Escrito por Fábio Torres
Identificar um profissional que nasceu com vocação para a função que exerce inclui, além do reconhecimento de seu talento, a avaliação de seu esforço e sua dedicação para se superar. Um exemplo de professora assim é Sara Ruffino Mazzei, de Itanhaém (SP), que se destaca por ensinar braille e língua brasileira de sinais (Libras) para alunos do ensino fundamental I. De acordo com Sara, sua história como educadora começou cedo, com apenas seis anos. “Tornei-me professora porque era um desejo de infância. Aos seis anos, eu decidi que um dia seria professora por amar a leitura, o estudo, o aprendizado e tudo o que se refere à escola. Agora me dedico a ensinar com o mesmo amor e entusiasmo com os quais me 'empolguei' ao tentar ler as primeiras palavras. Sou professora concursada desde 1999, mas antes fui professora voluntária de Ensino Religioso em escolas da minha cidade”, explica.
O ensino de braille e libras começou em 2009, quando Sara chegou à Escola Municipal Leonor Mendes de Barros. “Nesse ano, pude conhecer alguns alunos que se comunicavam e liam de forma diferente daquela em que eu estava acostumada e, por isso, fiz uma sequencia de atividades para sanar minhas dúvidas e curiosidades dessa ‘nova forma de ler e escrever’. Assim, conheci a escrita braille e a língua brasileira de sinais e as introduzi em minhas aulas a partir de então”, relata a professora, que com os conhecimentos adquiridos criou o projeto Leitura por Todos os Sentidos.
O projeto é composto por leituras de textos informativos, fábulas, músicas, poesias e outros gêneros, para confirmar hipóteses ou formulá-las; produções textuais; traduções (do português para libras ou braille, bem como o contrário); sinalização de músicas conhecidas; escrita em braille de nomes próprios e textos diversos; leitura de nomes e textos em braille e em libras; debates sobre temas inclusivos; brincadeiras adaptadas; relatos de pessoas com ou sem deficiências; além de outras atividades pertinentes ao projeto. Todas essas ações são realizadas com o objetivo de conscientizar os alunos sobre a importância da inclusão, além de analisar e discutir as diferentes formas de se realizar a leitura e a escrita com o aprendizado do braille e de libras.
Reconhecimento
Segundo Sara, as crianças são muito participativas e se empolgam bastante com a proposta do projeto. “Até hoje a aceitação tem sido total e da melhor forma possível, porque as crianças são receptivas e querem aprender cada vez mais. Durante as atividades, eles percebem o quanto é importante falar, ler, escrever, sinalizar, sentir, enfim, eles aprendem o quanto é importante usar os seus sentidos”, afirma a professora, que também agradece o apoio dos colegas educadores da escola Leonor Mendes de Barros. “Os outros professores da minha unidade escolar e as coordenadoras (da escola, de leitura, de inclusão) acabaram sendo contagiados e, por isso, elogiam e participam de algumas das ações do projeto, e também me auxiliam quando necessário”, diz.
Em 2012 e 2013, Sara inscreveu seu projeto no Programa Nacional de Incentivo à Leitura (Proler). No primeiro ano, ela não obteve sucesso, mas, no ano seguinte, foi premiada na categoria Professor. “Quando recebi esse prêmio, pude notar que estava no caminho certo e que, se continuasse nesse caminho, faria minha parte para a verdadeira inclusão”, orgulha-se a educadora.
O reconhecimento encoraja Sara a ampliar e dar continuidade ao seu projeto. “Pretendo fazer uma cantata (com libras e braille) no final do ano. Quanto à escrita em braille, a ideia é que eles [os alunos] convidem cegos por meio de convite em braille – e, não obstante, conheçam o Soroban (ábaco utilizado pelos cegos para realizarem operações matemáticas) – e [realizem] outras ações relacionadas ao projeto, à leitura e à escrita”, revela a professora.
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