O governador de SP, Geraldo Alckmin (PSDB), decidiu aumentar o número de séries em que os estudantes podem ser reprovados nas escolas estaduais, a exemplo do que anunciou o prefeito Fernando Haddad (PT) em julho.
Os detalhes da alteração devem ser divulgados hoje.
Segundo a Folha apurou, a reprovação passará ser possível em três das nove séries do ensino fundamental (3º, 6º e 9º anos), ante duas séries atualmente (5º e 9º).
Há três meses, o prefeito Fernando Haddad (PT) decidiu aumentar de dois para cinco o número de séries com possibilidade de reprovação.
Com a alteração, os tucanos podem neutralizar nas eleições de 2014 o discurso dos petistas de que acabaram com a aprovação automática -nome pejorativo do sistema que prevê reprovação apenas ao final de um ciclo, não ao término de cada série.
Parte dos pais e dos professores entende que a má qualidade do ensino público ocorre principalmente porque os alunos "passam sem saber". Os docentes em especial reclamam que perderam a autoridade nas aulas.
O modelo, porém, foi implementado sob a premissa de que cada aluno tem um ritmo de aprendizagem. Além disso, pesquisas mostram que o estudante que reprova tem mais chances de desistir da escola no curto prazo.
CONTRADIÇÃO
As alterações no sistema de reprovação contradizem posições anteriores tanto de tucanos quanto de petistas.
Na rede municipal paulistana, quem adotou o modelo que vigia até este ano foi o próprio PT, na gestão Luiza Erundina, em 1992.
Na rede estadual, foi implementado pelo governador Mario Covas (PSDB), em 1998.
Essa contradição já causou desconforto em educadores tucanos. Dois ex-gestores da Secretaria da Educação em governos do PSDB reclamaram das alterações, em conversas com a Folha -ambos pediram anonimato.
Os dois chamaram a medida de "populista" e reclamaram que não houve discussões no Conselho Estadual de Educação -órgão consultivo da Secretaria da Educação.
A pasta afirmou que as mudanças surgiram a partir de mais de 70 encontros do secretário Herman Voorwald com educadores, desde 2011.
MOTIVAÇÃO
A secretaria disse ainda que não poderia explicar o porquê da alteração antes do anúncio oficial.
Segundo a Folha apurou, a sustentação do governo será a de que, ao antecipar a possibilidade de reprovação, vai demorar menos para detectar os alunos com extrema dificuldade de aprendizagem -e para ajudá-los.
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