terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Ensino em três dimensões


Escrito por Fábio Torres



A tecnologia em três dimensões (3D) tem se popularizado nos últimos anos com o aumento das salas de cinema, televisores e videogames que dispõem dessa possibilidade. Por outro lado, suas formas mais básicas continuam existindo, como o 3D anáglifo – aquele efeito conhecido pelas imagens e pelos óculos com uma lente azul e outra vermelha. Para a professora Roberta Giovanelli, que leciona Matemática no Centro Educacional Praia da Costa (CEPC), em Vila Velha (ES), os óculos de 3D anáglifo se tornaram uma alternativa criativa – e eficaz – para ensinar conteúdos de geometria. “Quando eu estava resolvendo uma atividade do livro com os alunos que falava sobre a aplicação da Relação de Euler em sólidos geométricos, ao abordarmos o exemplo do cubo truncado [cubo com os cantos aparados], surgiu a dificuldade de desenhar no quadro e, principalmente, dos alunos visualizarem a imagem que apenas eu conseguia verificar”, relata Roberta. E continua: “Comentei com eles sobre a possibilidade desse cubo ser desenhado em 3D para dar mais ênfase nos elementos (faces, arestas e vértices) que eles precisavam identificar. Fui para casa, pesquisei, tentei e provei que poderia acontecer”.
Para visualizar as imagens em 3D, os alunos confeccionaram com o auxílio da professora seus próprios óculos anáglifos com papéis cartão e celofane: o papel cartão para a armação e o celofane azul e vermelho para as lentes. Já as imagens são preparadas pela própria educadora: “escolho as imagens na internet e transformo-as em 3D por meio do programa PhotoScape [editor de fotos gratuito, disponível em www.photoscape.org]. Depois as imprimo em cores e os alunos podem verificar as diferenças”, afirma Roberta, que insere as imagens também nas provas.
Os estudantes adoraram a novidade nas aulas, de acordo com a professora. “É sensacional, pois eles verificam a figura mais próxima e ela parece ‘saltar’ aos olhos, tornando a atividade mais animada e interativa, além de identificarem com mais clareza seus elementos”, conta Roberta. A educadora também comemora a repercussão entre os professores do próprio CEPC, do estado do Espírito Santo e do país. “Tive um reconhecimento legal da escola. Ficaram alegres pela repercussão nos jornais tanto [de circulação] regional quanto nacional. No meu Facebook, já tenho contato com professores e profissionais da educação de muitos lugares como Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Paraná”, diz a professora, que complementa: “É muito legal saber que professor tem, sim, reconhecimento quando há dedicação à profissão”.
O uso do 3D deve se espalhar para outras aulas do CEPC. Segundo Roberta, professores de outras disciplinas pretendem adotar o recurso ainda em 2014, e a escola prevê a aquisição de televisores 3D “para trabalharmos também com mais interação, além de comprar os óculos em modelo industrializado, pois as imagens ficam perfeitas com eles”, explica a educadora, que pretende ampliar o seu projeto em parceria com uma editora e levá-lo para outras escolas.
Como funciona o 3D
A tecnologia 3D é uma ilusão, uma “peça” que é pregada na mente das pessoas. A imagem em três dimensões é gerada por um efeito chamado estereoscopia: trata-se apenas da projeção de duas imagens da mesma cena, só que de pontos de vista ligeiramente diferentes. O cérebro automaticamente funde as duas imagens e, nesse processo, obtém informações quanto à profundidade, à distância, à posição e ao tamanho dos objetos, gerando uma ilusão de visão em 3D.
No caso do 3D anáglifo, as duas imagens são coloridas com um tom: uma de azul ciano e a outra de vermelho, de modo que as lentes coloridas dos óculos criem o efeito em três dimensões.

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