Escrito por Roberta Braga
Instigar maneiras criativas de pensar e agir. Esse é um dos resultados do método design thinking para educadores, uma nova abordagem para resolução de problemas e desafios inspirada em conceitos do design. O novo processo chegou ao Brasil em 2013 por meio de uma parceria do Instituto Educa Digital com o Instituto Natura, o qual trouxe uma versão do material desenvolvido pela empresa norte-americana Ideo. Esse conteúdo – que explica passo a passo a aplicação do design thinking – pode ser baixado gratuitamente no endereço www.dtparaeducadores.org.br. “O guia é totalmente customizável, ou seja, se o professor quiser criar, é livre para isso, ele é o autor de todo o processo”, aponta a diretora executiva do Instituto Educa Digital, Priscila Gonsales. Além desse material, as escolas podem buscar oficinas para capacitar seus professores.
O método pode ser uma poderosa ferramenta para quem deseja usar as tecnologias digitais na educação e trazer inovação para o processo de ensino e aprendizagem. “Celulares e outros dispositivos, por fazerem parte do dia a dia dos jovens, estão inseridos em diversas atividades sugeridas durante as fases”, observa Priscila, que acrescenta que o design thinking é também uma forma de tecnologia social, pois permite a troca de experiências entre os educadores, visto que não existe receita pronta quando se fala em uso da tecnologia na educação.
Os passos do design thinking

Descoberta: o grupo deve compartilhar suas opiniões sobre o tema para, em seguida, identificar claramente qual será o desafio. Considerar as pessoas, por meio da pesquisa sobre o público envolvido, é uma parte importante do processo. Todo o planejamento deve ser definido, como as formas de pesquisa, o cronograma etc.
Interpretação: envolve a compreensão e a aplicação prática de um tema. O grupo deverá compartilhar suas pesquisas e histórias. Depois, é preciso decifrar o aprendizado dessas experiências para se definirem as percepções do grupo. Relacione essas descobertas ao seu desafio e crie perguntas produtivas do tipo “Como podemos ...?”.
Ideação: fase do brainstorming (tempestade de ideias, em tradução livre). Todos os participantes devem sugerir diversas ideias para a resolução dos desafios. É importante falar tudo que vem à cabeça, mesmo que não pareça relevante. O grupo deve escolher as ideias mais promissoras e, depois, a melhor sugestão deve ser analisada, listando-se obstáculos e propondo-se novas soluções.
Experimentação: as ideias se tornam protótipos para que fiquem mais claras. Crie pelo menos três versões para sua ideia. Todos devem opinar e dar sugestões para refinar o projeto. Depois, é hora de testar seus protótipos. Para isso, defina um grupo para dar um feedback e considere as sugestões recebidas. A maioria das ideias e dos conceitos requer atualizações constantes.
Evolução: após a criação do projeto, ele ainda precisa ser acompanhado. É uma construção permanente do aprendizado. Defina seus critérios de sucesso para guiar o desenvolvimento e documente o progresso. Compartilhe com públicos externos, promova sua ideia e construa parcerias.
Resultados
O método permite chegar a resultados diferentes de uma abordagem tradicional, pois tem foco também no processo. “Todas as fases são um grande aprendizado. É importante que o professor perceba o desenvolvimento desses alunos, as maneiras novas que eles aprenderam de pensar e agir”, observa Priscila. Ela ressalta que a educação ainda é baseada em perguntas e respostas certas e que não se instiga os estudantes a questionarem. “Podemos dizer que o design thinking é uma inversão, um novo modelo mental”.
Para os alunos, esse método é uma forma motivadora de aprendizagem, uma vez que faz todos participarem em busca de um objetivo final. “A base é a colaboração, então é preciso trocar opiniões e chegar a uma ideia única”, afirma. Outro ensinamento é em relação às barreiras e aos erros, que são encarados como parte do processo. “Esse despertar de valores é muito importante e faz o educador repensar essas estruturas rígidas de nota e resultados objetivos. Não considerar que vamos enfrentar erros é utópico. Com isso, o grupo precisará chegar a formas inovadoras de atuação”, ressalta.
http://www.profissaomestre.com.br/index.php/reportagens/ferramentas-digitais/1015-para-pensar-fora-da-caixa
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