Ubiratã Gomes Awá M´Baretédjú, de 37 anos, nasceu e foi criado na aldeia Bananal, em meio à Mata Atlântica e a cerca de 15 quilômetros do Centro de Peruíbe. A aldeia, uma das mais antigas da região, com cerca de 300 anos de existência, abriga aproximadamente 13 famílias. Os índios coletam frutos, produzem sucos para consumo próprio, fazem o reflorestamento por meio de sementes e preparam mudas para o comércio. Na aldeia, as tradições indígenas dos tupis-guaranis também permanecem intocáveis. Apesar de já terem acesso à internet, à energia elétrica e outras tecnologias, perpetuam características de seus antepassados. Vivem da caça, da pesca, da confecção e venda de artesanato e de apresentações culturais.
A educação é a base para que as crianças indígenas e as próximas gerações possam eternizar os costumes e crenças de seu povo. “Na realidade, a educação indígena é aquela que nós aprendemos com os nossos antepassados, mas a educação escolar indígena é aquela que temos dentro das escolas”, fala o cacique. Por isso, as escolas indígenas foram montadas dentro das aldeias da Baixada Santista. Segundo o cacique, elas estão distribuídas nas cidades de São Vicente,Praia Grande, Mongaguá e Peruíbe.
O ensino é diferenciado porque une as tradições indígenas com as disciplinas convencionais, encontradas em qualquer escola dos centros urbanos. “Antes, a educação era voltada à integração nacional e falava-se que o indígena não fazia parte da sociedade. Não podíamos fazer manifestações culturais, tirar dúvidas nas escolas. A própria educação era administrada pela Fundação Nacional do Índio (Funai) na década de 1980. Em 1996, com algumas leis, o cuidado em relação às escolas indígenas passou para o Ministério da Educação (MEC). Essa lei nos beneficiou muito”, diz ele. Com as escolas indígenas, eles também têm mais autonomia para criar projetos político-pedagógicos, materiais didáticos e dinâmicas em grupo. Nas escolas, há desde o ensino infantil até nono ano. “Eu tenho aluno que, com quatro anos, já está lendo. As nossas escolas indígenas teriam que ser mais divulgadas”, explica.
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