Telhas tinham como molde as coxas dos escravos, que iam amassando o barro sobre suas pernas até que ganhassem forma
NELSON SEVERINO
NELSON SEVERINO
As telhas de coxas, que foram a primeira cobertura da quase bicentenária Igreja Nossa Senhora do Bom Despacho, o imponente templo que se transformou no mais belo cartão de visita da capital mato-grossense e conhecido pelo mundo afora como a Notre Dame de Cuiabá por causa da arquitetura semelhante à da catedral do mesmo nome de Paris, estão deixando de fazer parte do cenário e da história da cidade.
O estranho nome tem uma explicação: as telhas tinham como molde as coxas dos escravos, que iam amassando o barro sobre os fêmures das suas pernas até que ganhassem forma desse objeto. Quando o barro começava a secar, as telhas, já com o formato definido e sem riscos de rachaduras, eram cuidadosamente retiradas das coxas dos escravos e guardadas até que pudessem ser utilizadas como cobertura.
Historiador da Cúria Metropolitana de Cuiabá, onde desempenha inúmeras outras funções, o padre Felisberto Samoel da Cruz, o primeiro sacerdote tchapa e cruz a exercer seu apostolado na Arquidiocese, lembra que no período colonial geralmente as igrejas usavam as telhas de coxas em seus tetos.
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