Ufa! Enfim, temos um levante que pode nos alentar para um futuro diferente da pasmaceira que se afigurava até há poucos dias. Hoje uma jovem de pouco mais de vinte e cinco anos me disse que pretende participar da manifestação marcada para esse dia 20 de junho em Cuiabá. Perguntei-a se já havia participado de alguma manifestação. A resposta foi negativa. É isso. Esses jovens são herdeiros de uma luta de seus pais, mas, de fato, foram impedidos de lutar no auge de sua adolescência e início de sua fase adulta. Sim, eles foram acreditando que o país estava sendo bem governado, que a fome estava sendo eliminada, e, mais recente, que não mais existem miseráveis em nosso Brasil. No entanto, essa cortina de bonança é apenas uma cortina, frágil como são as ações que tentam iludir uma sociedade. Um dia a cortina já não impede ver ou enxergar. E vê-se e enxerga-se algo que de tanto ficar oculto, muito estranho ficou, e quando visto nos dá o direito de superdimensioná-lo. Assim está ocorrendo agora: o monstro adormecido aos nossos olhos está de um tamanho que só a força de muitos para vencê-lo. Que monstro é esse? Está na hora de cada um colocar para fora aquele que lhe atormenta. Pode ser a inflação que veio com força e atinge a todos, com todas as suas consequências; pode ser o emprego, mas mal remunerado, ou mesmo a falta dele; pode ser o acesso a escola, mas com baixa qualidade; pode ser a ambulância, mas sem o hospital e digno atendimento; pode ser o julgamento do mensalão que parece não se concretizar com as condenações aos larápios; pode ser a constante de eleições que elegem gestores que fazem de conta que se assustam com o que encontram e se apegam ao passado para não deixar transparecer sua incompetência no presente; pode ser o discurso de moralização por quem é beneficiário da impunidade; enfim, pode ser muitos e muitos e outros ainda silenciados. Agora, bem, agora não dá mais para segurar. É preciso fugir do jogo de palavras de medo x esperança, de pobre contra rico, de patrão x empregado, de branco contra negro, de hetero x homo, de católico x evangélico. Agora é um momento em que se requer uma limpeza de base, com a profundidade necessária para expelir marcas que podem impedir a visão de futuro, que pode comprometer gerações.
Que bom, juventude. É isso, vão às ruas, levem seus cartazes, apresentem suas indignações, assumam o presente que estavam lhes tomando.
É isso, meu filho, que já lutou pelo seu direito na universidade. Também lutei para que você tivesse um futuro melhor. Agora, lhe peço para lutar para assegurar meu futuro como idoso. É assim que se faz juventude, não perca a oportunidade de se manifestar e expressar sua capacidade de conduzir o país para a harmonia, verdade, transparência, respeito, enfim, democracia.
Vão, jovens. Ocupem os vãos. Por favor, não abandone a luta em vão.
Beijos
Gilberto
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