Comunidades constroem seus computadores e aprendem como a internet pode ajudá-las a encontrar soluções para seus problemas
Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
Nigéria está situada na África Ocidental, e a cidade de Suleja fica no centro do país onde 46% das pessoas vivem abaixo da linha da pobreza. Geograficamente, a cidade está lá, mas, mesmo assim, parte da população se sente fora do mapa. Ainda que, segundo informações da União Internacional de Telecomunicações, a porcentagem de indivíduos que usam a internet tenha chegado a 32,88% no país em 2012 - índice relativamente alto no continente africano - muitos seguem distantes desse mundo.
Foi nesse contexto que nasceu o Projects For All (Projetos para Todos, em tradução livre). “Em vez de jogar soluções para as comunidades, nós acreditamos que é mais sábio perguntar a eles do que precisam, quais acreditam ser seus problemas e como gostariam de resolvê-los”, explica Katrin Macmillan, fundadora da organização, que abriga diversos projetos que visam ao empoderamento, com base na tecnologia e na educaç&atildd;o.
A britânica participou no começo de março do SXSW, festival de música, filmes e conferências interativas que acontece anualmente em Austin, nos Estados Unidos. Foi o lançamento oficial do Projeto Hello World, iniciativa que busca levar acesso à internet e educação digital a comunidades africanas. Os Hello Hubs são estações conectadas à internet que funcionam com energia solar. Os computadores executam softwares educacionais e estão equipados com câmeras, além de ter habilidade para rodar estações de rádio das comunidades. “É nosso projeto mais ambicioso, que tem o potencial de afetar mais vidas. Ele é realmente multiplicador e contempla nossos princípios de um modo prático e respeitoso”, diz Katrin.
Os primeiros Hello Hubs foram instalados justamente em Suleja, onde se espera que atendam a mais de 2 mil crianças e adultos nos próximos cinco anos. Na cidade, parte da África subsariana, região onde 134 milhões de jovens nunca foram à escola, já não é incomum ver os pequenos brincando em programas de ciência e matemática, dividindo a tela de um computador com outros tantos. A ideia é que as comunidades participem de todo o processo de instalação e sejam capacitadas para gerir sozinhas o uso das estações. “A possibilidade de contar sua história para o mundo através dos Hello Hubs e assim ter uma ‘certidão de nascimento digital’ e poder compartilhar histórias fazendo sua comunidade visível e parte da conversação global, isso é significativo”, avalia Katrin.
O primeiro contato da britânica com a África começou cedo: quando criança, viveu no continente com o pai, sul-africano. Mudou-se para a Nigéria para trabalhar - queria saber como o setor privado poderia influenciar o desenvolvimento em um país que abriga um quarto da pobreza extrema do continente. Ficou no país por três anos e, depois, foi para a Etiópia. Morou nos Estados Unidos e, hoje, está de volta ao Reino Unido. Ela fundou o Projects for All em 2013, para reunir e formalizar os muitos projetos que desenvolvia. A organização não tem fins lucrativos e funciona exclusivamente com doações. Mais informações estão disponíveis no site do projeto, no YouTube e na página no Facebook.
Clique no link abaixo para acessar a entrevista com Katrin Macmillan:
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