Ricardo FerrazDe São Paulo para a BBC News Brasil
"Quem, em sã consciência, não gostaria de ver a excelência das escolas militares espalhada por toda a rede de ensino do país?", diz o filósofo, educador e autor de best-sellers Mário Sérgio Cortella em entrevista à BBC News Brasil.
"Se um dia, ministro da Educação eu fosse, e tivesse recurso para colocar em todas as escolas públicas brasileiras o mesmo orçamento que tem a Escola Naval em Angra, não teria dúvida em fazê-lo", afirma Cortella, que faz, no entanto, uma ressalva: a de que a disciplina militarizada não combina com a sala de aula. "A disciplina militarizada tem outro tipo de objetividade", pondera.
Cortella, que chegou a ser cotado para um eventual governo do candidato derrotado Fernando Haddad (PT), sinaliza uma tentativa de se afastar da polarização que marca os principais debates do país, em especial aquele que envolve a educação brasileira. Defende que, passadas as eleições, é preciso eliminar ressentimentos.
"As pessoas que não pensam como eu não estão necessariamente erradas, mas não é porque não pensam como eu que, só por isso, estão certas", diz, citando o educador e filósofo Paulo Freire, reconhecido por lei como o patrono da educação brasileira, e com quem Cortella atuou por mais de 18 anos.
"Se diz que Paulo Freire era comunista. Jamais! Ele não teve nenhuma perspectiva de adesão aos sistemas totalitários nos países de organização comunista. Paulo Freire era socialista no sentido de agregar o lema da revolução francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade", afirma
O educador critica os argumentos "superficiais" ou propositalmente "canalhas" que deturpam debates relevantes sobre educação. "Não está se defendendo dizer para crianças de 12 anos de idade, numa sala de aula, que gênero é uma escolha, você que decide, é livre. O que está se falando é que as pessoas que têm essa condição precisam ser respeitadas e não podem ser entendidas como 'menos pessoa', 'menos gente'. Elas não são inferiores por serem diferentes."
Embora veja com maus olhos iniciativas como as ameaças de filmar professores em sala de aula, Cortella pondera que as reivindicações do movimento Escola sem Partido fazem parte do debate de ideias em um regime democrático. "O que eu sou avesso é a aprovação de algo que instala uma tornozeleira eletrônica no magistério", destaca
Veja a entrevista, clique bbc
Nenhum comentário:
Postar um comentário