quinta-feira, 9 de abril de 2015

Brasil cumpre apenas 2 de 6 metas de educação fixadas pela Unesco

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Paris/Nova Delhi, - Somente um terço dos países alcançou todos os objetivos mensuráveis de Educação para Todos (EPT) estabelecidos em 2000. Apenas metade de todos os países conseguiu atingir o objetivo mais visado de acesso universal à educação primária. Além das ambiciosas contribuições governamentais já feitas, são necessários US$ 22 bilhões anuais extras para garantir que alcancemos as novas metas educacionais que estão sendo agora estabelecidas para serem atingidas até 2030.


Esses são os resultados do Relatório de Monitoramento Global de EPT 2015 (RMG) “Educação para Todos 2000-2015: progressos e desafios”, produzidos pela UNESCO, que tem acompanhado o progresso desses objetivos nos últimos 15 anos.
“O mundo tem feito um progresso enorme em direção à Educação para Todos”, disse a diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova. “Apesar de não cumprir o prazo de 2015, há milhões de crianças a mais na escola do que haveria se persistissem as tendências dos anos de 1990. No entanto, a agenda ainda está longe de ser concluída. Necessitamos elaborar estratégias específicas e bem fundamentadas que priorizem os mais pobres, sobretudo as meninas, para melhorar a qualidade da aprendizagem e reduzir as falhas de alfabetização para que a educação se torne significativa e universal”.
Lançado hoje, um mês antes do Fórum Mundial de Educação, em Incheon (Coreia do Sul), o Relatório revela os seguintes resultados:
Objetivo 1. Expandir a educação e os cuidados na primeira infância, especialmente para as crianças mais vulneráveis
Entre os países, 47% alcançaram o objetivo e outros 8% quase conseguiram. No entanto, 20% ficaram longe desse objetivo, ainda que, em 2012, quase dois terços a mais de crianças, em relação a 1999, tenham sido matriculadas na educação infantil.
Objetivo 2. Alcançar a educação primária universal, particularmente para meninas, minorias étnicas e crianças marginalizadas
Este objetivo foi alcançado por 52% dos países; 10% quase conseguiram e os 38% restantes estão longe ou muito longe de alcançá-lo. Isso deixa quase 100 milhões de crianças sem concluir a educação primária em 2015. Uma falta de foco nos marginalizados tem deixado os mais pobres com cinco vezes menos chances de completar o ciclo de educação primária em comparação com os mais ricos, além de um quadro em que mais de um terço das crianças fora da escola estão em zonas afetadas por conflito.
Houve também êxitos importantes: com relação a números de 1999, cerca de 50 milhões a mais de crianças estão matriculadas na escola agora. A educação ainda não é gratuita em muitos países, mas os programas de alimentação e de transferência de renda têm tido impacto positivo na matrícula escolar dos mais pobres.
Objetivo 3. Garantir acesso igualitário de jovens e adultos à aprendizagem e a habilidades para a vida
O acesso universal às séries iniciais de educação secundária foi alcançado por 46% dos países. Globalmente, os números relativos ao acesso às séries iniciais de educação secundária aumentaram em 27% e essa estatística mais que dobrou na África Subsaariana. Entretanto, um terço dos adolescentes em países de baixa renda não completarão as séries iniciais de educação secundária em 2015. 
Objetivo 4. Alcançar uma redução de 50% nos níveis de analfabetismo de adultos até 2015
Somente 25% dos países alcançaram esse objetivo; 32% continuam muito longe disso. Mundialmente, a porcentagem de adultos analfabetos caiu de 18%, em 2000, para 14%, em 2015, porém, esse progresso é quase completamente atribuído a jovens educados que alcançaram a maioridade. Quase dois terços da população de adultos analfabetos continuam a ser mulheres. Além disso, metade das mulheres da África Subsaariana não tem habilidades básicas de leitura.
Objetivo 5. Alcançar a paridade e a igualdade de gênero
A paridade de gênero será alcançada na educação primária em 69% dos países até 2015. No nível secundário, somente 48% dos países atingirão esse objetivo. Casamento infantil e gravidez precoce continuam a impedir o progresso educacional de meninas, assim como também o fazem a necessidade de formação de professores em abordagens sensíveis às questões de gênero e à reforma curricular.
