dizer que a mãe deve amar e amamentar seus filhos. Ideias apoiadas nas teorias de Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron, na França, e de Paulo Freire, no Brasil, que afirmavam que a escola reproduz desigualdades sociais porque ensina só aquilo que os burgueses querem. Com eles, ou não se ensina nada ou se ensina a fazer revolução. Enquanto os demais países passaram pela constestação e mudaram o discurso, no Brasil a ideia se tornou uma crítica hegemônica e permanente.
Como esse pensamento chegou à sala de aula? As faculdades que formam professores foram dominadas por essas pessoas. Eu tenho amigos que ainda atuam nas faculdades de educação e a vida deles é um inferno, porque não há espaço para diálogo. Tiraram dos currículos dos cursos de pedagogia métodos quantitativos e aulas de estatística, porque as pessoas que dominaram os cursos eram contra essas ideias. Enquanto isso, muitos países avançaram e passaram a medir o ensino e atacar as deficiências baseados em dados empíricos. Ao mesmo tempo, temos uma sociedade de baixa renda que não cobra melhorias, porque segue o discurso político de que mais é melhor. Segundo esse discurso, há mais escolas, uniforme, transporte, merenda, mais chances de ir à universidade: logo, não se poderia dizer que a educação está uma porcaria. Não há, contudo, contestação da qualidade. Já para as classes média e alta, é confortável essa situação, porque elas precisam fazer muito pouco para competir com a mediocridade. Não há, por exmeplo, disputa de vaga na USP com o mercado internacional. A elite deita em berço esplêndido e é acomodada.
Pensando do ponto de vista econômico, não seria mais interessante pleitear melhor educação e garantir desenvolvimento para o país? Com certeza. É tão necessário que eu não consigo entender por que os empresários são tão bonzinhos em relação à questão da educação brasileira. Todo mundo sabe que o maior recurso das economias modernas são as pessoas, ou seja, seu conhecimento e competências. Isso vale mais que soja, ouro, pré-sal. Os países com que competimos vão ganhar a competição na medida em que tiverem gente mais bem preparada. Gente capacitada é dinheiro, e os empresários sabem disso. Não dá para entender essa vocação suicida das elites empresariais. Só reclamar por mais cursos técnicos não adianta, porque não é só a mão de obra treinada que importa. Quanto mais gente bem formada tiver no país, independente do curso, melhor será para a economia. Talvez seja fruto do bom mocismo daqueles que esperam o apoio do BNDES sem criticar nada. O empresariado seria o principal ator para forçar uma mudança. Eles têm recursos, bons modelos de gestão, conseguem influenciar leis no Congresso, reduzir impostos. Enfim, têm uma força brutal que, se colocada para cobrar mudanças na educação, faria uma revolução.

