quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Entre os graduados, professor é o profissional mais mal pago

Paulo Saldaña e Rodrigo Burgarelli, do Estadão

SÃO PAULO - Os dados da Rais revelam uma situação problemática no campo da educação. De todas as profissões que exigem formação universitária, são os professores os que recebem os menores salários em São Paulo.
Quando consideradas apenas as ocupações com mais de 20 mil registros profissionais, o menor salário de nível superior é o dos professores de ensino fundamental – 53 mil pessoas que exerciam esse ofício em 2012 receberam, em média, R$ 2,2 mil mensais. É menos do que ganham os supervisores de telemarketing (R$ 2,6 mil), agentes penitenciários (R$ 3.3 mil) e ferramenteiros (R$ 3,4 mil).
O cenário é ainda pior quando se analisa quem ensina certas disciplinas específicas. Um professor de matemática aplicada no ensino superior, por exemplo, ganhava em média R$ 1,8 mil no ano passado por mês. Quem dava aulas na educação infantil com um diploma universitário recebia R$ 1,7 mil. E um professor de filosofia no ensino médio ganhava apenas R$ 1,5 mil mensais.
Valorização do professor? Estudos já mostraram que o salário médio dos professores no País são 40% menores do que os profissionais com a mesma titulação de ensino superior. Com base nos dados da Rais em São Paulo, é possível perceber que um professor de ensino fundamental recebe 71% menos do um engenheiro civil, no topo da lista.
Especialistas em educação apontam que qualquer melhora da educação passa pela rediscussão da carreira do professor. Uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE) é valorizar os profissionais do magistério das redes públicas da Educação Básica, a fim de equiparar o rendimento médio dos demais profissionais com escolaridade equivalente.
"É uma vergonha que o Estado mais rico do País apareça com esse índice salarial", diz o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em educação (CNTE), Roberto Leão. Ele lembra que já há uma grande dificuldade de atrair gente para virar professor. "É uma profissão que não atrai ninguém e hoje o problema atinge todas as áreas e disciplinas", diz ele.

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