Jovem que costumava estudar debaixo de um pé de manga, no quintal de casa, também alcançou vaga nas renomadas Fuvest, Unesp e Unicamp.
Adilson Rosa | Seduc MTRafael saiu de Nova Monte Verde para ser o primeiro colocado em Direito na USP - Foto por: Arquivo Pessoal |
A perspectiva de muitos jovens em chegar a uma universidade pública é sempre balizada pela força de vontade, determinação e principalmente esforço. Entrar para a Universidade de São Paulo (USP) e ainda em primeiro lugar para o curso de Direito é o sonho de muitos, mas realidade de poucos. O estudante Rafael Pinheiro de Matos Cardoso, 18 anos, entra nessa seleta lista e com um detalhe que valoriza o seu empenho - concluiu o ensino médio numa escola pública em Nova Monte Verde (a 968 quilômetros ao norte de Cuiabá).
Na semana passada, quando iniciaram as aulas na universidade, o adolescente se fixou no Largo do São Francisco, no centro de São Paulo, onde está localizada a USP, para começar uma nova e importante etapa na sua vida. “Se conquistei alguma coisa, foi graças a minha fé em Deus e meu esforço pessoal, que teve um papel fundamental. Porque de nada adianta se você tem ótimos professores e uma escola com excelente estrutura, mas não se dedica”, destaca Rafael.
Rafael ressalta que nunca frequentou cursinho pré-vestibular. Para se tornar um craque nos estudos, ele disse ter facilidade em aprender sozinho. Ele explica que se dedicou muito aos estudos, aproveitando domingos e feriados para estudar. “Não tinha tempo para outras atividades. A dedicação e esforço pessoal é contínua e tem um papel importante, mas não são os únicos fatores do sucesso”, observa.
Ele lembra que cresceu numa família que o motivou a estudar, o que teve um papel primário. Os pais sempre o incentivaram no hábito da leitura. “A leitura é tudo. Se você não tem o hábito de ler, terá dificuldade em tudo”, conta o rapaz, lembrando que costumava estudar embaixo de uma mangueira, no quintal de sua casa em Nova Monte Verde.
Para Rafael, o apoio da família o ajudou muito, assim como dos professores que sempre se dispuseram em tirar dúvidas. “Sempre ficava na escola no contraturno e aproveitava para tirar dúvidas com os professores”.
Planejamento
No período do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), Rafael se planejava para estudar montando um cronograma. Para isso, fazia um estudo sistemático. Com isso, conseguia dominar o conteúdo. “Se você fizer as coisas só na hora que tiver vontade, não vai ter sucesso. É preciso ter disciplina”.
A vida universitária de Rafael começou em 2017, quando passou para o curso de Física na própria USP. Ele explica que pelo Enem conquistou vagas também para cursos na Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), para Universidade de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Ele explica que cursar Direito na USP, considerada na melhor universidade pública do país e a segunda melhor da América Latina, não foi exatamente um sonho, mas surgiu como uma possibilidade que depois se concretizou. “Foi uma grande surpresa meu nome aparecer no topo da lista. Sabia que teria uma nota boa, mas não imaginava que sairia tão bem”.
Escola Pública
Rafael estudou desde o 9º ano, na Escola Estadual Neide Enara Sima, em Nova Monte Verde. Para o pai de Rafael, o professor Joaquim Cardoso, além do esforço e dedicação do filho, outro ingrediente importante é o fato dele ter estudado o ensino fundamental e médio numa escola pública. “Isso comprova que a escola pública tem muita coisa boa”, comemora.
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