Objetivo 6. Melhorar a qualidade de educação e garantir resultados mensuráveis de aprendizagem para todos
O número de alunos por professor diminuiu em 121 dos 146 países, entre 1990 e 2012, no nível primário, mas ainda são necessários mais 4 milhões de professores para obter todas as crianças na escola. A carência na oferta de professores qualificados continua em um terço dos países: em vários países da África Subsaariana, menos de 50% deles são treinados. No entanto, a qualidade de educação tem recebido atenção especial desde 2000 e o número de países que realizam avaliações nacionais de aprendizagem dobrou.            
Financiamento e vontade política
Desde 2000, muitos governos aumentaram significativamente suas despesas com educação: 38 países aumentaram seu comprometimento em 1% ou mais do PIB. Entretanto, o financiamento continua a ser um grande obstáculo em todos os níveis educacionais. 
“A menos que sejam tomadas medidas reparadoras e a educação receba a merecida atenção que deixou de receber durante os últimos 15 anos, milhões de crianças continuarão em desvantagem e a visão transformadora da futura agenda de desenvolvimento sustentável será prejudicada”, disse o diretor do Relatório de Monitoramento Global (RMG), Aaron Benavot. “Os governos devem encontrar meios de mobilizar novos recursos para a educação. Parceiros internacionais devem garantir que a ajuda seja distribuída para os mais necessitados”.
O RMG faz as seguintes recomendações:
Completar a agenda de EPT: os governos devem tornar compulsório pelo menos um ano de educação pré-primária. A educação deve ser gratuita para todas as crianças: taxas relacionadas a ensino, livros didáticos, uniformes escolares e transporte devem ser abolidas. Gestores de políticas devem identificar e priorizar habilidades a serem adquiridas ao final de cada estágio de escolaridade. Políticas de alfabetização devem ser atreladas às necessidades das comunidades. A formação e o treinamento de professores devem ser melhorados para incluir estratégias focadas nas questões de gênero. Estilos de ensino devem refletir melhor as necessidades dos alunos e a diversidade dos contextos em sala de aula.
Equidade: governos, doadores e sociedade civil devem desenvolver programas e direcionar o financiamento para atender às necessidades dos mais desfavorecidos, de forma que nenhuma criança seja deixada para trás. Os governos devem superar a crítica escassez de dados para que sejam capazes de direcionar recursos àqueles que mais necessitam. 
Pós-2015: as futuras metas de educação devem ser específicas, relevantes e realistas. De acordo com os índices atuais, estima-se que somente metade de todas as crianças em países de baixa renda completarão as séries iniciais de educação secundária até 2030. Em muitos países, mesmo o principal objetivo de atingir a educação primária universal permanecerá distante se não houver esforços reparadores.
Superar as deficiências de financiamento: a comunidade internacional, em parceria com os países, deve encontrar meios para cobrir o déficit anual de US$ 22 bilhões em valores a serem destinados à educação pré-primária de qualidade e à educação básica para todos até 2030. Metas claras de financiamento educacional devem ser estabelecidas no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, onde nenhuma existe atualmente.
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Contatos:
Para entrevistas, fotos, b-roll, infográficos, vídeos – incluindo um vídeo com mensagem do secretário-geral das Nações Unidas – ou para mais informações, entre em contato com:
Contatos no Brasil:
  • Ana Lúcia Guimaraes, Coordenadora de Comunicação, da UNESCO no Brasil, +55 61 2106 3536, a.guimaraes(at)unesco.org
  • Demetrio Weber, Assessor de Imprensa da UNESCO no Brasil, +55 61 2106 3538. D.weber(at)unesco.org<//strong>
Para fazer o download do relatório completo e outros materiais em inglês e em outras línguas: clique aqui
Senha: Report_EFA2015
Para informações sobre o evento no Brasil e para acessar o relatório conciso,visão geral e outros materiais em português, consulte Educação para Todos 
Notas aos editores:
Desenvolvido por uma equipe independente e publicado pela UNESCO, o Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos é uma referência confiável que visa a informar, influenciar e sustentar compromissos genuínos em Educação Para Todos.

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