Escrito por Luciana Allan
“A educação tradicional pode ser extremamente solitária. O currículo é geralmente abstrato e irrelevante para a vida real. Os professores e alunos não estão habituados a se conectar com recursos e especialistas fora da sala de aula, e muitas escolas funcionam desconectadas de suas comunidades. Aprendizagem baseada em projetos, grupos de estudantes que trabalham cooperativamente, crianças em contato com especialistas apaixonados e métodos mais amplos de avaliação podem melhorar drasticamente a aprendizagem. As novas multimídias digitais e as telecomunicações podem apoiar essas práticas e envolver os alunos. E educadores bem preparados são essenciais”.
O texto acima é uma reflexão do cineasta George Lucas publicada no Edutopia, site da George Lucas Educational Foundation (GLEF), organização que reúne e divulga iniciativas inovadoras na educação, financia e desenvolve pesquisas, tecnologias e materiais com fins educacionais.
O incentivo ao aprendizado colaborativo está entre os muitos benefícios que a adoção das tecnologias digitais pode trazer para transformar a educação e quebrar os muros das escolas, enterrando de vez o ultrapassado modelo de um único mestre e estudantes enfileirados em carteiras, conformados com o mero papel de aprendizes. Ao concluir a universidade e ingressar no mercado de trabalho, o jovem encontra um ambiente corporativo onde é desafiado a trabalhar em rede, exigindo que tenha habilidades tecnológicas, além de conhecimentos técnicos.
Estudar com base na proposição de projetos em que vários estudantes desempenham funções colaborativas e cooperativas, nas quais têm mais aptidão, é uma evolução pedagógica que se tornará muito mais natural quando as escolas incentivarem – e não coibirem – os alunos a acessarem ferramentas tecnológicas já disponíveis para conectá-los em redes virtuais de aprendizagem.
Enquanto as escolas proíbem o uso do celular em sala de aula e os gestores ainda discutem como direcionar investimentos para a compra de equipamentos e a instalação de conexão em banda larga, os nativos digitais já estão o tempo todo conectados à internet por meio de seus próprios telefones, mesmo os mais simples, seja em casa, na rua, no shopping, em qualquer lugar e a qualquer hora. Só não estão na escola.
Isso não significa que ainda não tenham despertado para as funções pedagógicas que esses recursos disponibilizam. Eles usam o celular para fotografar, fazer vídeos, acessar as redes sociais, conversar com os amigos, marcar a próxima balada e adivinhem para o que mais? Estudar! Pouco a pouco, e independentemente da iniciativa dos professores, os alunos começam a acessar aplicativos e plataformas de estudo colaborativo que já estão disponíveis para esclarecer e ajudar a tirar dúvidas, desenvolver projetos, baixar materiais didáticos e conferir gabaritos.
Com o celular ou tablet nas mãos (ou mesmo sentados em frente ao PC), conversam e apoiam uns aos outros por meio do WhatsApp, acessam aulas on-line no Descomplica, leem livros no Google Books, consultam a Wikipédia, aprendem novas línguas de graça no Qranio, assistem a vídeos educativos noYouTube Edu, curtem e compartilham em comunidades no Facebook conteúdos relacionados com a matéria apresentada em sala de aula. É uma realidade que as escolas não podem mais ignorar, mas sim orientar para um uso adequado.
A escola inovadora deve preparar seus alunos para serem aprendizes por toda a vida, pessoas que ao se depararem com desafios intelectuais sejam capazes de interpretá-los e buscar respostas para superá-los. Nessa direção, não basta mais sabatinar os indivíduos e deixá-los isolados em ilhas de conhecimento. Mais que transmitir informação, os professores precisam se despir das vestes de “sabe tudo” para aprenderem com seus alunos e incentivá-los a compartilharem o que sabem com outros alunos, inclusive com outras escolas em qualquer lugar do Brasil ou do mundo. Bem-vindos à era do aprendizado em redes virtuais, sem hierarquias e que acontece de forma colaborativa!
http://www.profissaomestre.com.br/index.php/colunistas-pm/luciana-allan/982-curta-compartilhe-colabore-e-aprenda
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