O enfrentamento do desafio constitucional de garantir o direito à educação deve ser um compromisso de toda a sociedade civil e esferas governamentais. Sob essa ótica, especialistas, autoridades, produtores rurais, entre outros, fomentaram discussões sobre a importância da educação na transformação da economia e da política mato-grossense, durante todo o dia de ontem (14.04), no seminário Cresce MT.
Promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT) e pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), o evento reuniu mais de 1.400 pessoas e contou com a participação de especialistas, como Ricardo Amorim, economista e consultor financeiro de investimentos, Mario Sergio Cortella, filósofo, escritor e professor, e Xico Graziano, mestre em Economia Agrária e doutor em Administração, além do governador Pedro Taques (PDT), do secretário-adjunto de Políticas Educacionais da Secretaria de Estado de Educação (Seduc-MT), Gilberto Fraga, e do secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Seneri Paludo, entre outros.
No painel "A interferência da educação na economia e na política", Gilberto Fraga, evidenciou a necessidade de implementação de políticas públicas para mudar o cenário negativo em que Mato Grosso se encontra - resultado da ausência do poder público nos últimos anos -, com 8% de sua população analfabeta, no contexto geral, sendo 12% residentes no campo. "Diferentemente do que se possa pensar, essa situação não ocorre em municípios distantes da capital. Ocorre em Chapada dos Guimarães, Poconé, no mais distante, a 100 km", informou.
De acordo com ele, a atual gestão se dispõe a enfrentar o problema, com a responsabilidade de promover uma educação inclusiva. "É preciso que o Estado garanta o acesso à educação a todas as pessoas, independentemente da idade, pois esse é um direito público subjetivo", destacou, ressaltando que uma das medidas do Governo é o programa estadual de erradicação do analfabetismo, que será lançado nos próximos dias, além do compromisso de promover a discussão do sistema ciclado e de investimento na formação dos professores.
O governador Pedro Taques também reforçou que seu administração terá mania de educação, lembrando ser filho de professora e atuante como docente há 20 anos. "Precisamos debater e rever o sistema de ciclos no Estado, pois o tema foi mal discutido e, por isso, há uma dificuldade em se formar pessoas; promover a valorização profissional, entre outras questões", afirmou, declarando que o desafio é grande.
Especialistas – No contexto de formar e treinar pessoas, principalmente as que atuam no setor do agronegócio, o professor Mario Sergio Cortella, destacou que a educação vai além do treinamento, e que apenas ela garante a emancipação de uma pessoa. "Emancipação torna o cidadão autônomo, dono da própria ação, capaz de construir, aprender, crescer. Pessoas com mais educação são mais livres para fazer suas escolhas, tomar decisões e julgar por elas mesmas", garantiu.
Durante uma hora o filósofo falou sobre o tema, sempre diferenciando educação de escolaridade e informação de conhecimento. "É até ofensivo o Brasil ser a sétima economia do mundo e termos uma escolaridade tão degradada. Não podemos ser omissos, pois sermos omissos significa sermos cúmplices. Nossa tarefa é trabalhar no presente para termos orgulho no futuro do passado que criamos".
Cortella finalizou afirmando que educação é a base para a construção de uma sociedade, um processo de aprendizagem que começa desde cedo. "Se você acredita que educação não é um bom investimento, tente investir em ignorância", propôs a reflexão.
Já Xico Graziano defendeu, na palestra "A importância da Educação para o Agronegócio", uma escola de campo com identidade, assim como toda diversidade. "É necessário o aprofundamento da reflexão e proposição de propostas pedagógicas, onde as crianças possam conhecer melhor sua origem, de sua história e sobre a importância dos agricultores", lembrando que é preciso acreditar na força do conhecimento.
Sobre a questão do aumento de produção versus preservação, Graziano ressaltou que a saída é uma só: fazer os dois ao mesmo tempo - o que só é possível por meio da educação. "Os ecologistas do futuro serão os agricultores de hoje".
Fechando a programação, Ricardo Amorim analisou as oportunidades para o Mato Grosso em meio à crise econômica, trazendo a importância da área educacional. "A educação sempre foi fundamental, e hoje é ainda mais. E ela é muito mais que preparar as pessoas, é despertar a vontade nelas de serem melhores".
Para Amorim, é preciso que os poderes públicos invistam, mas gastem "bem" com a educação. Que promovam ensino básico de qualidade e ensino universitário acessível a todos.
Viviane Saggin
Assessoria Seduc/MT
Assessoria Seduc/MT
http://www.seduc.mt.gov.br/Paginas/Educa%C3%A7%C3%A3o-como-compromisso-de-todos.aspx
Nenhum comentário:
Postar um comentário