O que é possível fazer para mudar esse quadro? Além de contar com a influência do empresariado, também é preciso rever a tônica do debate. Precisamos ir mais fundo, nos perguntar o que é a educação. Afinal, perdemos essa noção. A escola deixou de ser cobrada pelo cumprimento de suas obrigações essenciais e passou a ser cobrada por milhares de coisas que ela não tem condição de fazer, como cuidar da educação sexual, educação para o trânsito, para o consumo etc. A escola perdeu sua função social.
Qual é, afinal, essa função? A meu ver, a função histórica e antropológica é transmitir conhecimento. Conhecimento que é relevante para o desenvolvimento das pessoas, ou seja, aquele proveniente das disciplinas básicas: matemática, instrumentos da lógica, linguagem, ciências. Mas os professores são contra ensinar, são contra transmitir conhecimento, tudo naquela lógica da ideologia que já citei. Por isso, há movimentos tão fortes contra a implantação de um currículo nacional. Esses grupos são contra currículo não só por uma questão pedagógica: trata-se de um problema ideológico. Eles acham que a escola não pode definir o que deve ser ensinado. Mas, sem isso, o Brasil sai perdendo. Se não há um currículo, não dá para saber o que ensinar e como avaliar e formar o professor. Nós perdemos o fio da meada enquanto os outros países, que também passaram por mudanças, mantiveram o foco no que deve ser ensinado. O conceito do que é educação precisa ser recomposto, mas isso é difícil, porque os que manipulam a sociedade seguem apenas uma linha de pensamento hegemônico e não estão abertos a discussão.
Como o senhor avalia as mais recentes políticas que tratam do ensino, como o Plano Nacional de Educação (PNE), sancionado pela presidente Dilma Rousseff em junho?Como não temos a cultura da educação, onde se cria a definição de escola, nós não temos também as instituições que compõem o sistema educacional. Nós não temos uma ideia clara do papel do professor, do gestor, do currículo. Nós temos, se muito, uma ideia de avaliação, como Enem e Prova Brasil, e uma ideia de financiamento, ou seja, quem paga a conta. No mais, nenhuma outra instituição. Na falta disso, a política educacional se baseia em planos como o PNE, sujeitos a descontinuidade e que fracassam em 70% dos casos, como já foi comprovado por outros estudiosos. É tudo feito no vácuo cultural, sem as instituições, que também são parte da cultura. A educação no Brasil é uma terra arrasada.
No livro, o senhor propõe mudanças na avaliação e financiamento do ensino. Como? A primeira delas é uma mudança na avaliação do ensino. A interpretação dos índices educacionais do país é feita como em uma tabela de campeonato, mirando em quem tem a melhor ou pior nota. E na educação não se pode fazer isso. Aquela escola que tem a melhor nota não é, necessariamente, a que tem o melhor ensino. Isso depende do aluno, da família, do DNA, não só da escola. É preciso descontar esses fatores para encontrar o efeito diferencial. Há inúmeros estudos nesse sentido, um deles do atual presidente do Inep (órgão do Ministério da Educação responsável pelas avaliações), Francisco Soares. Ele diz que a melhor escola é aquela que acrescenta mais conhecimento ao aluno, descontando todos os fatores que não são da escola. É importante ressaltar o efeito escola e não só dizer que uma ou outra é melhor. O segundo ponto é o financiamento. Dado que temos uma mudança na demografia e um índice de repetência muito alto, uma abordagem de choque seria fazer investimentos em educação proporcionais à sua população do Estado ou município, e não ao número de alunos, como é feito hoje. Isso daria mais flexibilidade para os entes da federação escolherem como querem dividir investimentos nos diferentes níveis do ensino. Um caminho é incentivar a política de municipalização do ensino, que entrou em debate, mas não foi levada adiante.
O senhor também trata da questão da formação do professor. O que fazer? Não podemos pensar o professor em partes, temos que olhar o todo. É preciso repensar os meios de contratação, a formação inicial, os planos de carreira, de estágio probatório e de avaliação. Tem que ser uma equação para atrair os melhores profissionais, oferecer bons curso, bons estágios, carreiras interessantes e, é claro, colher resultados na aprendizagem do aluno. Um plano que se concretiza a longo prazo. Enquanto isso, no curto prazo, é preciso pensar em políticas de transição. O Brasil insiste em pegar qualquer pessoa sem formação e acha que vai prepará-la para o magistério oferecendo-lhe um curso de 30 horas. Não vai. A transição tem que estar associada à mudança, pensando em mecanismos de contratação e demissão e, acima disso, pensando no que esses professores sem formação vão ensinar enquanto isso.
Como se define isso? Com sistema de ensino estruturado e consistente. Imagine que o professor da sala A ensina fração de um jeito e o da sala B, de outro. É um caos. Como isso é de fundo ideológico, baseado no discurso de que o professor tem que ter autonomia total para definir o que ensina, pior fica. Os professores não tem condição de exercer autonomia. Escola boa tem que ser autônoma e poder desenhar seu próprio currículo, mas tem que ter articulação para fazer isso. O que vemos são pessoas exigindo o controle de tudo. Sou a favor de o professor só ter autonomia quando tiver condições necessárias para exercê-la. Você só dá a chave de casa para a criança que tem juízo. Pensando do ponto de vista do aluno, como a categoria central do sistema educativo, o resto se perverte. Não faz sentido pensar no direito do professor, do interesse da categoria, se o aluno está diante de um professor que não foi bem formado. O que é melhor: dar autonomia ou orientar para que ele faça algo que ajude o aluno?
Recentemente, um grupo de professores no Quênia passou a utilizar roteiros de aula que devem ser seguidos à risca. Como parte da metodologia, o docente não pode ampliar a aula para além do roteiro. Um estudo mostrou avanços significativos no desempenho dos alunos. O senhor acha que, em casos extremos, essa seria uma alternativa? Claro, o ensino estruturado é isso. Há estudos que mostram que os países com pior desempenho educacional são os que mais demonstram melhorias quando adotam materiais estruturados para as aulas. Óbvio que são medidas curativas, mas é o tipo de estratégia adequada enquanto se conserta a base do sistema. Até lá, não se pode dar autonomia para quem não tem condições. Contudo, o que se nota pelas revoluções educacionais dos países que hoje estão no topo lista do Pisa (avaliação de educação mundial feita pela OCDE) é que eles seguem as mesmas práticas, que incluem currículo, mas vão além, envolvendo formação de professores, definição de estrutura escolar, organização do sistema de ensino, orientações para cursos superiores que formam docentes. No Brasil, cada um pensa de um jeito e não vejo caminhos para melhorias a partir da lógica atual.

