segunda-feira, 8 de julho de 2013

Para educadora, testes não podem ser mais importantes que o currículo

Em 2009, quando a educadora norte-americana Diane Ravitch terminou de escrever o livro The death of the great American school system, seu agente enviou o manuscrito a todas as editoras grandes daquele país. Quinze delas o recusaram. Como justificativa, afirmaram que não havia público para o assunto tratado por ela. Hoje, o livro é considerado um best-seller pelo jornal The New York Times. Não por acaso: na década de 90, Diane Ravitch apoiou e ajudou a promover as políticas que envolvem testes padronizados e bonificação por desempenho. Hoje, ela defende exatamente o contrário. 
(...)
Desde a publicação de seu livro, a senhora encontrou novos motivos para rejeitar o modelo de accountability e testes padronizados? 
Sim, encontrei mais exemplos de fraudes em testes municipais, estaduais e em escolas. E mais exemplos de como as pessoas tentam driblar o sistema. Por exemplo, em junho de 2010, o Departamento de Educação de Nova York revelou que os resultados dos exames estaduais foram inflacionados. Então, eles reconfiguraram os números e identificaram uma queda dramática no percentual de alunos que passaram nas provas. Os tão alegados "ganhos históricos" da cidade de Nova York desapareceram, já que os resultados 
caíram para o patamar em que estiveram em 2002. Apesar do investimento de centenas de bilhões de dólares em testes e materiais, os avanços na última década do programa No Child Left Behind foram pequenos - e certamente não fazem jus a todo o dinheiro investido ou o tempo que poderia ter sido gasto com estudos. O outro efeito negativo do movimento pela responsabilização é que políticos e elaboradores de políticas públicas passaram a culpar as escolas e os professores se os resultados não sobem e se eles não alcançam o patamar de 100%. Mais professores serão demitidos com base nas provas e mais escolas fechadas e substituídas por escolas geridas por instituições privadas. O sistema de accountability expandiu uma demanda por punição, e o alvo são os docentes, seus sindicatos, seu tempo de serviço e direito de estabilidade no emprego e as escolas públicas. 

Quais os principais problemas dos exames padronizados? 
Um é que testam apenas habilidades e não conhecimento. Outro é que não exigem a capacidade de pensar, mas sim de pensar para o teste. O maior problema é que, atualmente, são mais importantes que o currículo e acabaram se tornando um fim em si mesmos. Muitas crianças passam nas provas, mas ainda não sabem ler ou fazer exercícios de matemática com competência. 

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http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/168/a-favor-do-diagnostico-234923-1.asp

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