sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

O movimento estudantil não acordou em junho, dizem pesquisadores

Bruna Souza Cruz
Do UOL, em São Paulo


Mesmo tendo registrado participação significativa de estudantes durante a onda de protestos iniciadas em junho deste ano, é difícil falar em renascimento do movimento estudantil brasileiro. O "gigante", ao menos na sua faceta estudantil, não acordou segundo especialistas ouvidos pelo UOL. A frase "o gigante acordou" foi bastante utilizada na época em referência ao despertar da consciência crítica dos brasileiros.
Para o mestre em história pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Célio Ricardo Tasinafo, não houve um despertar de consciência crítica porque as reivindicações ficaram lá no período das maiores manifestações e não tiveram continuidade ou outros desdobramentos concretos.
"Não estou desmerecendo a revogação do aumento da passagem [uma das pautas levantadas pelos manifestantes], mas depois de junho tivemos casos muito mais graves na política e não vimos grandes mobilizações", exemplifica Tasinafo se referindo ao julgamento  do mensalão e à prisão do parlamentar Natan Donadon.
"O gigante acordou, mas as propostas depois de junho se tornaram tão amplas que acabaram se perdendo. Melhoria geral no ensino, ser contra corrupção, exigir hospitais no padrão Fifa são demandas vagas", acrescenta Tasinafo. "A gente precisa ter projetos concretos de financiamento do ensino superior além do Fies, projetos que abordem a qualidade do ensino superior, que reforce que só o aumento de vagas e a garantia de bolsas não são suficientes."
Para o o  professor Renato Cancian, doutor em ciências sociais pela UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), as manifestações que tomaram o país entre junho e agosto não podem sequer ser consideradas "estudantis". "Embora os protestos de junho tenham sido protagonizados por jovens, essa categoria social saiu às ruas em sua condição de cidadãos, conscientes de seus direitos de cidadania", argumenta.

Representações estudantis

  • Luciano Freire/Futura Press
    Estudantes protestaram na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF), em junho de 2013
"O movimento estudantil é um movimento social protagonizado por jovens, na condição de estudantes, que se organizam a partir das organizações estudantis representativas, como DCEs (Diretórios Centrais Estudantis), UEEs (União Estadual dos Estudantes), UNE (União Nacional dos Estudantes), entre outros", define o professor Renato Cancian.
Um dos períodos mais simbólicos para os movimentos estudantis foi o de combate ao regime militar, segundo o historiador Tasinafo. 
"O ano de 1968 foi bem representativo. No período, a UNE ganhou bastante destaque, mesmo enquanto agia na clandestinidade. Foi a mobilização popular mais simbólica e persistente que contou com grande ajuda dos estudantes. O problema foi que após o período a UNE foi perdendo força. Pra muitos, a UNE é lembrada hoje apenas como 'aquela' da carteirinha dos estudantes", lembra.
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http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/12/20/o-movimento-estudantil-nao-renasceu-em-junho-dizem-pesquisadores.htm

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