quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Com salários cortados, professores pedem alimentos nas ruas

Em greve, há profissionais que receberam R$ 30,00 do prefeito Juarez Costa


LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
A presidente do Sintep, Sidnei Cardoso,
e o prefeito Juarez Gomes: crise na educação
Professores e profissionais da rede de Educação de Sinop (500 km ao Norte de Cuiabá) estão pedindo alimentos nas ruas, desde sexta-feira (1). A situação começou após eles terem os salários cortados, em até 11 dias, pelo prefeito Juarez Costa (PMDB).

As informações são da presidente da subsede do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), Sidinei Cardoso.
"Fizemos apelo nas ruas e nas redes sociais, pois não temos sobreviver até o final do mês com esse corte no salário. Temos servidor que recebeu R$ 30"

Segundo ela, 80% dos 1,4 mil profissionais do setor estão em greve em Sinop desde o dia 21 de julho. A rede atende a aproximadamente 14 mil alunos.

Na última quarta-feira (30), quando os salários foram depositados, alguns trabalhadores descobriram que receberam menos de R$ 100.

"Fizemos apelo nas ruas e nas redes sociais, pois não temos como sobreviver até o final do mês com esse corte no salário. Tem servidor que recebeu R$ 30”, disse a sindicalista.

O corte de ponto dos trabalhadores, segundo ela, seria uma postura “arbitrária” do prefeito, uma vez que a greve não foi declarada ilegal pela Justiça.

“A Secretaria de Educação e a Prefeitura nos fecharam as portas e cortaram o ponto de forma arbitrária sem nem fazer uma proposta para a categoria. A população está do nosso lado e apesar das ameaças a greve continua", afirmou a presidente.

Diante do corte salarial, os trabalhadores passaram a realizar manifestações diárias em frente à Secretaria Municipal de Educação desde quinta-feira (31). O órgão, porém, fechou para o atendimento ao público e ainda não retornou às atividades.

Segundo o diretor da regional Norte do Sintep-MT, Valdeir Pereira, nenhuma negociação teve início com a Prefeitura de Sinop e os profissionais do setor – principalmente aqueles que saíram da zona rural para acampar na cidade e participar do movimento grevista – estão passando por dificuldades financeiras.

“Por isso passamos a nos organizar para garantir a alimentação do pessoal que está participando do acampamento, fazendo cotas e contando com doações. A população tem compreendido e nos ajudado”, afirmou.

É o caso da técnica de desenvolvimento infantil Rosimeire Ribeiro, que tem um salário de R$ 1,5 mil, mas, com os descontos feitos na folha e o corte de ponto, disse ter recebido apenas R$ 312.

"Estou vindo ao acampamento para almoçar todos os dias com a minha filha. Mas tenho colegas que trabalham no apoio, por exemplo, que receberam ainda menos do que eu", disse.


Divulgação
Educadores estão realizando manifestações diárias no Município
Reivindicações

A categoria reivindica melhores condições de trabalho, readequação da jornada de trabalho de 40 horas para 30 horas semanais e equiparação salarial com a rede estadual de ensino.

Por meio de assessoria, o Sintep-MT informa que o salário base dos professores da rede municipal é de R$ 1.697 para uma jornada de 40 horas semanais.

Eles comparam a remuneração com o salário recebido pelos educadores da rede estadual, que é de R$ 1.747 para o cumprimento de uma carga horária semanal de 30 horas.

As condições das escolas, segundo o sindicato, também é precária.

Outro lado


Em nota enviada por meio de sua assessoria de Comunicação, a Prefeitura de Sinop informou que não tem capacidade financeira para atender às reivindicações da categoria e que o "corte de ponto" é um ato administrativo legal, sendo que os servidores grevistas deverão receber o referido desconto quando da reposição de aulas.

A Prefeitura negou, ainda, que existam trabalhadores tenham recebido menos de R$ 100 no dia de pagamento, conforme denunciado pelo Sintep-MT.

"O menor salário da pasta da Educação é de R$878,44, para 30 horas/semanais para o pessoal de apoio (merenda/limpeza)", diz trecho da nota.

O Município alega ter ingressado, na Justiça, com ação de "ilegalidade da greve" e aguarda deferimento

A pasta enviou, ainda, uma tabela de impacto financeiro elaborado pelas secretarias de Finanças e Administração a partir das reivindicações dos profissionais da educação, que resultou na greve do setor.


"As secretarias de Finanças e Administração divulgaram a tabela de impacto (aumento) financeiro elaborado a partir das duas reivindicações dos profissionais da educação e que culminou em greve do setor. As duas reivindicações são redução da jornada de trabalho de 40 horas para 30 horas semanais para todos os profissionais da educação e equiparação salarial dos professores do estado.

As tabelas mostram uma elevação de 4 milhões e 200 mil em 2014, 10 milhões e 300 mil em 2015, 15 milhões e 500 mil em 2016, 19 milhões e 700 mil em 2017 em 2017 e culminando em 24 milhões e 400 mil em 2018.

Os valores mostram que a Prefeitura de Sinop não dispõe, nem hoje e nem futuramente, de recursos para atender aos pedidos do Sintep. Bem como estudos mostram que a receita do município não tem como acompanhar esta despesa. Esta posição foi informada aos profissionais da educação noutras oportunidades, inclusive documentalmente. Mesmo assim o Sintep mantém a greve.

Nesta semana a prefeitura entrou com ação de “ilegalidade da greve” junto ao tribunal de justiça e aguarda deferimento".

http://www.midianews.com.br/conteudo.php?sid=3&cid=205797

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Declaração para um novo ano

20 para 21  Certamente tivemos que fazer muitas mudanças naquilo que planejamos em 2019. Iniciamos 2020 e uma pandemia nos assolou, fazendo-...