Na Amorim, alunos escolhem o que querem aprender a partir de um roteiro de estudo |
Considerada como um modelo de gestão da educação no Brasil, a escola municipal Desembargador Amorim Lima, localizada na zona oeste de São Paulo, vem apresentando resultados ruins nos principais índices oficiais que ajudam a medir o nível de apropriação de conhecimento pelos alunos. A situação levou à prefeitura de São Paulo a repensar agora o formato experimental adotado pela unidade de ensino fundamental desde 2003.
A postura do governo pode ser vista pela comunidade escolar como o duro golpe à lógica pedagógica seguida pela unidade, baseada no ideário das escolas democráticas. Na Amorim Lima, não há provas, os professores não seguem o currículo oficial e os alunos têm a autonomia de decidir os assuntos que vão estudar.
Uma das principais medidas que a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SME) vai propor é o retorno de avaliações aos estudantes da unidade. A previsão é que a escola passe a fazer avaliações bimestrais para ser melhor monitorada pela prefeitura, como já ocorre nas demais escolas municipais. Desde que conseguiu apoio e autorização da prefeitura para adotar um regime diferente das outras unidades da rede, há 11 anos, os estudantes da Amorim Lima não fazem provas. Eles são avaliados por professores a partir da participação em atividades e realização de projetos durante as aulas.
Mesmo com tais inovações, que contam ainda com salas sem paredes e integração de estudantes de séries diferentes em um mesmo salão, apenas 30% dos mais de 100 alunos do 5º ano conseguiram aprender o que é considerado como adequado em leitura e interpretação de textos. O porcentual é inferior à média das escolas da rede municipal de ensino da cidade de São Paulo, do Estado e até do Brasil. Em matemática, só 15% dos alunos do 9º ano aprenderam o adequado. O ideal era que ambos os índices alcançassem pelo menos 70%.
"Agora chegou o momento da cobrança mais efetiva. Exigiremos da escola uma prestação de contas mais quantificada [sobre o desempenho dos alunos]. Vamos cobrar da Amorim Lima uma melhoria nos índices. Não é possível, que o garoto que estuda numa escola como ela, não saiba fazer uma conta ou que tenha um desempenho tão básico", afirma Fernando Almeida, diretor de Orientação Técnica (DOT) da SME.
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