http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/a-escola-perdeu-sua-funcao-social-no-brasil-diz-estudioso

MIEIB debate ações para a Educação Infantil no país

Universalizar até 2016 a educação infantil pré–escola, para as crianças de quatro a cinco anos, e ampliar a oferta de educação infantil nas creches é um dos desafios do Plano Nacional de Educação (PNE). Para debater esse tema e encontrar os caminhos para chegar a essa meta, representantes da Educação Infantil de todo o país estão reunidos no XXX Encontro Nacional do Movimento Interfóruns de Educação Infantil do Brasil (MIEIB). O encontro é anual e a edição 2014 acontece em Cuiabá, no Hotel Fazenda Mato Grosso, até esta quarta-feira  (05.11). Foram três dias de discussão e planejamento. 
O evento realizado pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc/MT) reúne mais de 300 participantes. Entre as palestrantes a professora Carmen Maria Craidy, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul,  que abordou os direitos das crianças à educação infantil, tema chave do evento. Também participaram das discussões e representantes do Ministério da Educação (MEC). Durante o evento os participantes conheceram os trabalhos dos professores que desenvolvem materiais para aplicação na educação infantil.
De acordo com a representante do MEC,  Rita de Cássia Coelho, o encontro dos representantes dos Fóruns de Educação Infantil nos Estados, MIEIB é um movimento que traz mais visibilidade a educação infantil. Para ela, a força desse movimento social é um dos caminhos para o fortalecimento da educação na modalidade. Neste sentido, o entrosamento dos envolvidos é extremamente importante. Dentre estes envolvidos Rita cita as Secretaria de Estado de Educação. Para ela, mesmo que oferta da educação infantil não seja uma obrigação de Estado, são as Secretarias que trabalham o lado pedagógico. “São elas que estão envolvidas na formação dos professores, na supervisão pedagógica e também na regulamentação” avalia.
O Mieib nasceu dos inúmeros desafios enfrentados para institucionalização da educação infantil para as crianças de 0 a 6 anos. O movimento social trabalha vertentes como a necessidade de ampliação das redes, da melhoria da qualidade dos serviços, da efetiva integração aos sistemas de ensino, do direcionamento dos recursos financeiros, entre outros.

Acesse a programação aqui
ALINE MARQUESAssessoria/Seduc-MT
http://novosite.seduc.mt.gov.br/conteudo.php?sid=20&cid=14715&parent=20

Declaração para um novo ano

20 para 21  Certamente tivemos que fazer muitas mudanças naquilo que planejamos em 2019. Iniciamos 2020 e uma pandemia nos assolou, fazendo-...