De acordo com os dados da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2014, divulgada nesta quarta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de distorção idade-série entre os 20% mais pobres da distribuição do rendimento mensal familiar per capita nacional chega a ser 3,3 vezes maior do que entre os 20% mais ricos. Isso faz com que mais da metade dos alunos mais carentes do país (54%) estejam atrasados em relação aos seus estudos. O índice, no entanto, caiu em relação ao SIS anterior, de 2004, onde a taxa de distorção entre os mais pobres era 4,3 vezes maior que entre os mais ricos. Os dados são referentes ao ano de 2013.
A distorção idade-série atingia quase metade dos estudantes de 13 a 16 anos (41,4%) em 2013, totalizando cerca de 3,7 milhões de estudantes – em 2004, o índice era de 47,1%. Em 2013, as regiões Norte (55,2%) e Nordeste (52,2%) tiveram as maiores taxas. A proporção dos estudantes com atraso no ensino fundamental era mais elevada entre os da rede de pública, homens, residentes em área rural e de cor preta ou parda.
Outro dado importante relacionado à distorção idade-série está nos índices de frequência escolar dentre os jovens de 15 a 17 anos – faixa etária considerada ideal para o ensino médio. Segundo o IBGE, a elevada frequência escolar bruta dos jovens de 15 a 17 anos (84,3%) não significa que eles estavam no nível adequado à faixa etária. As proporções dos que frequentavam o ensino médio subiu de 44,2% em 2004 para 55,2% em 2013, elevando a taxa de frequência escolar líquida. Com isso, caiu a proporção desses jovens no ensino fundamental, reduzindo de 34,7% em 2004 para 26,7% em 2013. Nessa mesma faixa etária, os brancos possuíam uma taxa de frequência escolar líquida de 49,3%, índice 14,4 pontos percentuais acima dos jovens pretos ou pardos. Já as mulheres tinham frequência escolar líquida de 50,3% – 9,9% maior do que a dos homens.
Mudanças nas universidades
Em relação ao ensino superior, houve redução da participação dos estudantes que fazem parte dos 20% mais ricos entre 2004 e 2013 nas duas redes de ensino. Em 2004, eles representavam 55% dos estudantes da rede pública e 68,9% da rede privada. Em 2013, esses valores caem para 38,8% e 43%, respectivamente. Com isso, os estudantes da parcela com maiores rendimentos deixaram de ser maioria nas duas redes do ensino superior, aumentando o acesso à educação de pessoas dos demais estratos de rendimento, inclusive dos mais pobres.
Em 2013, 55% dos estudantes de 18 a 24 anos de idade frequentavam o ensino superior, enquanto, em 2004, apenas 32,9% desses estudantes estavam no nível de ensino recomendado para a sua faixa etária. Essa adequação da idade em relação ao curso frequentado, no entanto, ainda é desigual dependendo da cor ou raça do estudante. Enquanto que 69,4% dos estudantes brancos de 18 a 24 anos frequentavam o ensino superior, apenas 40,7% dos pretos ou pardos cursavam o mesmo nível.
No último ano, 31% dos jovens de 18 a 24 anos de idade não haviam concluído o ensino médio e não estavam estudando, representando uma queda de 7,6 pontos percentuais nos últimos nove anos. A título de comparação, a taxa média de abandono escolar precoce entre os jovens dessa faixa etária nos 28 países membros da União Europeia em 2013 foi de 12%. Em 2013, o abandono escolar precoce atingia cerca de metade dos jovens de 18 a 24 anos de idade pertencentes ao quinto mais pobre (50,9%) enquanto no quinto mais rico essa proporção era de apenas 9,8%.
Na comparação com os países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil possui a menor proporção de pessoas com ensino superior na faixa de 25 a 34 anos. Entretanto, nos últimos nove anos, essa proporção praticamente dobrou, se comparada com a de 2004, passando de 8,1% para 15,2%, em 2013.
A escolaridade média da população de 25 anos ou mais aumentou de 2004 a 2013, passando de 6,4 para 7,7 anos de estudo completos. Apenas 41,8% das pessoas dessa faixa etária alcançaram 11 anos de estudo ou mais. O incremento de escolaridade foi mais intenso para a parcela de rendimento inferior, cujo aumento foi de 45,9%, enquanto o grupo de maior renda apresentou uma elevação de 9,2% na média de anos de estudo entre 2004 e 2013.
Mais informações sobre o SIS 2014 podem ser obtidas no site do IBGE.
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