O plenário do Senado Federal aprovou nesta quarta-feira, 8, por 43
votos a favor, 13 contra e nenhuma abstenção, a Medida Provisória nº
746, de 22 de setembro de 2016, que reformula o ensino médio no país. A
matéria segue, agora, para sanção do presidente da República, Michel
Temer.
Presente à sessão de votação, o ministro da Educação, Mendonça Filho,
comemorou o resultado. "O novo ensino médio é a maior e mais importante
mudança na educação brasileira dos últimos 20 anos. É uma vitória da
juventude brasileira, que vai ter liberdade para escolher seus
itinerários formativos com mais oportunidades, como a formação
profissional", afirmou o ministro.
Entre as principais alterações estão a flexibilização curricular, a
ampliação da carga horária e a formação técnica dentro da grade do
ensino médio. O texto também prevê uma política de indução do escola em
tempo integral.
O próximo passo é a publicação da Base Nacional Comum Curricular
(BNCC), que está sendo elaborada por um comitê presidido pela secretária
executiva do MEC, Maria Helena Guimarães de Castro. A Base definirá as
competências e objetivos de aprendizagem nas quatro áreas do
conhecimento: linguagens e suas tecnologias, matemática e suas
tecnologias, ciências da natureza e suas tecnologias, e ciências humanas
e sociais aplicadas.
Ampliação – A carga horária do ensino médio subirá
de 800 para 1.400 horas. As escolas farão a ampliação de forma gradual,
mas nos primeiros cinco anos já devem oferecer 1.000 horas de aula
anuais.
A
BNCC, que é obrigatória a todas as escolas, deverá ocupar o máximo de
60% da carga horária total do ensino médio, sendo o tempo restante
preenchido por disciplinas de interesse do aluno, que poderá eleger
prioridades de acordo com a área de formação desejada em uma das cinco
áreas de interesse: linguagens, matemática, ciências da natureza,
ciências humanas e formação técnica e profissional.
Técnico – Atualmente, o estudante que almeja uma
formação técnica de nível médio precisa cursar 2.400 horas do ensino
médio regular e mais 1.200 horas do técnico. Com a mudança, o jovem
poderá optar por uma formação técnica profissional dentro da carga
horária do ensino médio regular e, ao final dos três anos, ser
certificado tanto no ensino médio como no curso técnico. Cada estado e o
Distrito Federal organizarão seus currículos a partir da BNCC e das
demandas dos jovens, que terão melhores chances de fazer suas escolhas e
construir seus projetos de vida.
Disciplinas – Além dos componentes curriculares
previstos na BNCC, o novo ensino médio prevê a obrigatoriedade das
disciplinas de língua portuguesa e de matemática ao longo dos três anos.
Além disso, a língua inglesa, que não era obrigatória segundo a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (LDB), passará a ser a partir do sexto
ano do ensino fundamental. Porém, no ensino médio, as redes poderão
oferecer outras línguas estrangeiras, com prioridade para o espanhol.
Prazos – A partir da publicação da BNCC, os sistemas
de ensino terão o ano letivo seguinte para estabelecer o cronograma de
implantação das principais alterações na Lei e iniciar o processo de
implementação a partir do segundo ano letivo. O texto aprovado permite,
ainda, que as redes autorizem profissionais com notório saber para
ministrar aulas exclusivamente em disciplinas dos cursos técnicos e
profissionalizantes.
Motivação — Atualmente, mais de 1 milhão de jovens
de 17 anos que deveriam estar no terceiro ano do ensino médio estão fora
da escola. Outros 1,7 milhão de jovens não estudam nem trabalham. O
resultado mais recente do índice de desenvolvimento da educação básica
(Ideb) também mostra a defasagem do formato atual do ensino médio
brasileiro. O último levantamento realizado mostrou que o país está
estagnado.
Em 2015, o ensino médio não alcançou a meta estipulada, de 4,3 pontos
no Ideb. O indicador se mantém estável desde 2011, na casa dos 3,7.
Além disso, as taxas de abandono na escola são elevadas e o desempenho
dos estudantes está cada vez mais em declínio.
Os dados apresentados pelo Programa Internacional de Avaliação de
Estudantes (Pisa), divulgado em dezembro do ano passado, mostraram que o
Brasil está estacionado há dez anos entre os países com pior
desempenho. O levantamento mediu o conhecimento dos estudantes de 72
países em leitura, ciências e matemática. Nas três áreas, a média dos
estudantes brasileiros ficou abaixo da obtida pelos demais países.
Em matemática, o país apresentou a primeira queda desde 2003, início
da série histórica da avaliação, e constatou que sete em cada dez alunos
brasileiros com idade entre 15 e 16 anos estão abaixo do nível básico
de conhecimento. O objetivo do Ministério da Educação, com as mudanças
no ensino médio, é flexibilizar o currículo atual, excessivamente
acadêmico e desconectado da realidade do mercado de trabalho, melhorar a
gestão e valorizar a formação de professores.
Assessoria de Comunicação Social
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