sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Para pensar “fora da caixa”

Escrito por Roberta Braga
Instigar maneiras criativas de pensar e agir. Esse é um dos resultados do método design thinking para educadores, uma nova abordagem para resolução de problemas e desafios inspirada em conceitos do design. O novo processo chegou ao Brasil em 2013 por meio de uma parceria do Instituto Educa Digital com o Instituto Natura, o qual trouxe uma versão do material desenvolvido pela empresa norte-americana Ideo. Esse conteúdo – que explica passo a passo a aplicação do design thinking – pode ser baixado gratuitamente no endereço www.dtparaeducadores.org.br. “O guia é totalmente customizável, ou seja, se o professor quiser criar, é livre para isso, ele é o autor de todo o processo”, aponta a diretora executiva do Instituto Educa Digital, Priscila Gonsales. Além desse material, as escolas podem buscar oficinas para capacitar seus professores.
O método pode ser uma poderosa ferramenta para quem deseja usar as tecnologias digitais na educação e trazer inovação para o processo de ensino e aprendizagem. “Celulares e outros dispositivos, por fazerem parte do dia a dia dos jovens, estão inseridos em diversas atividades sugeridas durante as fases”, observa Priscila, que acrescenta que o design thinking é também uma forma de tecnologia social, pois permite a troca de experiências entre os educadores, visto que não existe receita pronta quando se fala em uso da tecnologia na educação.
Os passos do design thinking
design thinking pode ser usado por professores em projetos que envolvam a comunidade escolar e também em sala de aula – em diferentes níveis de ensino –, adaptando-se os desafios propostos aos conteúdos curriculares. O objetivo é chegar à resolução de um problema, que pode ser, por exemplo, a aprendizagem de determinado tema. O método sugere cinco passos: descoberta, interpretação, ideação, experimentação e evolução. Mas, observa Priscila, “é o professor quem decide se irá passar ou não por todas as fases e se o processo irá durar um dia ou um ano”. Conheça a seguir as fases sugeridas.
Descoberta: o grupo deve compartilhar suas opiniões sobre o tema para, em seguida, identificar claramente qual será o desafio. Considerar as pessoas, por meio da pesquisa sobre o público envolvido, é uma parte importante do processo. Todo o planejamento deve ser definido, como as formas de pesquisa, o cronograma etc.
Interpretação: envolve a compreensão e a aplicação prática de um tema. O grupo deverá compartilhar suas pesquisas e histórias. Depois, é preciso decifrar o aprendizado dessas experiências para se definirem as percepções do grupo. Relacione essas descobertas ao seu desafio e crie perguntas produtivas do tipo “Como podemos ...?”. 
Ideação: fase do brainstorming (tempestade de ideias, em tradução livre). Todos os participantes devem sugerir diversas ideias para a resolução dos desafios. É importante falar tudo que vem à cabeça, mesmo que não pareça relevante. O grupo deve escolher as ideias mais promissoras e, depois, a melhor sugestão deve ser analisada, listando-se obstáculos e propondo-se novas soluções.
Experimentação: as ideias se tornam protótipos para que fiquem mais claras. Crie pelo menos três versões para sua ideia. Todos devem opinar e dar sugestões para refinar o projeto. Depois, é hora de testar seus protótipos. Para isso, defina um grupo para dar um feedback e considere as sugestões recebidas. A maioria das ideias e dos conceitos requer atualizações constantes.
Evolução: após a criação do projeto, ele ainda precisa ser acompanhado. É uma construção permanente do aprendizado. Defina seus critérios de sucesso para guiar o desenvolvimento e documente o progresso. Compartilhe com públicos externos, promova sua ideia e construa parcerias. 
Resultados
O método permite chegar a resultados diferentes de uma abordagem tradicional, pois tem foco também no processo. “Todas as fases são um grande aprendizado. É importante que o professor perceba o desenvolvimento desses alunos, as maneiras novas que eles aprenderam de pensar e agir”, observa  Priscila. Ela ressalta que a educação ainda é baseada em perguntas e respostas certas e que não se instiga os estudantes a questionarem. “Podemos dizer que o design thinking é uma inversão, um novo modelo mental”.
Para os alunos, esse método é uma forma motivadora de aprendizagem, uma vez que faz todos participarem em busca de um objetivo final. “A base é a colaboração, então é preciso trocar opiniões e chegar a uma ideia única”, afirma. Outro ensinamento é em relação às barreiras e aos erros, que são encarados como parte do processo. “Esse despertar de valores é muito importante e faz o educador repensar essas estruturas rígidas de nota e resultados objetivos. Não considerar que vamos enfrentar erros é utópico. Com isso, o grupo precisará chegar a formas inovadoras de atuação”, ressalta.
http://www.profissaomestre.com.br/index.php/reportagens/ferramentas-digitais/1015-para-pensar-fora-da-caixa

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